Carta 14.

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“Querido Michael,

Hoje trocámos olhares…

Os nossos olhos cruzaram-se.

Ainda vejo essa visão…

O meu coração saltou e começou a bater rapidamente…

O meu coração apertou…

Hoje foi o último dia que nos vimos.

Tenho medo.

Medo de nunca mais nos voltarmos ver como eu penso.

Hoje quase que ia falar contigo…

Mas faltou-me a coragem.

Faltou-me a coragem para enfrentar-te.

Tenho tanto medo, Michael…

Medo de deixar de ver tudo,

Medo da morte.

Lembraste quando disse que não tinha medo da morte, mas sim sofrer antes dela?

Bem, continuo com a mesma opinião, e percebo que a dor vem com a vida....

E a vida vem com  a morte.

Ninguém tem a escolha de sofrer ou não.

Todos sofrem um dia...

Todos sofrem de maneira diferentes.

E a dor que quiseram que eu tivesse está a matar-me.

Está ajudar a doença a matar-me.

Tudo isto está a matar-me... 

Um dia eu vou morrer e esse dia pode estar próximo.

Eu não quero deixar-te, mas que outra hipótese é que eu tenho?

Eu não posso fazer mais nada...

Eu não posso dizer nada.

Tu não queres nada.

Vou morrer sem te ver uma última vez…

Vou ter que enfrentar a realidade de uma vez por todas.

Mas eu vou amar-te até parar de respirar.

 

Da tua,

Freya.”

Apologize. || CliffordOnde histórias criam vida. Descubra agora