Aluados - Lua de Prata

Capítulo 2 - Lembrança Mais Feliz

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ALUADOS
Lua de Prata
Parte II

|Indústrias Dixon & Dixon – Canadá| | |Abril de 2020|
|22:45|

Milla Desaparatou no meio de seu escritório. Totalmente desamparada sendo incendiada pela sua raiva. Frustrada ao ver seu casamento com Alex se esvaindo como areia fina no vento.

Assistindo seu amigo Luke se afogar na escuridão das salgadas e frias pedras das celas de Azkaban. Sentindo o tempo corroer e aumentar o abismo que a distanciava cada vez mais daqueles que jurou lealdade eterna.

O ambiente era acolhedor, os detalhes talhados na madeira dos móveis feitos de cerejeira assim como a sua varinha, há tanto tempo sem uso, guardada ali em uma das gavetas de sua mesa polida e cheia de pastas e pilhas de documentos.
O piso encerado dava o brilho e o odor do local, as enormes janelas rodeavam as paredes livres.

A pequena sala circular costumava ser apenas um anexo da biblioteca de seu pai, mas foi o lugar preferido de Milla por toda sua infância, principalmente depois que ela e o irmão mais velho haviam descoberto uma passagem no assoalho que levava aos tuneis de fuga que seu pai construiu na época da guerra.

Era seu local seguro, como costumava dizer. Não havia portas, então apenas quem já estivera ali poderia aparatar em seu interior, ou quem conhecesse o antigo caminho pela biblioteca.

Ela se jogou confortavelmente em sua poltrona, ficava bem em frente a enorme estante de livros que ocupava o vão que daria acesso à velha biblioteca, bloqueando a passagem.
Tentando reorganizar os pensamentos. Os olhos param em um dos livros na prateleira mais alta. Um com marcas do tempo, timidamente desbotando de um profundo azul Netuno.

Como se acariciasse o ar, ela fez o Livro deslizar e descer até sua mão direita, e com a esquerda em um estalar de dedos acendeu o abajur ao seu lado.
A luz fraca iluminou um gasto livro azul, presente de um grande amigo em seu primeiro ano em Hogwarts.

Observou o velho diário por alguns segundos, em uma nostalgia agonizante. Estendeu em sua frente e o deixou flutuante.

Aquele mesmo velho amigo, anos mais tarde se tornou seu padrinho de casamento, e de presente enfeitiçou e transfigurou o antigo diário em uma majestosa Penseira.

Lá fora no céu estrelado a Lua saiu por detrás das nuvens, sua luz entrava pela janela e batia no rosto dela deixando sua pele com um tom perolado em contraste com seus olhos azuis. E então sua pupila se dilatou.

Milla tinha os punhos fechados e abriu seus dedos com lentos movimentos como se abrisse um leque. No mesmo instante o livro em repetição ao movimento dela, revelou suas paginas que não eram de papel.
Brilhava no lugar das folhas, um liquido prateado e viscoso, se tornava translucido em alguns lugares da superfície por onde corriam diversas linhas, todas tinhas a mesma caligrafia.

Ela aproximou o rosto cada vez mais perto enquanto ia passando os dedos na superfície como se folheasse finas camadas do liquido, Milla já estava envolvida em meio ao vapor sutil que se desprendia brilhante da Penseira.

Um torpor súbito lhe arrebatou, a visão turva, e o ar denso que inalava enquanto sentia seu corpo amortecer aos poucos como se caísse em um sono profundo,  foi tão longe no passado quanto era possível se lembrar e mergulhou em memórias.