As Jóias Demoníacas

O plano de Simon Lewis

Capítulo 9

O corpo de Jace estava estirado na cama no quarto do Empire Hotel, ainda em Londres. O nefilim estava acordado e pensativo, deslizava seus dedos pelo peito, em cima da joia cravada em sua pele, exatamente no lugar onde sentiu aquela dor latente antes de acordar. Lembrou-se de ver Simon ao seu lado e depois disso, sua mente entrou em um transe automático.

"Eu salvei a sua vida," disse Simon, Jace se lembrou.

Mas salvou do que mesmo? Sim, a Rainha Seelie o envenenou de alguma forma, mas Jace não pensava nisso. Porque Simon, de todas as pessoas ali, o salvaria? Foram aliados no passado, mas agora, o que alimentava o vampiro a querê-lo vivo? Poderia ser a sua personalidade frágil, mas Jace duvidava de que fosse isso. Depois de ontem, Simon agora era outra pessoa. Nem mesmo Clary iria reconhecê-lo. Bem... Clary não reconhece mais ninguém.

Enquanto afundava em seus pensamentos a manhã corria, a luz quente do dia escorria pelas janelas e iluminava o quarto. Sombras eram projetadas nos móveis de carvalho branco. A energia da alvorada estava forte e abrasiva, mas Jace não se empolgou com isso. Olhou para os lados, viu que suas roupas de gala haviam sumido da cadeira que as colocou ontem antes de ir dormir. Mas, pendurado no espelho de aço ao lado do banheiro, havia uma capa para ternos com um conjunto dentro dela. Aos pés do espelho, Armanis lustrosos estavam postos lado a lado.

*

O Empire Hotel ficava na White City, rodeado por um jardim magnífico e uma vista perfeita do nascer do sol. Nem mesmo Simon acreditava que ele e Lúcifer ainda estavam no centro de Londres.

O hotel possuía um restaurante na coberta e era lá onde Simon e Lúcifer estavam desfrutando suas refeições matinais; sangue e whiskey. Simon, que até então ficou sem se alimentar por alguns dias, sentiu o gosto de sal e ferro na sua boca e a gratificante sensação anestésica para suas ansiedades. Lúcifer nem mesmo se incomodou com a cena do rapaz bebendo todas aquelas bolsas de sangue em um copo de milkshake, como se fosse um sorvete de frutas vermelhas. Ele apenas terminou de beber seu scotch, acendeu um cigarro e disse:

"O que você vai fazer agora que o seu namorado atrapalhou meus planos?"

"Eu vou dar um jeito," disse Simon, a voz um pouco vacilante, "eu prometo."

"Melhor se apressar," continuou, ainda tragando seu cigarro com gosto e malícia; saboreou o inferno em seus pulmões, sentiu o sangue absorver seu êxtase, depois inspirou a fumaça e continuou falando, "senão o nosso acordo já era."

"Eu sei disso."

**

O lobby do hotel era tão luxuoso quanto o próprio prédio, decorado com obras de artes estavam em cada lugar; quadros românticos e delicados, esculturas melancólicas, peças de ouro em lustres (ou talvez eles eram o próprio ouro). Mas talvez Jace, com seus olhos heterocromáticos, safira e topázio em um beijo cósmico, fosse a maior das preciosidades ali dentro.

Simon havia terminado sua conversa com Lúcifer na cobertura e desceram para encontrarem Jace na entrada do Hotel. O viram parado na porta jogando os cabelos dourados para trás com o Hugo Boss e os Armanis que Lúcifer escolheu para ele com ajuda de Simon. Jace logo os viram chegar e foi até os dois com impaciência.

"Onde estão minhas coisas?"

"O que você quer andando com uma espada por aí como se fosse um celular?" Perguntou Lúcifer, mas antes que Jace respondesse ele jogou a lâmina de serafim de volta para o rapaz e depois a estela. "Não cause nenhuma confusão."

Jace não disse mais nada, apenas guardou seu equipamento o melhor que pode naquele terno e seguiu com os outros para fora do hotel.

"Os garotos estão prontos?"

"Para onde nós vamos?" perguntou Jace.

"Los Angeles," disse Simon "vamos fazer uma visita a Clary."