Modernidade líquida

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O ser humano vive em um novo período da história, sendo diversos os termos e conceitos utilizados para descrever esse contexto. Um dos conceitos mais usados para definir esta fase histórica é "modernidade". Semelhante termo soa redundante, por incluir toda a realidade que circunda. Bauman define a modernidade como "líquida", fluida, a impermanência e a constante mudança de forma nela verificadas nunca têm um término.

A sociedade líquida caracteriza-se pela incapacidade de manter a forma. Nossas instituições, quadros de referência, estilos de vida, crenças e convicções mudam antes que tenham tempo de se solidificar em costumes, hábitos e verdades "auto evidentes". Sem dúvida a vida moderna foi desde o início "desenraizadora". A nossa é uma era, portanto, que se caracteriza não tanto por quebrar as rotinas e subverter as tradições, mas por evitar que padrões de conduta se congelem em rotinas e tradições (PALLARES-BURKE, 2004, p. 304-305).

A liberdade adquirida surgiu tirando o indivíduo da terra firme e levando-o ao oceano das incertezas. A passagem para o estágio final da modernidade não produziu maior liberdade individual: "Não no sentido de maior influência na composição da agenda de opções ou de maior capacidade de negociar o código de escolha. Apenas transformou o indivíduo de cidadão político em consumidor de mercado" (BAUMAN, 2000, p. 84).

A liberdade obtida nos tempos atuais é ilusória. A pessoa vive sempre na incerteza, pois sempre há a possibilidade de uma escolha melhor. O pensamento não é mais denso e ordenado, mas leve e desordenado, para poder abarcar tudo o que a vida pode oferecer.

As comunidades estéticas não permitem a condensação das comunidades éticas. Impedem a sociabilidade entre as pessoas e, assim, contribuem muito para a perpetuação da solidão do homem moderno. Para isso tornar-se possível na modernidade líquida, foi preciso adotar nova racionalidade. Surge um indivíduo diferente de tudo o que se viu na história humana. O ser humano líquido é um dos reflexos do novo jeito de pensar, no qual "virtualmente todos os aspectos da vida humana são afetados quando se vive a cada momento sem que a perspectiva de longo prazo tenha mais sentido" (PALLARES-BURKE, 2004, p. 322). A certeza está na constante mudança, devendo cada indivíduo buscar por si próprio uma maneira de melhor sobrevivência.

Não é apenas um mês: Ansiedade, Depressão e SuicídioOnde histórias criam vida. Descubra agora