Capítulo 6

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A reunião acabou por ser extremamente longa, e é claro que ver o lado mais sério de Félix, todo compenetrado dentro da pauta discutida derreteu o meu cérebro como gelatina. Os seus olhos não tinham o habitual gelo, no lugar disso eles ardiam em compenetração, quase eram o suficiente para que não abaixasse o olhar para o senhor volume do terno, eu disse quase.  Santo de casa não faz milagre.

Toda a massa de músculos preenchendo muito bem o terno caro, também não ajudaram absolutamente em nada para diminuir o meu tesão por esse filho da puta, na verdade, cada vez que o maldito levava a mãos para as bordas do blazer, aproximando as mãos grandes com os seus dedos longos bem perto da sua bunda, a minha pobre e inocente vagina, destituída de qualquer maldade, dançava toda uma coreografia complexa de ula dentro do fino tecido da pequena tanga rendada.

Pelo dia de hoje mereço orgasmos múltiplos, no mínimo. Decreta o diabo, vestido de rosa em meu ombro esquerdo.

O anjo castanho sobre o ombro direito insiste que deveria me contentar com pizza e series ruins. O qual é ignorado instantaneamente.

Suspiro ao bater o meu cartão, com o coração acelerado dentro do peito, pela primeira vez dentro da empresa. Viro-me com preguiça, erguendo a bolsa em meus ombros com toda a vontade que um dia inteiro de trabalho me disponibilizou. Ou seja, Nenhuma.

Abaixo a cabeça para soltar os sofridos fios de cabelo rosa de seu cárcere, presos em um coque apertado no topo de minha cabeça. Movo o dedo indicador junto ao dedão lentamente para não arrancar nenhum fio. Trilho o caminho até o carro em minha vaga sem pressa. Me amaldiçoo por ser tão fraca, enquanto entro para dentro de Barbie.

Estreito o olhar para a chave, posicionada na ignição para abaixar o vidro do carro. Ouço a minha barriga roncar, reclamando.

— Deveria ter comprado algo para você também, não é política da minha empresa deixar os meus funcionários passando fome. — Félix rosna, surgindo ao lado da janela do motorista como a porra de um fantasma.

Maldita hora para se abrir, rosno em minha mente.

Dentro do peito o coração, idiota como ele, dispara ao ouvir sua voz, fazendo-me levar a mão para a região seriamente afetada, os lábios ofegantes. Meu cérebro, atrofiado pelo pânico, nem mesmo pensa na possibilidade de apenas levantar o vidro do carro, isolando os dois lados com uma única barreira.

De qualquer maneira pisco duas vezes, então respondo.

— Qual é o seu problema com se anunciar, porra! — Grito, totalmente desprovida do meu cu moral. Repenso na merda, aceito a merda e a continuo. — Digo... Entendido Sr. Gazzoni, na próxima irei prever o seu convidado com a minha bola de cristal, e então trago a comida. — Finalizo, esticando o meu sorriso sem mostrar os dentes.

Reviro os meus olhos, quebrando o contato visual. Com borboletas no estomago tento fingir o fato de que gaguejei, fraquejei na frente o inimigo.

Não mereço o seu perdão, pode ir, me abandone! A anjo em meu ombro esquerdo choraminga, rolando em lagrimas.

Vejo os seus olhos escurecerem. A veia entre as sobrancelhas castanho em sua testa saltando como louca, mas fora isso, o resto do seu rosto é impassível, imponente como o rei que é. Nem mesmo um gemido, um rosnado que fosse. Apenas o silêncio por longos minutos, e isso me irrita mais que qualquer coisa.

Eu poderia lidar com um surto, grosseria e dedo no cu, mas é o silêncio que me incomoda.

Engulo a vontade de sair do carro, de ajoelhar-me aos seus pés e recitar todas as linhas do meu currículo como um cão arrependido, com as orelhas caídas e o rabo entre as patas. Espero sua resposta com um sorriso, as mãos sobre o volante suando as bicas.

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