As asas de Lúcifer Morningstar

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Capítulo 1

Em uma outra noite qualquer Jace iria ter evitado o nervosismo habitual que sempre sente quando se está indo a uma missão dada pelo Instituto. Mas, por conta das habilidades que desenvolveu por anos desde a sua infância e de sua boa forma física como Caçador de Sombras, sabia disfarçar exteriormente qualquer emoção que o colocasse em xeque contra situações de interação social. Alguns nephilins, como a sua irmã, Isabelle Lightwood, diriam que Jace é um rapaz insensível e frio. Outros, como Alec Lightwood, também seu irmão, prefeririam usar um termo mais sensato, como resiliente. Mas nada dessas razões eram úteis agora, pois essa noite Jace não seria um Caçador de Sombras, apenas um namorado indo a um encontro que decidirá o futuro de seu relacionamento.

"Clary, você aceita se casar comigo?"

"Sim."

A porta rangeu atrás de Jace e ele se virou para ver quem estava assistindo seu ensaio na frente do espelho. Era Jonathan Morgenstern sorrindo com deslumbre e um pouco de divertimento no rosto. Admirava as roupas de Jace, o terno escuro e a camisa grafite por dentro, "muito elegante," Jonathan comentou, e arqueando suas sobrancelhas enquanto entrava no quarto, aplaudiu um pouco. Jace realmente estava vestido como um mundano, tanto que qualquer um que o visse agora poderia jurar que sempre foi.

"Exagerei?"

"Não, você está ótimo."

"Acha mesmo que ela vai dizer 'sim'?"

"Se ela não disser, alguém dirá."

Jace frisou a testa, ficou indignado com a resposta. Não era uma mentira, mas na sua cabeça nada era mais poderoso que a ligação que ele tinha com Clary. Ainda mais, o seu coração pertencia apenas a ela. Imaginar outra pessoa em sua vida era complicado, quase impossível.

Jace voltou a sua atenção ao espelho com uma moldura de madeira escura e lustrosa. Ele ficou observando os seus olhos coloridos segurar a sua ansiedade e controlou a respiração para diminuir as batidas no peito. As pupilas oscilavam, o coração martelava. Não sabia se estava pronto, mas quis acreditar que sim.

"Deseje-me sorte" disse Jace, a garganta seca e um sorriso no rosto.

"Você não precisa de sorte, só de colônia."

*

"Você poderia me deixar em paz?"

Ouvindo aquilo em alto e bom som, alto até demais para Simon, porque ele era um vampiro, e alto até para quem passou ali por perto, fazendo esses que perceberam a cena sem contexto sentir uma pena por Simon sendo rejeitado daquela forma por Maia, e até mesmo ele sentiu uma dor em seu coração; mas, conhecendo-se bem o suficiente, Simon tinha em mente que a dor que sentiu era uma impressão, uma memória física. A imortalidade não o deixaria se esquecer assim tão fácil dos sentimentos e emoções ruins que experimentamos quando somos humilhados em público. Talvez o primeiro século seja assim mesmo, pensava Simon, mas quem sabe depois de dois ou três séculos eu esqueço essa sensação. Magnus certamente iria discordar, mas, ao contrário de Simon, o feiticeiro estava vivo.

O Hunter's Moon tinha começado a encher de gente desde a última hora, e ainda era cedo para começar a tocar qualquer coisa, mas Simon, que foi até ali para conseguir uma apresentação com a sua banda, The Eyes in the Shadows, estivesse ciente de que outra banda já estava para se apresentar nos horários de pico, ele não estaria na situação em que se encontrava agora, não precisaria ter passado duas horas tentando convencer Maia a deixá-lo tocar por uma ou duas horas.

"Maia, por favor! Não vai levar nem uma hora dessa vez."

"Simon, eu não sou a dona do Hunter's Moon, eu vivo servindo mesas e lavando louça. O que você quer que eu faça, simplesmente vire a dona do lugar de uma hora para outra?" Maia sentiu o peso em sua voz alterar-se novamente. Não queria que seu amigo ficasse chateado, então controlou seus nervos antes de dizer o seguinte: "Eu sinto muito, mas não posso arriscar perder meu emprego por causa disso. Agora, se me permite, eu preciso trabalhar."

As Jóias DemoníacasOnde histórias criam vida. Descubra agora