A vida de Jace Herondale

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Capítulo 11

Simon cuidou de fechar as cortinas do quarto depois de verificar o movimento das ruas lá embaixo. O Oldsmobile vermelho escarlate de Lúcifer estava estacionado bem perto da casa de tijolinhos vermelhos onde ele Jace estavam ficando, ambos glamurados com runas do Livro Fair para se parecerem um com uma BMW e o outro, um lugar escuro e inabitável.

O motor do carro não havia resfriado por completo, ele ainda se lembrava do caminho feito de Los Angeles, pelo portal, até White City, como aquele tivesse sido o maior dos ápices de sua vida. E, mesmo Jace tendo disfarçado o lugar, as luzes da casa estavam todas apagadas a pedido de Simon, exceto por duas pedras de luz enfeitiçada que ficavam com Jace o tempo todo.

O cheiro de chá de canela e maçã com leite de amêndoas dançava pelos corredores da casa antiga, vindo da cozinha até a sala, onde Jace agora estava. O caçador havia tomado a liberdade de explorar a cozinha, mas ficou desapontado ao encontrar apenas bolsas de O-Negativo na geladeira, um pouco de plasma em tubos de ensaio e armários vazios. A única coisa que achou com muito esforço foi uma lata de chá e uma caixa de leite de amêndoas no fundo da geladeira.

"Você está com fome" disse Simon quando entrou na cozinha e viu Jace sentado à mesa tomando um chá que Simon nem mais lembrava de já ter existido. "Podemos sair para jantar."

"Não acredito no que vou dizer, mas estou feliz em ouvir isso" disse Jace, depois largou a xícara de porcelana em cima da mesa e se levantou para ficar mais perto de Simon. "Eu achei que precisaria ficar entre a vida e a morte outra vez para você querer me chamar para sair."

"Talvez nem ajudasse tanto assim."

Jace e Simon sorriram juntos, o que lendariamente aconteceria. Simon tinha seus ombros mais relaxados e isso Jace percebeu. Não havia notado antes, mas sabia o quão tenso o diurno ficava perto dele, tanto que aquele momento pareceu aliviar mais a tensão no meio deles.

Simon chegou mais perto de Jace, divididos agora pelo espaço de uma cadeira. Jace sentiu o calor em seu peito mais uma vez, só que não o achou estranho como havia horas atrás. Agora o calor era tão familiar que pareceu a Jace tão compreensível, tão significante, que conseguiu sorrir mais um pouco.

"Eu também não acredito no que vou dizer, mas eu prefiro quando você está sorrindo" disse Simon, estranhamente nervoso.

Os dois então se olharam, não uma encarada, apenas se viram frente a frente pela primeira vez, um apenas que era tão grande para Simon e Jace que nem sabiam que se importavam tanto assim um para o outro. O que era aquele sentimento de nostalgia, misturado com um calor gelado no estômago e uma vontade imensa de sorrir? Jace pensava que já tinha sentido aquilo antes, mas não sabia quando foi, e Simon, bem, ele sabia o que poderia ser, mas preferia não pensar a respeito.

Tentado disfarçar aquela sensação que crescia entre eles, Simon pegou a xícara que Jace deixou em cima da mesa, vendo que a bebida ainda estava quente e pela metade. Sem reclamações vindas da parte de Jace, Simon bebeu o resto e depois voltou sua atenção ao nefilim ao ir para cozinha lavar o recipiente e guardar no seu devido lugar.

"Que ir ao McDonald's?" Perguntou Simon, sentindo uma súbita vontade de comer carne mal passada.

"É algum amigo seu de Londres?" Perguntou Jace, voltando ao seu estado sério novamente.

Simon evitou uma gargalhada, deixando escapar apenas um riso comprimido. Aquele conhecimento mundano que Jace não tinha, pensando que os mundanos eram meros seres frágeis habitando como formigas em um mundo cheio de criaturas maiores, divertia Simon parcialmente.

As Jóias DemoníacasOnde histórias criam vida. Descubra agora