14. abr. 2019: dama vagabunda.

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Acordei com mensagens motivacionais.
Sobre coisas que nem lembro de ter feito.
Me alcoolizei para tentar.
Ao menos.
Esquecer minhas dores latentes.
Mas, pelo visto.
Não funcionou.

"Você é incrível".
Eles disseram.
"Você merece o mundo".
"Todos gostam de você".
"Estamos aqui".

Palavras vazias aos meus ouvidos.
Aquela dama vagabunda.
Não me deixa acreditar nisso.
Não deixa com que eu me veja.
Como eles vêem.

Na quinta ela me atacou.
De novo.
Forte.
Armada.
Com toda a dor e força existente.

Na sexta eu me isolei.
Tive medo de desbravar o mundo.
Me senti insuficiente de novo.
Um pânico surreal.

E como em todas as vezes.
Ele me mandou mensagem.
E tudo pareceu ficar bem.
E ontem, eu quis sair.

E realmente fui.
Queria aproveitar.
Mas como sempre.
Aquela dama vagabunda.
Sempre volta.
Me assombra.
Me destrói.

E me fez perceber.
Algo que sempre esteve nítido.
Mas que eu nunca havia visto.
Com meus graus variáveis.
De miopia.

Embora as pessoas digam.
Que gostam de mim.
Elas nunca.
Vão realmente gostar.

Minha ex dizia que nunca iria desistir.
Hoje é só mais uma pessoa.
Que me desestabilizou.
Com o jeito torto.
De me invadir.
E me rasgar.

Meu melhor amigo.
Só é meu melhor amigo.
Na internet.
Na vida real distorcida.
É tudo distópico.
Irreal.

A pessoa que sempre diz.
Que vai estar aqui para mim.
Foge quando eu apanho.
Daquela maldita.
E invariável.
Dama vagabunda.

Como eu.
Então.
Poderia acreditar.
Nas palavras bonitas.
Dos que dizem me amar?

Amor não se diz.
Se demonstra.
Aprendi isso com a minha mãe.
Que me amou tanto em palavras.
Que pouco se fodeu.
Em agir.

E novamente.
Eu vejo que.
Embora, seja violenta.
Essa dama vagabunda.
Sempre esteve certa.

No fim sou apenas eu comigo mesma.
E essa dama vagabunda.
Que me destrói.
Me invade.
Me faz companhia.
E me ensina.
Que eu não sou capaz.
De fazer ninguém ficar.
Essa dama vagabunda.

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