/Michael/
Corri pelos corredores do hospital mais uma vez e entrei no quarto de Freya onde a mãe dela estava. A mulher olhou-me e acenou-me com a cabeça. Ela suspirou. O seu olhar era bastante neutro e parecia mesmo que o seu coração tinha sido tirado e levado. As lágrimas que caiam pelos seus olhos eram a demonstração de toda a dor.
-Ela queria que ficasses com tudo isto. – A mãe de Freya diz limpando as lágrimas e entregou-me um pequeno monte de papéis onde tinham números de um a vinte e sete.
Peguei na pequena montanha de papéis com o meu coração a bater rapidamente e a mulher alta saiu do quarto deixando-me sozinho com o corpo.
Eu deixei-me cair na cadeira e as lágrimas começaram a cair. O meu coração é retirado e levado, mas deixam os meus pulmões e um órgão substituto para o coração. Os meus olhos fazem o meu cérebro acreditar no que os meus ouvidos e não acreditaram.
-Hey, Freya. – Eu disse baixo e entrelacei as nossas mãos. – Oh, minha pequena… A tua pele está tão branca e o teu cabelo desapareceu. Desculpa. Desculpa por ter-te deixado. Desculpa. Eu não queria que nada fosse assim. Sinto-me tão culpado. Sinto a tua falta, mas está tudo bem... Podes acordar, estou aqui. Vamos voltar e poderei estar em casa. – Eu faço uma pausa e abano a mão da rapariga que eu sempre amei. – Freya, acorda. Acorda, porra. Diz-me que isto é uma piada cruel e que vais acordar. Acorda, Freya. – Eu disse e as minhas lágrimas caiam em cima da sua pele. Baixei o meu rosto e beijei a sua mão – Freya. – Eu chamei mais uma vez. – Vá lá. Porra, acorda. Eu preciso de ti, eu sempre precisei. Acorda. – Eu suplico e abano o seu corpo mais uma vez.
Eu olhei para os papéis com a sua letra e voltei a olhar para ela.
-Por favor. – Eu peço baixo. – Tu vais acordar e voltar para mim, Freya. Vá lá. Para. Lê para cima. Sorri para mim. Fala para mim. Respira para mim. Ama para mim.
Eu abracei o corpo da rapariga sem vida no meio das minhas implorações e solucei. – Freya isto não tem piada! Acorda, caralho! Acorda! -Eu quase que grito em desespero e fechei os olhos e deixei escapar um gemido. Beijei os seus lábios e estes não retribuíram. Isto não é Branca de Neve, Michael. Ela não vai acordar. Além do mais, não serias o príncipe dela. O meu subconsciente diz, mas eu ignoro.
-Vai ter que sair. – Uns médicos dizem e puxam-me para fora do quarto.
-Não! Não, Freya! Diz-lhes que vais acordar! Volta para mim, Freya! – Eu grito enquanto vejo o corpo de Freya imóvel. Sinto que todo o movimento é lento, mas nada se compara ao movimento do seu batimento cardíaco. A minha dor cresce pelo coração e por todos os batimentos não dados. O que fui eu fazer? Porquê? Porque ela? As lágrimas de desespero, de culpa e de arrependimento corriam pelo meu rosto e uma mão foi colocada no meu ombro.
-Ela amava-te. Não admitia, mas nunca vi os seus olhos mais brilhantes quando ouvia o teu nome. – A mulher com lágrimas nos olhos diz-me com os seus olhos sem brilho e sem personalidade. Eu olhei-a e voltei a olhar para o quarto pelo vidro, enquanto via todos os médicos à volta da minha menina. Ela amava-me. Eu amava-a. Mas nenhum de nós o admitiu e eu deixei a felicidade escapar-me entre os dedos.
-Porque ela no meio de tantas pessoas? Há pessoas tão horríveis. Porque ela? Ela era a rapariga mais gentil que eu conhecia. Ela pensava sempre na felicidade dos outros. Não é justo.
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Apologize. || Clifford
Fanfice se a pessoa que tu mais amas é a melhor amiga da morte e te imortalizasse com cartas?