XXV

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~*~ Agora ~*~

Terminei de colocar a roupa designada pela figurinista do programa e sentei relaxado em frente ao enorme espelho de meu camarim. A maquiadora, também do programa, deu os retoques necessários para que minha pele não brilhasse diante dos vários holofotes que o mini palco do estúdio continham enquanto eu tentava me preparar para mais uma sessão tortura.

Havia deixado meus amigos, Alya e Nino, em frente ao hospital. Alya pegou as coisas que achamos no lixo do banheiro de Chloé e investigaria isso pessoalmente, como tinha muita influência no DP resolvera levar Nino consigo para ter uma ajuda extra e discreta nesse caso.

Eu, mesmo querendo ir com eles resolver isso o mais rápido possível, não poderia faltar à mais uma aguardada entrevista de Adrien Agreste, sobre seu casamento, com o entrevistador mais encrenqueiro de Paris.

A platéia já estava posicionada quando eu entrei, sem aplausos, o programa ainda não havia começado. Mas os gritos histéricos, de algumas pessoas da platéia, eram uma coisa da qual eu nunca iria me acostumar, mesmo já estando nessa vida a tanto tempo.

Me sentei no sofá de couro marrom, bem ao lado do balcão arredondado. Jean Macron já se encontrava atrás dele, mexendo no celular e dando em cima de uma das técnicas de produção.

O homem finalmente pareceu ter notado meu olhar em cima deles, dispensou a garota falando algo em seu ouvido, ela sorriu e saiu correndo dali.

O homem de cabelos pretos e brilhantes, perfeitamente penteados para trás deu um gole longo na substância, que parecia tudo menos chá ou café, da xícara que ficava sobre o balcão e exibia o nome do programa. Sorriu de canto enquanto me analisava com seus amendoados olhos de raposa. Era um homem de boa aparência, na casa dos trinta.

— Preparado Agreste? Pode ter escapado de mim até agora, mas dessa vez não. — Ele deu mais um gole e eu sorri de modo inocente.

— Não sei o que 'pensa' que achou sobre mim Macron, mas, saiba que nunca vai me pegar. — Ele sorriu ladino mais uma vez e fomos avisados de que o programa iria começar.

Voltei para os bastidores, Jean levantou e ficou próximo a plateia, as luzes ficaram mais fortes e as pessoas aplaudiram quando a banda começou a tocar. O show tinha começado e todos entramos em nossos papéis.

Macron fez seu monolog de sempre, falando de atualidade e fazendo suas piadinhas de mal gosto. O programa foi correndo enquanto eu passava pela mente tudo o que ele poderia ter para usar contra mim e já pensando em alguma coisa com a qual rebater. Eu e ele tínhamos uma história. Desde que cheguei à idade adulta ele tenta quebrar minha imagem de "garoto perfeito", mas meu pai havia despendido de muito tempo, dinheiro e pressão psicológica sobre mim para que ele conseguisse fazer isso tão fácil. Não vou negar, eu até achava divertido, mas era cansativo. Talvez se Chat Noir ainda existisse, pudéssemos ser amigos de alguma forma.

Finalmente foi anunciada minha entrada. Mais aplausos e gritinhos da plateia, Macron me cumprimentou como se fossemos velhos amigos e começamos a entrevista. Falamos sobre meu pai, minha vida, minha carreira e como ela ficaria após o casamento, sobre Filomena, até que, enfim, ele mudou o tom.

— Adrien, se tem uma coisa que todo mundo quer saber, é sobre sua lua de mel e sua despedida de solteiro. — Foi feito barulho da plateia, eu me remexi desconfortável no sofá e mesmo assim mantive o sorriso no rosto. — Bom, claro que, todos queremos saber como vai ser a noite de núpcias e sua última noite de diversão, se é que me entende...

— Que isso Jean, — disse rindo apesar do nojo, — Filomena é atriz, mas acho que ela ainda não está pronta para fazer esse tipo de filme.

Ele riu descaradamente, junto com o pessoal da platéia, que havia sido instruído a tal.

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