Cap 1

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Fernanda

Hoje é um dos piores dias do meu ano, o dia que eu nunca imaginei que fosse acontecer, minha volta pro Brasil. Contra a minha vontade.

Não é como se eu tivesse algo contra o meu próprio país, mas o fato de ter que largar tudo aqui em Londres, meus amigos, meus estudos, minhas coisas e ainda ficar longe do meu pai. Isso me assusta.

- Filha, a gente vai se atrasar!-meu pai fala, me apressando.

- Já tô descendo, pai.-acabo de fechar a mala e desço pra esperar por ele, que logo aparece para saírmos rumo ao aeroporto.

*

Não gosto de aeroportos, são deprimentes. Só fazem a gente pensar em despedidas, e vamo combinar que ninguém gosta de ficar longe de quem a gente ama.

Eu sabia que me despedir do meu pai seria difícil. Ele dedicou oito anos da sua vida a mim. Trabalhava perto pra não me deixar sozinha por muito tempo depois da escola, sempre que podia cozinhava pra mim, e tentava me colocar pra cima o tempo inteiro. Eu serei eternamente grata por isso, e agora que eu vou ter que ficar longe dele, apenas trocar mensagens, ligações, nada vai ser como antes, mas eu tenho certeza de que ele sempre vai ser o homem da minha vida.

Escuto meu voo ser chamado, me fazendo sair do meu transe, olho pro meu pai, que já estava chorando, e o abraço.

- Vou sentir muito a sua falta, pai.-falo já sentindo meus olhos encherem.

- Eu também, minha filha.-fala me soltando e me olhando- Te amo muito, minha pequena.

- Também te amo, paizinho.-dou um beijo no mesmo e ando em direção a sala de embarque.

- Me avisa assim que chegar.-gritou. Então eu fui embora, sem olhar pra trás pra não me sentir ainda pior.

*

Meu voo de Londres até São Paulo durou cerca de 12 horas e eu reconheci de longe a minha mãe, a mesma que eu não via há tanto tempo, e que sempre me ligava pra dizer que sentia saudade e aparecia em datas comemorativas. Eu não a culpo por não ser tão presente, ela "perdeu" dois filhos de um só vez, e fui eu que escolhi ficar com o meu pai e não com ela.

Então eu só corri pra abraça-la.

- Que saudade, mãe.-falei a apertando.

- Nem me fala, filha.-diz, me olhando- Como você cresceu desde a última vez.-pude perceber que ela segurava o choro.

- Você tá cada vez mais linda.-sorri pra ela.

Percebo que um homem e um garoto, extremamente gato, com os olhos claros, cabelo castanho escuro e corpo meio musculoso, nós observavam.

- Filha, esse é o Heitor. O meu noivo.-minha mãe fala e o homem, que aparentava ter uns 55 anos, veio até nós.

- Prazer.-fala o homem de cabelos grisalhos sorrindo e me abraçando- Você se parece ainda mais com a sua mãe pessoalmente.

- O prazer é todo meu.-retribuo o sorriso e o abraço.

- Brian, meu filho, seja educado e se apresente.-ele diz chamando o garoto que nós observava calado com um sorriso de canto nós lábios.

~

O Filho Do Meu PadrastoOnde histórias criam vida. Descubra agora