Capítulo 83

14 3 6
                                    

Henrique

-"Oi! Tudo bem?" entrei no quarto em que a Gabi estava, depois de tudo que passamos e as preocupações o bebê dela precisa ser observado

-"Oi! Entra" ela sorriu, entrei e fechei a porta -"O Dani falou que volta com um bom café da manhã"

-"Encontrei com ele no caminho" respondi

-"Ela já acordou?"

-"Ainda não! É melhor ela dormir bastante agora"

-"Sinto muito pelo bebê, eu sei que você não sabia mas saiba que ela não fez por mal"

-"Eu sei! Seria incrível os bebês crescendo juntos" falei ficando mais perto da cama

-"Vem aqui!" ela estendeu os braços -"Prometo que se chorar eu não conto para ninguém"

-"Parece que eu atraio coisas ruins na minha vida" puxei o ar mais forte e tentei controlar meus sentimentos

-"Você não é assim! Você atraiu a minha irmã e desconheço alguém que te ame mais do que ela"

-"Eu digo de situações! Tudo que poderia dar errado, de alguma forma deu" sequei as lágrimas com o moletom que o Lúcio me trouxe noite passada

-"Eu imagino o quanto deve ser muito difícil mas tudo vai melhorar! Para vocês dois"

-"Espero que sim" falei fungando -"O único alívio que senti até agora é saber que ela esta bem, mesmo com tudo que ela passou, ter ela respirando é tudo que importa"

-"E o Gabriel? Mais alguma notícia?"

-"O delegado esta vindo aqui para falar com todo mundo, deve ser logo"

-"Só não entendo como ele mudou tanto e em um espaço de tempo muito pequeno! Óbvio que eu sabia que ela nunca iria deixar de te amar mas antes ele era carinhoso, ela me ligava dizendo que estava feliz, não consigo acreditar que uma pessoa pode mudar tanto assim"

-"As pessoas estão ficando cruéis! A empatia, o respeito, as amizades, tudo parece muito distante, mesmo com toda a tecnologia e informação disponíveis a qualquer momento, não parece ser o suficiente para mudar o pensamento de que o importante é a vida, o amor, a família. O ser humano esta cada dia pior"

-"Só precisamos que isso mude e mude logo"

-"Oi! Voltei" Daniel entrou no quarto -"Trouxe para você também padrinho e sua namorada esta acordada, conversando com a minha querida sogra"

-"Acho que ela precisa da mãe agora, posso ficar por aqui?"

-"Claro! Vamos comer"

Ficamos no quarto da Gabi por umas duas horas até que o delegado chegou e nos juntamos todos no quarto da Gi

-"Fica aqui" minha namorada bateu no colchão da cama quando parei ao lado do delegado, sentei ao seu lado e senti o aperto de sua mão delicada no meu braço

-"Primeiro, quero te dizer que quebrou cinco dentes, o nariz e a mandíbula do Gabriel!" ele falou olhando para mim, me senti muito bem socando a cara dele e agora saber que o estrago foi grande me deixa melhor ainda -"Segundo, é que ele não resistiu aos ferimentos causados pelo atropelamento e acabou falecendo aqui no hospital nesta manhã"

Todos ficamos em silêncio, talvez por alívio em saber que ele nunca mais vai pode machucar ela e que tudo isso acabou, as insônias, as medidas de proteção, as discussões sobre não poder sair sozinha, tudo isso teve um fim e me sinto aliviado por saber que ela esta segura

-"Preciso voltar até a delegacia, são muitos relatórios para preencher, espero que você fique bem"

-"Obrigada!" Giovana sussurrou e ele saiu

-"Bom dia família!" o médico entrou no quarto -"Vim entregar sua alta, recomendo que fique em repouso depois de todo esse estresse mas você ficará bem" ele colocou o papel da alta  na mesa

-"Obrigada!" Diana falou depois que Giovana apenas encostou sua cabeça em meu ombro

-"Se precisar é só voltar aqui" ele sorriu e saiu do quarto

-"Podemos ir para casa" Lúcio falou olhando para sua filha

-"Vou ficar com vocês" ela falou e vi algumas lágrimas caindo em seu rosto

-"Vou arrumar suas coisas na delegacia" falei e sai do quarto, ela tem muita ajuda para sair do hospital e eu também preciso de um espaço.

Dirigi até a casa da Jess e deixei meu carro com ela, andei até a delegacia e obtive informações de como recuperar o carro dela, passei boas horas lendo muitos papéis de liberação e quando finalmente consegui entrar nele, encontrei no banco de trás uma caixa, a peguei e abri, ali estava a roupinha que a Jess comprou de panda e a foto do ultrassom, passei muitos minutos olhando aquele lindo bebê e acabei imaginando ele vestindo aquela roupa, o nó crescente em minha garganta assim como em meu peito só me fizeram a dirigir até um lugar, onde eu sei que posso falar qualquer coisa e sei que quando sair dali estarei com o coração menos partido

-"Oi mãe!" sentei ao lado do túmulo e peguei a rosa que comprei no caminho e que estava dentro da caixa -"As vezes eu me acho um louco vindo aqui, sentar ao seu lado e ficar conversando, mas aqui é um bom lugar para ficar quando o meu mundo desmorona lá fora" peguei a foto na mão e sorri ao ver novamente aquele bebê minúsculo -"Esse aqui é o seu neto! O seu primeiro neto que ficou em nossa família por dois meses, ele é muito pequeno mas consigo ver que ele seria a minha cara! Você já é vovó e eu preciso que você cuide do meu filho aí onde você esta, preciso que diga para ele que os papais dele o amam muito e que sentiremos muito a falta dele mas que logo estaremos juntos. Estou falando ele por que eu sei que seria menino, nossa família tem poucas meninas então com certeza esse aqui é menino" apontei para a foto -"Você sabe que eu briguei muito com você por ter que sair da nossa antiga cidade e viemos parar aqui, essa minha raiva cresceu mais desde que a Lara me traiu, que meu pai te traiu, que você capotou o carro e morreu, que eu bati no meu pai e depois ele morreu também e agora com a morte do meu filho, eu poderia odiar essa cidade e colocar a culpa em você mas foi aqui que eu conheci a Jess, a Morgana e foi aqui que elas tiveram o Felipe, foi aqui que você me deu o Murilo e ele esta melhorando em seu comportamento, fico imaginando ele daqui alguns anos, começando a sair a noite e a namorar e acho que vou ser chato igual você foi comigo mesmo que por pouco tempo e foi aqui nessa cidade que eu conheci a mulher mais incrível do mundo, lembro quando você falou que ela seria a mulher da minha vida e por muito tempo eu duvidei disso, quando brigamos, quando ela foi embora, quando ela voltou namorando um babaca, mas agora eu sei que você sempre teve razão, ela é a mulher certa e agora ela deve estar chorando e eu não aguento ver ela sofrer, o certo seria ficar ao lado dela mas sou fraco para fazer isso e é por isso que estou aqui falando com você, por que eu precisei fugir pelo menos por hoje, para que ela tenha o colo que eu não tenho, que é o colo da mãe e é por isso que eu desliguei meu celular e pretendo ficar aqui até escurecer e essa dor passar um pouco" respirei fundo e olhei para o céu, azul e sem nuvens, uma boa temperatura -"Esqueci de te mostrar a roupinha dele" sorri ao levantar o pano -"Imagina ele engatinhando pelo chão usando isso"

Pequeno Tesouro ContinuaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora