Capítulo 30

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Henrique

01 de maio

Hoje é feriado, é uma da manhã e não me sinto bem, meu corpo esta doendo, minha cabeça parece que vai explodir assim como meu coração e meus pulmões, faz alguns dias que as dores tem me perturbado mas ninguém pode adivinhar que estou passando por isso, os monitores não se alteram, as enfermeiras dizem que estou estável e o médico também fala a mesma coisa, nos novos exames a tomografia esta normal, o eletro também, para eles estou me recuperando, apenas descansando para quem sabe voltar mas não estou bem, estou bem longe de estar bem, estou frustado, achei que a essa altura já estaria em casa e a cada dia que passa sinto ainda mais saudade da Giovana, ela não apareceu mais depois da discussão com a Jess, não culpo nenhuma das duas mas queria ela aqui, apenas de ouvir a voz dela tenho certeza que as dores passariam e meu coração deixaria de ficar apertado, sentir a mão dela na minha é tudo que mais quero agora no momento em que estou assustado, pensando que tudo vai acabar e não da melhor forma possível.

-"Vou dormir um pouco!" Morgana falou

Enquanto elas estão aqui comigo, gosto de ouvir o que elas tem para falar mas não gosto de me sentir sozinho então vou dar uma volta no hospital, vamos nos atualizar, a senhora que precisava do fígado acabou falecendo, seu filho não quis ajudar a senhora, Juliana a enfermeira grávida está mais do que feliz com seu bebê e seu novo noivo, o médico. Por conversas aleatórias dos corredores descobri que meu médico será pai pela terceira vez, é realmente o ano dos médicos terem bebês.
Com o feriado muitas pessoas saem de suas casas para aproveitar, uma folga sempre é bem vinda mas algumas pessoas passam dos limites e acabam se machucando, não que isso seja culpa desse casal que foi atropelado, há muitas pessoas aqui hoje e eu me divirto muito com os que chegam bêbados e hoje mais do que nunca preciso dar boas risadas

-"Lembra quantas o senhor ingeriu?"

-"Apenas uma enfermeira" ao ouvir a resposta do senhor ela sorriu

-"Claro!" ela respondeu e colocou um soro nele

-"Podemos ligar para alguém de sua família, para que eles não se preocupem com a sua demora" ela sugeriu

-"Não! Por favor não faça isso! Minha mulher me mata se souber que bebi de novo" acho que sabemos quem manda na casa dele

-"Eu preciso ligar senhor"

-"Ai!" ele lamentou colocando a mão na testa -"Dessa vez não vou passar a semana no sofa mas sim na casinha do cachorro doutora" não aguentei e acabei sorrindo da situação em que ele se encontrava

-"Espero que o cachorro não tenha pulgas" falei para ele ainda sorrindo de sua desgraça

Logo em seguida que a mulher dele chegou e o levou para casa um grupo de amigos chegaram muito piores do que o senhor que vai dormir com o cachorro, um dos rapazes que usava boné preto e estava com um calção jeans e uma camiseta preta conseguiu vomitar na pobre enfermeira grávida, virou um festival de vômito já que ela também não aguentou, deve ser pela gravidez pois esta acostumada a ver isso, Kevin estava no meio dos bêbados, ele veio me ver algumas vezes

-"Eu falei para parar antes que ela  chegasse" um dos cinco falou

-"Acho que fiquei solteiro e tudo culpa da bebida" o moreno falou

-"Pode ter certeza! Ela te jogou na piscina com um tapa na cara" Kevin riu do amigo

-"Esta marcado?" o moreno perguntou

-"Sim!" todos responderam

-"Marcas do amor meus amigos, marcas do amor" ele falou todo sorridente

-"Ou a falta dele!" Kevin falou e fez todos sorrirem inclusive eu, lembrei de quando vi a Giovana bêbada, foi em uma festa em que eu e a Jess fizemos, não estávamos nos falando pois ela queria um tempo para pensar e eu teria que dar mesmo contra minha vontade, ela estava usando um vestido preto de renda, uma meia calça, botas e uma máscara lembro perfeitamente como fiquei hipnotizado com ela entrando naquele lugar, esqueci de todas as pessoas ali presente, minha atenção era toda dela mesmo que devesse a manter longe, queria muito ter a beijado naquela noite mas seu estado de embriaguez era preocupante, prometi que nunca mais a deixaria sozinha e olha como estamos agora, ela morando em outra cidade estudando para ser uma profissional incrível e eu em coma causado por um acidente, ainda vou encontrar aquele desgraçado, aposto que nem foi ele que chamou socorro, deve ter fugido o mais rápido possível, por culpa dele estou aqui e ela lá.

-"Ela me ama e eu sei disso!" o rapaz falou com dificuldade gerando muita risada de seus amigos

-"Pronto! Agora vocês podem me acompanhar" uma médica falou com eles, agora que percebi que eles tinham alguns cortes pelo corpo, devem ter caído

Agora são quatro da manhã, as coisas se acalmaram por aqui, os bêbados ficaram bem e foram liberados, o casal que foi atropelado e teve apenas alguns ferimentos seguem internados em observação e a enfermeira Juliana finalmente parou de vomitar. Droga! Meu peito está doendo, não acredito que isso vai acontecer de novo, agora que parecia tudo bem, quando estava normalizando, quando o eletro não mostrou alteração nenhuma, merda! Voltei para o quarto o mais rápido possível, olhava para todos os quartos e estavam todos tão tranquilos, enquanto eu estava me sentindo tão mal, por que tinha que acontecer de novo, por que quando estou me sentindo bem tudo parece desmoronar e fazer eu começar do zero novamente, quero que isso termine logo, quero voltar para minha vida logo mais que inferno! Quando finalmente cheguei no quarto vi porque meu coração estava assim, vi porque as enfermeiras estavam monitorando, porque o médico estava ao meu lado, ele estava ali, ele tinha aparecido pelo menos uma vez

-"Salvem o meu filho!" meu pai falou alto para os médicos, senti meu coração bater mais devagar, estava mais calmo, não era nada demais, apenas mais um visitante

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