Consumo

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     O consumismo é um conceito novo. O termo começa a sair do domínio estritamente econômico e sociológico, ganhando um significado dentro da filosofia: quando o ser humano deixa de ser sujeito e passa a ser objeto na relação de compra e venda. Anteriormente à primeira metade do século XVIII, época em que a Revolução Industrial começava a se propagar, poucas referências são encontradas sobre o consumo, como é entendido atualmente.

     Segundo a tese do fetichismo da mercadoria de Marx também é conhecida como alienação, objetos tornam-se sujeitos e as pessoas tornam-se objetos, ocorrendo uma inversão radical de valores. Com efeito, o ser humano foi sendo coisificado cada vez mais no capitalismo. Está arraigada na sociedade atual a noção de que tudo o que o ser humano produz é algo vendável ou apresentável com o intuito de obter proveito próprio. A pessoa tenta passar uma imagem de desejo às outras como se fosse uma mercadoria à venda em uma loja.

     O consumo em si não tem um núcleo, mas, sim, várias estruturas que servem para que ele se perpetue continuamente. Para elaborar uma visão coesa dos consumidores e de suas estratégias de vida, deve-se "reconhecer que esses mercados estão necessariamente incrustados em complexas matrizes políticas e culturais que conferem aos atos de consumo sua ressonância e importância específicas" (BAUMAN, 2008, p. 34).

     A forma de planejar e organizar a vida na modernidade líquida é antagônico à da modernidade sólida. As relações devem ser estabelecidas em curto prazo, aproveitando as chances que a vida oferece, abandonando as anteriores como quem troca de roupa. Planejamentos para a vida toda parecem ridículos, pois sacrificam os desejos momentâneos em vista de algo posterior no futuro.

     O objetivo crucial, talvez decisivo, do consumo na sociedade de consumidores não é a satisfação de necessidades e vontades, mas a comodificação do consumidor: elevar a condição dos consumidores à de mercadorias vendáveis. [...] Os membros da sociedade de consumidores são eles próprios mercadorias de consumo, e é a qualidade de ser uma mercadoria de consumo que os torna membros autênticos dessa sociedade (BAUMAN, 2008, p. 76).

Não é apenas um mês: Ansiedade, Depressão e SuicídioOnde histórias criam vida. Descubra agora