Pequeno Tesouro Continuação

Capítulo 5

Giovana

Depois de tomar banho, começo a preparar a lasanha para a janta, me assusto quando o interfone toca

*Oi* falo

*Oi, somos nós* Gabi fala e aperto o botão para abrir o portão, depois o outro para a porta do prédio, pego minha chave e abro a porta do apartamento, espero eles na porta enquanto eles sobem as escadas

-"Oi" minha mãe me abraça forte quando me vê, até parece que não a vejo a anos

-"Oi" falo e eles entram, mostro o apartamento e minha mãe e Gabi adoram, Pedro reclama com a falta de televisão

-"Por favor" Gabi fala com ele

-"Mas mãe..." ele fala mas ela o para

-"Não tem mas, chega Pedro"

-"Ta" ele sai da cozinha e vai para a sala sentar sozinho no sofá

-"Por que ele está assim?" indago mesmo sabendo a resposta, ele não queria se mudar

-"Mês que vem é o aniversário dele, Henrique estava conversando com Pedro para fazer uma festa mas agora..." as palavras dela me pegam desprevenida

-"Ele pode acordar até lá" minha mãe fala quando fico calada

-"Claro" forço um sorriso -"Como foi seu trabalho pai?" desvio o assunto

-"Foi bom, mesma coisa que fazia antes" ele fala, mas seu olhar esta no celular e sua mente longe

-"Mamãe, quero ir para casa"

-"Você não quer comer primeiro?" pergunto para o pequeno rebelde

-"Não, eu quero ir para casa" seus olhos estão cheios de lágrimas, visão que quebra ainda mais meu coração

-"Vem aqui" Gabi abre os braços e envolve seu filho -"Vamos para casa quando terminar de comer, você precisa ficar forte para a nova escolinha de futebol"

-"Henrique disse que já sou forte e que o treinador não sabia o que fazia"

-"Ele tem razão mas quando ele acordar vai querer te ver ainda mais forte" ela diz

-"Então quando ele acordar vamos voltar para casa?" ele fica animado

-"Não meu amor, agora aqui é nossa casa e vamos passar um tempo aqui"

-"Isso é tudo culpa sua, eu te odeio" ele grita comigo e sai do apartamento

-"Desculpa!" Gabi fala e vai atrás dele

-"Melhor ir" meu pai levanta

-"A Jessica está ligando" minha mãe aponta para meu celular

*Oi* atendo

*Oi* sua voz triste já faz minhas lágrimas começarem a cair *Ele teve outra parada, dessa vez foi mais fácil fazer ele voltar*

*O que o médico disse?*

*Nada que já não tenha dito, que temos que esperar ele acordar*

*E se isso não acontecer?* minha sinceridade me espanta

*Você pode ir para o inferno, ele vai voltar para mim* ela desliga, já vi ela braba mas não assim, estava junto quando ele falou que voltaria mas as vezes não temos escolha entre a vida e a morte

-"Ela desligou" falo para meus pais

-"Nós ouvimos"

-"Sou seu pai e preciso falar, se quer seguir sua vida tudo bem, se acha certo fazer isso mas não duvide que ele vai acordar" meu pai sai do apartamento também, o que há de errado comigo?

-"É impressão minha ou destruí a vida de todos aqui" começo a chorar, minha mãe me abraça

-"Não destruiu nada, estão todos nervosos, foram só palavras vazias" ela fala

-"Melhor ir com eles mãe, devem estar te esperando"

-"Não vou deixar você aqui desse jeito, vou avisar que ficarei aqui com você e não se atreva a dizer não" ela beija minha testa e sai

Vou apagar tudo de ruim que está acontecendo comigo, tenho que fazer isso ou não irei aguentar

-"Vamos fazer o que? Precisa de alguma coisa para amanhã?" minha mãe volta

-"Não, deixei tudo pronto antes" falo

-"Entende o que está acontecendo?" ela olha para meus olhos que ardem devido as lágrimas

-"O que? Que fiz todos ficarem brabos comigo?"

-"Não! O que fez poucos fariam, sei que não deve estar sendo fácil para você, para ninguém está, precisei fazer uma escolha também, quando era um pouco mais velha que você, antes era um pouco diferente,você estudava ou cuidava da sua família, eu fiquei grávida pouco tempo antes de começar na faculdade, tive uma escolha e escolhi minha família, a Gabi chegou pouco tempo depois e mudou minha vida como nunca imaginaria, depois veio você e só melhorou" ela faz uma pausa -"Poderia ter continuado, tentado fazer os dois ao mesmo tempo assim como agora as mulheres fazem mas não, sou muito feliz com essa minha escolha e não me arrependo de nada" ela passa a mão no meu rosto -"Quero que me prometa que será muito feliz com sua escolha, estou aqui do seu lado e sei que não é nada fácil mas sempre foi o que quis, não desista por nada" ela me abraça forte e alguns pedaços quebrados começam a se unir novamente

-"Obrigada mãe"

-"Não é pecado algum pensar em você, no seu futuro, antes de algumas coisas" ela ajeita meu cabelo

-"É o que está parecendo!" falo sinceramente

-"Você não obrigou ninguém a vir junto, ninguém veio amarrado, eles fizeram escolhas, basta saber se continuarão com ela"

-"Você vai continuar?" indago

-"Vou fazer o possível para te ajudar, fisicamente, psicologicamente, o que permitir que eu faça" mães são as pessoas que nos ensinam tudo que precisamos para a vida toda, mesmo com uma simples palavra elas ensinam

-"Eu te amo" falo a abraçando mais ainda

-"Eu também" ela fala, me assusto com o interfone, devo me acostumar com esse barulho

-"Quem será?" indago levantando da cadeira

-"Eu imagino"

*Oi* falo

*Pode abrir?* meu pai fala e abro as portas para ele

-"Meu pai" falo e ela revira os olhos

-"Sabe o quanto ele gosta do Henrique, ele sofre muito sabendo do coma" ela o defende

-"Eu sei, estamos todos assim"

-"Mas logo passa" ela diz com um sorriso reconfortante

Passamos algumas horas conversando, meu pai fica apenas sentado ouvindo e mechendo no celular, ela me ajuda a mudar mais algumas coisas de lugar e arrumar melhor meu quarto, tenho que comprar mais livros para colocar na estante e também uma televisão, não irei olhar muito mas quando tiver tempo quero ter essa opção, no final da noite eles vão para casa e pego no sono bem rápido