Capítulo 59.

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Comentem e não chorem. Boa leitura!

Camila se perguntou algumas vezes se Kj estava vendo-a lacrimejar, com a cabeça encostada ao vidro do carro, olhando para o lado oposto da janela.

"Não chore, não chore. Não aqui."

Não tinham dito muita coisa no caminho da praia até o estacionamento. A rádio estava tocando músicas aleatórias e Kj encarava a estrada. E ela queria chorar, queria chorar muito.

Será que algum dia ele a amaria do mesmo jeito que ela o ama? Porque sim, ela amava Kj. Amava muito.

Mendes viu Kj perder a entrada para a sua rua e o olhou curiosa.

"O que você está fazendo?" Ela perguntou.

"Temos um último lugar para ir." Kj disse, simplesmente.

"Que lugar?"

"Você vai ver." Ele respondeu, ainda com os olhos na estrada.

Por mais que quisesse ir para casa se lamentar do encontro perfeito com o fim imperfeito, conhecia Kj Apa o suficiente para saber que ele não a levaria para casa antes de ir para esse tal último lugar. Que fosse.

Camila encarou o estacionamento do prédio de Apa.

Kj desceu do carro e abriu a porta do banco de trás, pegando os sanduíches que eles não comeram e a garota desceu do carro atrás dele.

Ele segurou a porta do elevador para que ela entrasse, e deu de ombros.

A garota tirou a jaqueta de Apa - que ela reparou que ainda vestia - quando os dois entraram no apartamento, jogando-a sobre uma cadeira.

Kj virou para encará-la. Estava praticamente suando frio, com as mãos geladas. Não, aquilo não estava nos planos, jamais. Mas precisava fazer isso. Suspirou, com o olhar de Camila no seu, e sorriu.

"Eu preciso te mostrar uma coisa." Disse, segurando-a pela mão e guiando-a pelo apartamento. "Não era para ser assim... Enfim, não está pronto ainda.

"O que não está pronto ainda?" Cami perguntou, meio impaciente, e conseguiu arrancar uma risada do ator, que sabia o quanto aquilo devia estar a matando. "Eu não estou entendendo nada."

Kj sabia que uma vez que fizesse isso, não teria volta. Respirou fundo e abrir o quarto. A luz estava apagada, então era impossível enxergar um palmo a frente com as janelas lacradas.

Ele apertou levemente a mão de Camila antes de acender a luz.

Camila apertou os olhos com a luz súbita, e os abriu de uma vez, com Kj olhando fixamente para o seu rosto e com a mão em volta da dela. Ela deixou o queixo cair e levou a mão livre até a boca.

As paredes estavam pintadas de um verde bem claro, e da metade para baixo estavam enfeitadas com papéis de parede com leõezinhos, macaquinhos e outros animais desenhados para criança.

Uma poltrona branca estava encostada em um lado, e havia bichos de pelúcia de todos os tipos por todos os lados, em volta de um berço redondo que ela estava querendo há séculos, mas não conseguia falar com o designer. Apa soltou sua mão, encarando o quarto.

"Não está pronto ainda. Eu pensei em comprar uma parada daquelas de pano que põe em cima do berço, sabe, e pendurar no teto e colocar uns macaquinhos em cima." Ele disse, encarando a garota em choque. "O Shane me disse que eu devia comprar uma dessas para você amamentar a criança." Ele apontou para a poltrona. "E um trocador e várias coisas. Mas na volta da poltrona, eu entrei numa loja de brinquedos e acabei saindo com vários bichinhos de pelúcia." Ele parou de falar, quando viu que Camila estava quase chorando.

Ela respirou e encarou o berço.

"Por que o berço está cheio de band-aids do lado?" Ela perguntou, confusa, e Apa riu tímido, colocando as mãos nos bolsos.

"Digamos que ele se machucou, mas vou consertar."

Ok, ele estava definitivamente tremendo, mas pelo que parecia, Camila também. Nunca tinha a visto tão chocada em toda sua vida.

Ela começou a andar pelo quarto, passando as mãos pela lateral do berço, encarando os bichinhos de pelúcia, até voltar para o mesmo lugar, exatamente na frente dele.

Seus olhos estavam vermelhos e seu rosto um pouco molhado, o que só provava que a voltinha casual pelo quarto tinha um propósito.

"Por que você está fazendo tudo isso, Kj?" Ela perguntou, com a voz meio embargada, e ele sorriu.

Pensou que fosse desmaiar, mas ao contrário do que esperava, acabou sorrindo, e mesmo com o coração disparado e em pânico, respondeu rapidamente:

"Porque eu quero você de volta... Eu quero vocês de volta."

A garota piscou algumas vezes, e então ele voltou a sorrir, tirando as mãos dos bolsos e se aproximando dela.

"Eu não sei como fazer isso. Eu tentei fazer isso milhares de vezes esses dias, mas sempre travava no meio do caminho, porque esse é o cara que eu sou. Eu fui infantil demais nos últimos tempos, e eu sei que você nos acha completamente diferentes, mas tenho que dizer... Eu concordo!" Ele riu. "Somos, mesmo. Mas isso não quer dizer que não devamos ficar juntos."

"Kj..."

"Quer ficar quieta, mulher? Você nunca me deixa falar!" Ele disse, arrancando uma pequena risada da atriz. "Não é mais sobre o contrato há muito tempo, eu que fui bobo demais para perceber isso."

"É sobre o que, então?"

"Cami, eu cresci sozinho, você conhece a minha história. Nunca fui acostumado a ter ninguém, para ser honesto, sempre fugi de qualquer tipo de relacionamento, porque eu nunca acreditei nesse tipo de coisa. E, mais ainda, eu nunca precisei disso, então sempre valorizei as poucas pessoas que permaneciam, mesmo que elas soubessem disso." Ele uma pequena pausa. "E então, esse contrato apareceu, e tudo virou de cabeça para baixo." Kj parou de falar, tocando o rosto da garota com sua mão fria. "Você é a única coisa real que eu já tive."

Camila enxugou uma lágrima e abriu a boca para falar, mas ele prosseguiu.

"Eu ainda sou o mesmo bobo de sempre, mas você me fez um bobo melhor. E eu acredito que te fiz feliz, e pretendo continuar fazendo, então, com licença, porque esse negócio de discurso não é comigo..."

Ele simplesmente a beijou. Aquilo não era um sonho dela. Ele gostava dela. Ele gostava.

"Um cara uma vez me disse, antes de assumirmos um relacionamento para a imprensa, que era para eu tomar cuidado para não me apaixonar." Cami sussurrou, com os braços ainda em volta da nuca de Apa. "Acho que é seguro dizer que, infelizmente ou felizmente, eu perdi o desafio." Kj gargalhou.

"Ouvi rumores de que o cara também perdeu o desafio..."

"É mesmo?"

"São apenas rumores..."

"Acho que acredito neles." Mendes disse, com o nariz encostado ao dele.

"Camila, eu... Eu te amo. Muito." Ele sorriu e ela o acompanhou, antes que ele a beijasse.

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