Capítulo 1

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Parte 1

Giovana

Continuamos conversando enquanto esperamos ele voltar, Murilo começou a chorar alguns minutos atrás e a Jess ainda tenta o acalmar, são sete horas quando o celular dela toca

*Oi Antônio!* ela atende

*Como assim não chegou?* logo percebo que estão falando do Henrique, levanto do sofá e pego Murilo

*Vou tentar também, tchau*

-"O que foi?" Morgana indaga

-"O Henrique não chegou na fazenda ainda" ela fala, sua cor foi drenada no rosto e meu coração tem um rolo compressor por cima

-"Tenta ligar para ele" falo andando com o Murilo que não para de chorar vou ter que chamar a Gabi

-"Não chama" Jess fala e senta

-"Ele deve estar sem bateria, furou o pneu do carro ou ele passou em algum lugar primeiro" Morgana tenta nos acalmar mas na verdade só piora minha situação, isso quer dizer que ela também esta preocupada e isso significa que tem algo a mais acontecendo, pego meu celular e ligo para ele, nada, ligo para Gabi e peço para ela vim aqui e trazer meu pai junto

-"Pode ser um pneu furado!" Jess levanta e começa a andar

-"Claro!" Morgana fala

Estamos esperando a meia hora, meu pai chegou junto com a Gabi, ela consegue acalmar Murilo que agora dorme serenamente

-"Mais uma hora e vou atrás dele" Jess fala

-"Não adianta ir" meu pai fala

-"Claro que adianta, ninguém consegue falar com ele, ninguém tem notícia de nada e a fazenda não é longe, ele já teria trocado o pneu e já teria saido de qualquer lugar e chego na fazenda" ela fala nervosa

-"Calma gente! Não podemos ficar pensando assim" Gabi fala colocando suas mãos nas minhas costas, não consigo falar, apenas fico esperando com os braços cruzados e rezando para que tudo esteja bem

-"Vou ligar para a polícia" Jess vai para seu quarto e volta alguns minutos depois -"Eles receberam um chamado a algum tempo de um rapaz loiro que..." ela começa a chorar, meu peito dói, preciso sentar logo -"Que perdeu o controle do carro e capotou morro abaixo" estou sem chão, sem ar, sem forças, meu mundo desabou assim como as lágrimas que me correm em meu rosto -"Eles estão procurando o carro" ela termina

-"Onde foi?" meu pai levanta e pega as chaves do carro

-"Não sei eu não entendi direito, mas conheço o caminho" ela soluça e Morgana a abraça

-"Vamos!" meu pai sai do apartamento, Jess e Morgana vão atrás dele

-"Você esta bem?" Gabi olha para mim

-"Não!" respondo e vou atrás deles, quase os perco mas meu pai me vê e espera

-"Ele vai estar bem!" ele fala -"Ele precisa estar bem"

Jess fala o caminho, pouco lembro então não consigo ajudar, logo vemos os bombeiros, uma ambulância e a polícia, ele tentou freiar, posso ver as longas marcas na pista, nessa parte não tem cordão de proteção, havia um monte de terra que o carro arrastou, sento no asfalto esperando que o rádio de algum deles diga que foi encontrado mas se passa uma hora e nada, a noite caiu e a apreensão só aumenta

-"Ta bom eu já ouvi que não tem informações ainda mas dá pra conseguir alguma coisa" meu pai está nervoso, ele anda e anda, é tirado algumas vezes do local para não cair também

-"Eu gostaria de ter senhor mas por enquanto ainda não" o policial fala e volta com os outros

-"Filha vem aqui" ele me chama, Jess me ajuda a levantar e quando o encontro o abraço forte -"Vai ficar tudo bem" ele beija meu cabelo e ficamos assim por alguns minutos

-"Sim, ta! Pessoal vamos manter a calma, ele está preso nas ferragens e perdeu muito sangue, pulso fraco" alguém fala

-"Encontraram?" meu pai pergunta para o policial

-"Sim, pegamos a carteira, é ele?" ele indaga mostrando a recém habilitação dele toda manchada de sangue, começo a chorar mais uma vez

-"É!" meu pai responde e me abraça mais forte

-"Fiquem calmos, estamos fazendo de tudo para trazer ele com vida" o homem sai

Dois descem com uma maca e várias bolsas de primeiros socorros, tentamos nos aproximar mas nos barram a todo instante, depois de vinte minutos a maca está aqui em cima e podemos ver apenas uma manta de alumínio parece envolta dele -"Ele teve uma parada no local quando retiramos, alguém aqui sabe o tipo sanguíneo dele?" um socorrista pergunta

-"A negativo" respondo

-"Tem certeza?"

-"Sim" conversamos a um tempo sobre isso

-"Obrigado" ele volta para a ambulância

-"Sem pulso!" uma mulher grita, todo ar é sugado dos meus pulmões -"Carrega em duzentos" ela fala -"Afasta" e ele leva um choque -"Vamos, volta" ela diz e massageia o peito dele, empurro alguns da frente para conseguir ver ele, o rosto todo coberto de terra e sangue, um corte na testa profundo -"Voltou!" ela fala e colocam ele na ambulância, saímos correndo para o carro e seguimos ele, da última vez que entrei nesse hospital alguém saiu morto, não será assim dessa vez

-"Pessoal se afastem por favor" ela fala para mim e Jess que corremos para perto da ambulância -"Logo saberão o estado clínico dele eu prometo" ela fala e ajuda a empurrar a maca para dentro, vamos para a recepção e esperamos, esperamos, esperamos

-"Oi" Gabi aparece depois de duas horas

-"Onde está o Murilo?" Jess indaga

-"Com a minha mãe, já falaram alguma coisa?"

-"Ainda não!" falo com a voz rouca

-"Ele teve duas paradas no local" meu pai fala

Não consigo ficar aqui esperando, sem saber de nada, levanto e vou para fora, acho um banco para poder chorar em paz, pego meu celular e olho nossas fotos, a última foi no aniversário dele, ele estava distraído comendo bolo, tenho uma do natal também, ele estava ao meu lado com a mão na minha cintura e um sorriso lindo nos lábios, a outra mão estava nos cabelos do Pedro, estávamos todos juntos e felizes antes que eu contasse que iria me mudar, tenho uma dele com o Murilo também, eu estava arrumando meu cabelo no salão e eles dormiram no banco, quero essa serenidade que consigo ver de volta, quero ele de volta, quero poder abraçar, beija, você precisa voltar para mim

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