Capítulo 7

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Lorenzzo

Eu iria para Barretos ver a Isabella, a avó dela me disse que o tratamento era excelente e que ela estava reagindo bem às quimioterapias, inclusive, me contou que a pequena perguntava por mim todos os dias. A única coisa que vinha a deixando bem triste era o fato de seus cabelos terem começado a cair.

Antes de viajar eu precisava urgentemente desabafar com alguém e escolhi meu melhor amigo para isso, fui até a sua casa bem cedo e acabei acordado tanto ele como a Anne.

— Cara... O que você faz a essa hora na minha porta? Eu estava dormindo ainda. Aconteceu algo com Ana Flávia? —perguntou ele, sabendo que eu estava de olho nela. Desde da partida de Michel, ela não tinha o mesmo brilho no olhar, por isso todos estavam com medo de que ela fizesse alguma besteira.

Eu confiava nela, sabia que a Ana não chegaria a esse ponto, mas eles achavam que toda precaução era pouca, afinal, os hormônios da gravidez, misturados a tanta tristeza, poderiam resultar em algo ruim.

—Fica tranquilo, Dante, sua irmã deve estar dormindo, meu assunto é com você mesmo —Suspirei, pronto para falar logo de uma vez.

Meu amigo me convidou para entrar e a Anne voltou para o quarto.

—Estou escutando.—Dante sentou-se no sofá.

— Anos atrás eu encontrei a Karina e ela estava grávida, eu perguntei a ela se tinha possibilidade desse filho ser meu, ela me garantiu que não. Só que eu fiz as contas e tinha possibilidade sim.—Olhei para cima tentando conter minha emoção.— Quando sai de lá, deixando ela para trás, eu senti um grande aperto no meu coração, mas naquela época eu não queria ser pai, estava num momento de curtição com os caras que eu nem quis que aquela criança fosse minha, deixei esse assunto para lá... Um tempo depois eu descobri que a Karina havia abandonado a bebê e deixado com sua mãe, desde daquele dia eu venho ajudando ela financeiramente.

—Então você desconfiava?—Dante cruzou os braços contra o peito. Ele parecia sério.

— Eu fiz isso porque sentia culpa, algo em mim me faz sentir

que essa criança é minha filha, e agora eu quero ter a certeza disso...

Se eu realmente for seu pai quero legalizar tudo, principalmente nesse momento tão delicado pelo qual ela está passando...A Isabella foi diagnosticada com leucemia.

— Por que você não me contou isso antes? Você é louco? Passando essa barra sozinho! Você não pode esquecer que você não é um super-herói não, larga um pouco a capa, não tenta abraçar o mundo, você tem que ter forças para poder ajudar a menina, sendo ou não a sua filha.—Dante se levantou e me puxou para um abraço.—Fique em paz e faça o que for preciso, pode deixar que dá Ana Flávia eu cuido.

Sua amizade era mesmo muito especial e seu apoio foi fundamental para me dar toda força que eu precisava.

— Obrigada, meu amigo e, por favor, não conte nada a Flavinha, ela já tem problemas demais para superar.

— Pode deixar!

Despedimo-nos rapidamente, eu começaria pelo teste de DNA, apesar de sentir no fundo do meu coração que ela era mesmo minha filha.

Ao chegar ao hospital de Barretos, nem esperei, peguei o ursinho que eu tinha comprado para ela e um cartão onde eu tinha escrito uma frase clichê, mas que eu sabia que a faria sorrir.

Identifiquei-me na recepção e logo me deixaram vê-la.

Assim que ela notou minha chegada, seu sorriso se escancarou, fazendo com que todos os meus medos desaparecessem.

Uma escolha do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora