Acordo todo dia às 5:30 da manhã, moro longe pra caralho da escola e o ensino médio é foda. Foda do tipo uma merda mesmo. Mas as vezes encontramos pessoas que fazem valer a pena. Era o caso da Marina, quer dizer, quando a Marina era o motivo de eu dormir e acordar sorrindo. Mas ela nunca deu nenhum sinal de estar afim de mim, e eu não sou nenhum trouxa.
Claro que meu "amor" pela Alice não é exatamente real, eu sei que ela é uma idiota comigo, mas aquela garota é uma boa forma de mascarar tudo o que sinto pela Marina.
Me olho no espelho do banheiro. "Ai Filipe, você é um idiota." Rio de desespero e entro no banho. A festa de hoje é uma das especialidades da escola, apenas para os alunos que tem notas acima de 80% no bimestre. Eu nunca perdi uma. Nem Marina. Ela sempre foi excepcional na escola, e isso meio que me contagiou. Nunca fui muito fã de lá, mas ela ensina tão bem que eu me pego aprendendo sem perceber.
Saio do banheiro e visto uma camisa polo e calça jeans. Vou ao guarda roupas e encaro minha coleção de sapatos, sem realmente prestar atenção no que estou fazendo. Pensando, pensando, pensando. Coloco um relógio e saio com o meu carro, um celta não muito usado, só o suficiente para ter um preço acessível para comprar juntando uns trocados do meu bico de garçom.
Chego na casa de Marina e bato no volante. Ela sai ao som da minha buzina como se estivesse no portão só esperando. Puta que pariu ela está com um vestido colado preto, um salto não muito alto que eu sei que no fim da festa vai estar nas minhas mãos, os cabelos rosa soltos com cachos e o colar de conchas que eu dei pra ela há 3 anos, quando ela fez 15.
- Oi - ela diz ao entrar no carro.
- Oi, demorou quantas horas pra se arrumar, hein?
- Mais do que você pensa, menos do que eu realmente preciso.
- Comprei uma vodka de maracujá. Eu sei que você não gosta de coisas com sabores que não deveriam ter, mas essa eu achei muito gostosa.
- Tudo bem, só quero a bebida. - Emudeceu, pegou a garrafa e virou metade em um gole.
- O que aconteceu pra você beber tão rápido?
Ela não respondeu e ficamos assim até chegar ao salão. O que não demorou muito, mas eu sempre pego o caminho mais longo. Sempre faço isso meio que de birra de brincadeira desde que ela me pediu a primeira carona de carro. Antes ela reclamava, mas acho que pegou gosto na viagem.
Ela saiu do carro, me deu um beijinho na bochecha (já estava meio bêbada) eu olhei assustado e tomei o resto de bebida que tinha na garrafa de uma vez.
Entrei na festa e ela estava rebolando como se não houvesse amanhã. Mas tinha. Eu sabia como isso iria terminar, mas me juntei a ela mesmo assim.
Nós, tontos, alegres, dançamos, e rimos, e brincamos como se tivéssemos oito anos. Abruptamente ela virou pra mim e disse:
-Filipe, carro do ano.
Eu olhei pra ela sem entender, ela percebeu e me puxou até a área do banheiro, eu olhei para ela assustado, me empurrando até o banheiro masculino.
Ela entrou e fechou a porta, me empurrou para uma das cabines e eu não fiz nada , com medo do que ela estava fazendo.
- Filipe, eu te amo. Foda-se a Alice, eu te quero. Caguei pra cor dos olhos dela, pra cor do cabelo, caguei pra tudo. Eu quero você há muito tempo, dá pra você desassustar e me falar alguma coisa?
- Eu... Eu não gosto dela, eu gosto de...
Ela pulou no meu colo, passou as pernas entre a minha cintura e me beijou. Um beijo molhado, errado, assustado, indeciso, quente. Tantas coisas que eu queria dizer há tanto tempo traduzidas de uma forma simples.
Ela me soltou, me olhou.
- Eu queria fazer isso há tanto tempo, seu lerdo.
- Não sei se estou conversando com a Mariana que eu conheço ou com a alterada, mas eu queria fazer isso com as duas.
Nós rimos e um silêncio estranho se instaurou no banheiro. Esse era o meu medo. Nossa amizade nunca mais vai ser a mesma. Nós nunca mais vamos ser os mesmos.
Ela me olhou e disse que queria sair dali. Tão sem graça quanto eu.
- Acho que nós temos que sair do banheiro masculino.
- Tem razão. Não pensei nessa parte. Ela olhou para o chão, nitidamente envergonhada.
Saímos escondidos e eu avisei que ia embora. Não estava mais com clima pra festas. Nem ela.
Entramos no meu celta e eu perguntei pra onde ir.
-Pra sua casa?
- Não quero ir pra casa agora.
- Minha mãe saiu com o namorado. Quer ficar por lá e a gente conversa? - perguntei, tentando ser gentil.
- Parece ótimo.
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Como NÃO Namorar Uma Super Heroína
RomantizmMarina era uma garota normal. Escola normal, vida normal, namorado normal. Até que uma tragédia acontece e tudo muda para ela, agora com poderes, a garota volta com desejo de vingança.