Capítulo 7

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Giovana

É segunda feira, o dia que começa minha aulas, depois de ontem minha cabeça não para de doer, já tomei diversos tipos de remédios mas não passa, as palavras cheias de raiva dela passam na minha cabeça a todo momento, não consigo me concentrar no meu trabalho, a manhã passa muito devagar e me tortura a cada segundo

-"Oi! Tudo bem?" Priscila pergunta

-"Não! Nada bem" falo apoiando meus braços no balcão

-"Se quiser me contar, para aliviar a pressão" ela sugere, desde o primeiro dia ela me ajuda com o que preciso e é muito simpática, ela pode se tornar uma amiga

-"Sabe que não sou daqui?" indago

-"Sim!" ela responde

-"Bom, na minha cidade eu tinha um namorado" não sei como contar

-"Tinha um namorado" ela me olha confusa

-"É que ele sofreu um acidente e está em coma nesse exato momento e mesmo assim, mesmo com ele em coma eu me mudei e segui com o que tinha planejado, meu sobrinho me odeia e a irmã dele me falou para ficar longe dele até ele acordar e eu se tiver interesse ainda posso voltar com ele, isso se ele quiser também" desabafo

-"Sua cunhada é um pouco braba" ela diz

-"Eles não são exatamente irmãos, eles sofreram um assalto que assassinaram os pais e irmão dela, Henrique ajudou ela no que foi preciso e eles se consideram irmãos, depois que a mãe dele morreu em um acidente eles ficaram ainda mais próximos"

-"Que horror, esses dois não tem muita sorte na vida, desculpa mas o que poderia dar errado, deu!" ela está chocada

-"Eu sei" admito

-"E o que vai fazer? Vai enfrentar ela ou simplesmente deixar para lá?" ela pergunta

-"Não sei, me sinto culpada por deixar ele mas não quero voltar e apenas ficar esperando quando posso estar aqui e começar a estudar"

-"Precisa escolher ou vai ficar cada vez pior"

-"Não posso esquecer ele assim" falo colocando a mão na cabeça

-"Então volte!"

-"Não quero voltar"

-"Então o esqueça!" penso sobre isso -"Você mudou!" ela diz

-"Como assim?" indago olhando para seus olhos negros

-"Você pensou quando falei para esquecer ele mas não quando falei para voltar"

-"Como você..."

-"Meio que aprendi a interpretar as reações do corpo, para mim está claro que não vai desistir da faculdade mas dele..."

-"Serei uma pessoa ruim se fizer isso?"

-"Não! Será uma escolha! E algum dia as consequências irão aparecer"

-"Posso ter certeza que se estudar vou ter um futuro" falo sinceramente

-"E ele pode morrer!" ela completa

-"Não fala isso por favor"

-"Você ama ele?" ela pergunta

-"Sim!"

-"Mas não é o suficiente" ela diz -"Conheço o seu tipo, não estou te julgando ou falando que é errado mas geralmente não terminam bem" ela faz uma pausa para analisar meu rosto -"Mas pode tentar" ela sorri

-"Minha vida esta de ponta cabeça, estou sofrendo muito e me sentindo sufocada a todo momento"

-"Melhor esquecer de alguma coisa antes que não faça bem uma e nem a outra" ela sai para atender um cliente que chegou, posso seguir seu conselho, se estou aqui então é por que meu corpo sabe o que é melhor para mim, tenho que esquecer dele, mesmo que isso rasgue ao meio todos meus sentimentos de amor

-"Oi, você pode me ajudar?" um rapaz fala e vou o ajudar, o restante do dia passa sem maiores problemas e pensamentos

Bloco C sala 201, minha primeira aula, a primeira sala que irei frequentar, meus colegas são muitos, devem ter uns cinquenta, não conheço e nunca vi nenhum deles, o que me deixa nervosa quando a professora entra e pedi para um colega apresentar o outro, isso é muito estranho, me sinto na primeira série do ensino fundamental, deveria ser assim? Quando chegar no final da aula ninguém vai lembrar de ninguém a não ser aqueles barulhentos que se conhecem

-"Posso ficar ao seu lado?" uma garota pergunta

-"Claro!" respondo sorrindo

-"Qual seu nome?"

-"Giovana e o seu?"

-"Luana!" ela fala -"Você é daqui?"

-"Agora sim, me mudei faz alguns dias" respondo

-"Também teve que fazer isso para estudar" Luana fala e olha para meu celular -"Quem é ele?" meu protetor de tela tem uma foto minha com Henrique no natal

-"Henrique" respondo

-"Seu namorado?" sim, não, não sei

-"É complicado!" respondo bloqueando a tela

-"Tudo bem! Eu não tenho namorado, caso queira saber" ela sorri e me junto a ela -"E não estou procurando" ela conclui

-"Ok" sorriu mais um vez

-"Quais outras cadeiras que faz?" ela indaga colocando sua cadeira mais perto da minha

-"Microbiologia, ecologia, anatomia, fisiologia" só de pensar em tudo acumulando no meio do semestre me da um arrepio

-"Menina as mesmas que eu vou fazer" ela sorri -"Pensamos as mesmas coisas"

-"É o que parece" falo

-"Você ta bem?" abro a boca para responder mas ela me interrompe -"A verdade, você parece ser uma pessoa tão legal mas nesse momento parece uma rosa murcha"

-"Esse rapaz da foto, ele esta me fazendo ficar triste"

-"Ok, quando ele aparecer por aqui mantenho ele longe e se precisar de força, pode deixar também" ela me faz sorrir mais uma vez

-"Obrigada! Mas ele esta em coma agora" o sorriso some do rosto dela imediatamente

-"Nossa, podia ter aliviado um pouco, o que aconteceu?"

-"Acidente de carro" respondo lembrando do caminho que o carro fez até parar

-"Sinto muito" ela fala

-"Ele vai ficar bem"

-"Claro que vai" ela diz

-"Muito bem! Agora que vocês conversaram um pouco está na hora das apresentações, pode ser dos lugares que estão" a professora instrui a todos

-"Que comece o show de horrores" Luana sorri

E assim foi, terrivelmente até que as dez horas chegaram, Luana adicionou meu número para nos encontrarmos amanhã antes da próxima aula que é de microbiologia, meus passos para casa são lentos, quando chego estou exausta do dia, estou morrendo de fome e não há nada pronto, o ponto fraco de se morar sozinha é que se não cozinhar não come, só queria ter algo pronto, decido parar de reclamar e cozinhar logo para ter até almoço amanhã

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