XXVI

1.9K 192 53
                                    


Estava largado na minha cama, olhando o celular de minuto em minutos esperando a ligação de qualquer um. Félix, Marinette e mesmo Harry haviam desaparecido em Londres. Alya e Nino não me respondiam também.

Ouvi batidas firmes a porta e me sentei arrumando a caseta branca e minha adorada calça cinza de moletom.

— Pode entrar. — Respondi simplesmente e meu pai apareceu na porta, os cabelos menos penteados que de costume, com jaqueta e calça de couro. Mas ainda mantinha a postura rígida.

— Nathalie não lhe avisou que queria vê-lo hoje? — Perguntou sem entrar.

— Avisou sim, mas pensei que o senhor fosse querer conversar durante o jantar.

— Vamos jantar fora essa noite, se troque, vou te esperar no saguão. — E se virou para o corredor. — E Adrien, pegue a chave da sua moto.

Então ele fechou a porta. Pegar as chaves da Harley, isso explicava o cabelo e as roupas incomuns de meu pai. Corri para o banheiro e me arrumei o mais rápido que pude, não era sempre que eu tinha uma chance dessas com Gabriel Agreste, mesmo ele sendo meu pai.

Meu pai foi me guiando pela cidade em sua Harley azulada. Parou num dos pontos turísticos da cidade e andamos juntos até a "Pont Neuf", a ponte mais antiga construída sobre o rio Sena.

— Sua mãe adorava esse lugar. — Falou apoiando as mãos em um dos encostos arredondados da beirada da ponte. — Eu a trazia aqui sempre, ela costumava ficar olhando os barcos e as pessoas. Dizia que para ela era mágico ver como fazia uma ligação direta entre o Louvre e o resto do mundo.

Sua voz era baixa e seus olhos pareciam brilhar enquanto ele falava.

— Eu realmente amava sua mãe. Ela tinha seu jeito próprio de lidar com a minha rabugice. A única certeza da minha vida era sua mãe, Adrien.

Eu olhava sem saber o que fazer, o que dizer. Ver lágrimas silenciosas escorrendo pelo rosto dele não era normal. Muito menos o comportamento de Gabriel Agreste nesta noite.

— Sei que você jura que ama Filomena e que está fazendo a coisa certa casando-se com ela. Apesar de saber de fatos que você mesmo deixou escapar para mim filho. Pode não acreditar em mim Adrien, mas eu conheço você e sei que não está feliz. Não posso mais dizer o que você deve ou não fazer, mas saiba que você tem opção. Pode pegar sua moto agora e sumir, eu dou um jeito em tudo para você, tudo o que eu quero é te ver bem. Bem de verdade Adrien, não aquele bem que você apresenta para todos desde que era criança.

Eu não sabia o que fazer, sabia o que queria, mas não era o que poderia fazer. Meu pai estava diante de mim de braços abertos, me dando uma saída, mas era uma saída para mim e não para o que aconteceria com o futuro da Marinette, e ela era a única coisa que me importava agora. Se eu tivesse que aguentar uma vida de merda para que ela fosse feliz, eu poderia sentar e rolar sempre que Filomena manda-se.

Abracei meu pai e comecei a chorar no meio daquela ponte. Seus braços se fecharam em volta de mim e meu coração se aqueceu enquanto eu me aconchegava num dos raros abraços dele. Controlando as lágrimas e me convencendo cada vez mais de que estava fazendo a coisa certa.

— Bom, já que é isso que você quer, vamos comer. Meu filho merece uma boa despedida de solteiro. Mas juro que não vou te levar para um bar com strippers e que você volta para casa sóbrio.

Meu pai era assim, poderia ser super protetor, mas jamais tomaria uma decisão que fosse contra uma convicção minha. Brigamos muito para chegar a esse consenso e finalmente havíamos nos acertado.

Jogos | adrinetteOnde histórias criam vida. Descubra agora