Capítulo 8

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Fecho as portas do seu sobrado, ele é enorme com três andares, é muito bonito com um enorme jardim e enormes janelas que cobrem toda a escadaria. Dentro do peito, o coração troveja com força, mais acelerado que escola de samba, meus nervos a flor da pele não conseguem relaxar. Engulo a seco, fechando os olhos por um segundo. 

Meu corpo sente-se derretendo, formando poças de suor asquerosas sobre as áxilas. Manchas escuras maculam o tecido branco de algodão, a camiseta idiota denunciava todo o turbilhão de sentimentos, borbulhando em minha mente.

Sempre imaginei que fosse uma lei, da qual todo o CEO deveria morar em uma cobertura, e obrigatoriamente ele deveria fazer parte de algum livro sagrado, onde todos eles assinavam ao ingressar no mundo dos negócios, regras das quais eles deveriam ter um passado sombrio, uma cobertura de bilhões de reais com direito a entrada para helicópteros e todas essas babaquices. De acordo com os romances que mamãe e sua esposa Trudi lê, um CEO de respeito vem com dois metros de altura — ele já nasce fazendo parte do elenco do filme avatar, atuando como uma das arvores do planeta NA'VI —, também deve por respeito jamais sorrir e mesmo assim molhar todas as calcinhas que encontrar. Rio alto, encarando o CEO com o terno amarrotado e fedendo a álcool sobre o sofá. 

Aparentemente, o meu CEO veio com defeito em algumas partes do produto. Com exceção a última parte, com a qual minha vagina aplaude, consagrando o trabalho bem feito do pequeno chefinho. Por esses motivos, não denunciarei ninguém a justiça. Analisei, e mesmo vestindo um sapato fechado com o solado baixo, ainda sou uns bons cinco centímetros mais alta que Félix.

Volto para o sofá onde o larguei, avistando o Rei Salomão em uma árdua batalha para manter os seus olhos abertos. O alcanço, passando os braços por baixo das suas axilas para fins de erguê-lo. Embora a sua estatura fosse um pouco menor, o CEO ainda consegue ser infinitamente mais pesado devido a sua montanha de músculos.

Eu e todas as Narcizas, presentes agora neste recinto, aplaudimos a obra bem feita de quem esculpiu esse tanquinho, focando no v bem formado indicando o caminho do paraíso. Olhar para Félix me desconcentra.

Fecho os olhos por um segundo, engolindo a seco a minha vergonha.

Ok, eu preciso transar. Urgente. 

— Vamos rei, ainda me precisa falar aonde fica o seu quarto. 

Félix torce o nariz, jogando o todo o seu peso contra a lateral do meu corpo de uma só vez. Ofego, minhas pernas vacilando por alguns segundos com a pancada.

Volto rapidamente, piscando os olhos e firmando os joelhos.

Todo o trajeto com o seu Audi não foi muito fácil, mesmo que sem paradas para vomitar, até porque dirigir um carro esportivo não é divertido quando se tem a ameaça de ser atingida por jatos de vomito. Quebra todo o encanto. Também havia o fato de que Félix bêbado era simplesmente o pior guia do mundo. O trajeto que no final, com a ajuda do aplicativo de mapas em seu carro anunciou seis minutos, contabilizou em vinte e cinco minutos, com seis entradas em ruas erradas, risadas inoportunas e dois tapas que precisei dar, dos quais se Deus, Alá ou Regina George assim quiser, não vão resultar em minha demissão.

Tira-lo do carro e trilhar o caminho até a sua sala, contando com abrir a porta — e achar o molho de chaves de dentro do seu esconderijo, nos confins do mundo Narniano — não foi exatamente fácil, na realidade, eu já teria uma entrada garantida para o corpo policial depois de toda a minha luta, com direito a medalha de honra. Quando terminei de colocá-lo sobre o sofá, estacionar o seu carro na garagem e fechar todas as portas, já eram quase sete horas da manhã.

Contenho o bocejo, tentando adivinhar por trás de qual porta o seu quarto se esconde.

— Sr. Gazzoni, preciso que me fale aonde caralhos você dorme. — Reforço, quebrando toda a minha postura profissional.

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