Carta 22.

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“Querido Michael,

Hoje vieram visitar-me.

Senti-me feliz…

Pela primeira vez.

Já me tinha esquecido o que era sentir a felicidade.

Todos vieram visitar-me.

Era uma surpresa.

Melanie disse-me que todos andavam a preparar isto há algum tempo.

Trouxeram balões, peluches e pequenos cartões.

Senti-me uma criança na verdade…

No início senti-me inútil, mas depois…

Percebi que eles cumpriram a promessa.

“Amigos até ao fim, lembras-te?” Disseram-me…

Fizeram-me rir.

Fizeram-me esquecer-te durante uns momentos.

Não vou mentir.

Eu procurei-te no meio do grupo…

Melanie sussurrou-me qualquer coisa ao ouvido.

Só percebi o teu nome…

Não me lembro de mais nada.

Mas quando o ouvi, o meu coração bateu mais rapidamente.

E partiu-se mais um pouco.

Eles fizeram-me sentir que ainda tinha alguma razão para lutar.

Eles mostraram que eu posso não te ter a ti, mas tenho-os a eles.

Dói-me saber que ele vão sofrer tanto…

Penso que tanto causo alegria, como dor.

Amor devia curar mais do que magoar…

Mas basta ver-te para a dor passar sabes?

Até que desapareces.

Eu tenho que lhes agradecer por isto tudo…

Por me fazerem esquecer, rir, falar alto…

Por me fazerem lembrar que estou viva e que eu não estou mesmo doente.

Mas nem eles acreditam nisso.

Porque na verdade eu estou…

Quando eles saíram a mesma médica disse-me que nunca tinha visto alguém tão feliz com amigos.

Era raro ver pequenos atos assim…

E eu apenas disse que às vezes encontramos bondade no meio do inferno.

Depois olhei para a porta ainda com esperança que aparecesses.

Estou a escrever à noite e olhei para a janela e depois para a porta.

Com a esperança que ainda entres no quarto.

Eu vivo na profunda ilusão, não é, Michael?

Mas não te preocupes…

Está quase.

Não falta muito para sair deste quarto.

Não falta muito para parar de olhar para aquela porta.

Porque eu vou-me embora, Michael.

Da tua,

Freya.”

Apologize. || CliffordOnde histórias criam vida. Descubra agora