Capítulo 1

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O dia clareia brilha sob minhas pálpebras, e a luz quente e suave me faz despertar lembrando-me do longo dia que terei hoje e avalio se é necessário mesmo ir. Antes mesmo que eu possa tomar uma decisão coerente o despertador toca - me acordando por completo - e me repreendo mentalmente por ter colocado um toque tão irritante.

E é assim que se inicia meu último ano do ensino médio...

Ao levantar-me, vou em direção ao banheiro - lavar meu rosto - e vejo profundas olheiras contrastando com a minha pele clara, fruto da noite mal dormida. Mas, isso não importa, eu não vou mais pensar nele. Pelo menos não hoje. Preciso poupar o resto de energia que me sobrou - que ele arrancou de mim - e por isso seco meu rosto na toalha branca -no porta toalhas- e me obrigo a me arrumar - passando corretivo para esconder as olheiras e rímel para disfarçar os olhos caídos - para que ninguém perceba a dor que rasga o meu peito. Que me faz querer gritar. - gritar com ele por ter me deixado, e gritar comigo mesmo por ter me permito abater dessa forma- e me esconder- Porém, chega de fugir.

Chega

Quando finalmente desço as escadas vestindo uma blusa rosa-clara e calça jeans percebo os olhares curiosos dos meus pais - eles não sabem o que aconteceu, mas sabem que algo aconteceu - e para aliviar o clima tenso, digo:

- Bom dia! - é o máximo de entusiasmo que consigo transparecer em palavras no momento - Isso aí é panqueca? - pergunto apontado para a frigideira onde as panquecas acabaram de queimar.

- Ah, não! - exclama minha mãe desapontada consigo mesma por ter esquecido a panela no fogo. - Era melhor ter deixado você preparar. - ela afirma olhando em direção ao meu pai.

- Susan, todos nós sabemos que eu faço as melhores panquecas. - ele ri e ela resmunga.

Meus pais são totalmente opostos e me pergunto todos os dias como conseguem fazer dar certo. Enquanto minha mãe é autoritária, rígida e impulsiva... Meu pai é paciente, bem humorado e liberal, pelo menos, na maior parte do tempo.

- A conversa está ótima, mas eu tenho que ir... - penso em uma desculpa rápida para sair daqui - A Megan tá me esperando lá no Coffe . - minha mãe desconfia do meu comentário, porém decide não falar nada sobre.

No caminho em direção ao colégio agradeço por ter optado por roupas leves, pois o dia está muito quente. Como se houvesse algum tipo de telepatia Megan aparece na Mercedes- Benz Classe C do seu pai parando o carro no meio da rua me obrigando a entrar, com as exatas palavras "entra logo".

- Por que não me ligou ou me esperou na sua casa? - ela questiona seguindo o curso do colégio.

- Por nada... Eu só...- Por que é tão difícil falar? Por que eu não simplesmente conto o que aconteceu? Mas disso, eu sei a resposta. Eu não posso falar porque era algo só nosso, ou pelo menos era o que eu pensava... Mas não importa, eu não quero sair por aí falando. Era necessário ser segredo na época e agora é porque eu não quero tocar no assunto.

- Ei! Mundo chamando Emma. - ela me chama ainda com os olhos vidrados no percurso.

- Por que seu pai te deu o carro dele? - pergunto desviando o assunto torcendo para que ela não perceba e faça mais perguntas sobre.

- Hm... Digamos que eu o peguei fazendo umas coisas comprometedoras...

- Então ele deu o carro pra te calar?

- Na verdade, comprar. Ele tenta se convencer de que é um ótimo pai. - ela vira os olhos e continua - Só que toda vez ele faz alguma merda, aí ele tenta recompensar... Cada um usa o que tem né? - e o que o pai da Megan com certeza tem é dinheiro.

MY MESSWhere stories live. Discover now