Capítulo 4 - Mau Agouro

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════════ ◖◍◗ ════════ ALUADOS
Lua de Prata
Parte IV

|Bosque – Hogwarts|
|Junho de 2008|
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O sol que mais cedo havia brilhado forte anunciando o verão europeu e também a temporada de férias que se aproximava, havia agora sumido e dado lugar a um final de tarde nublado para a última aula de Trato de Criaturas Mágicas encerrando aquele ano letivo.

Todos os segundanistas estavam reunidos ao redor de uma enorme gaiola feita de bambus, dentro dela vários arbustos espinhosos se aglomeravam. Tantos olhares curiosos, cochichavam em pequenos grupos de alunos analisando a cena.

Milla, Thomas e Pietro estavam lado a lado próximos ao tronco de uma enorme arvore. E foi de cima dela que desceu o Professor Pellegrin, pendurado por um fio de luz amarelada que saia desde a ponta de sua varinha ate se prender ao redor de um galho no alto.

Mirko Pellegrin era um jovem adulto de descendência italiana, excêntrico de todas as formas possíveis. Os cabelos castanhos e um pouco grandes, pareciam penteados por ventos rebeldes.
Sempre vestia seu longo sobretudo roxo escuro por cima de alguma costumeira camisa de seda estampada. Em seu pescoço era visível na pele os desenhos tatuados que se prolongavam por seu corpo. Usava vários colares de contas coloridas que reluziam assim como os anéis por todos os dedos.
A barba rala e por fazer destacava em meio a seu cavanhaque o branco de seu sorriso luminoso.

Sua presença era sempre notável, fosse pelo marcante odor adocicado de folhas de malvas e mandrágoras que ele costumava queimar em seu cachimbo de prata, fosse pela voz rouca e carregada de sotaque mediterrâneo.

Ele adorava entradas triunfais, e os alunos já tão acostumados, ficavam ansiosos por suas aulas. Mirko tocou o chão suavemente sorrindo para todos.

Na sequencia iniciou a aula dissertando sobre uma criatura provida de asas que voava apenas sob circunstâncias de clima tempestuoso. Enquanto ouviam, todos esperavam atentos até a sua aparição.

O pássaro era magro e tinha um aspecto tristonho, semelhante a um pequeno abutre, o Agoureiro tinha cor preto-esverdeado. Saiu timidamente do arbusto no centro da gaiola, por entre os galhos cheios de espinhos. Ele pulava de um galho para o outro olhando para todos.

Mirko explicou então que era um animal dócil e inofensivo, porém carregado de lendas assustadoras. Nesse mesmo instante o animal abriu o bico soltando um angustiante e longo lamento, o som era de partir o coração. Dois ou três alunos se abaixaram com as mãos tampando os ouvidos, e então o som cessou.
     
Gotas de chuva começaram a cair. Mirko, ignorando a cara amarrada de alguns alunos se cobrindo com as capas, seguiu com a aula e o cachimbo prateado em sua boa de alguma forma continua a esfumaçar.

Agitou a varinha com a mão esquerda como se orquestrasse os bambus, eles iam se desprendendo e caindo para os lados desfazendo a gaiola.

- Como eu dizia, a única oportunidade de vê-los no céu é debaixo de uma tempestade, aqueles que saibam apreciar as belas artes da natureza, permaneçam, os demais estão dispensados.

Mirko tinha movimentos naturalmente teatrais. Ao terminar de falar alguns alunos já começaram a se retirar resmungando irritados, cobrindo a cabeça com livros. À medida que a chuva aumentava, outros iam saindo.

Aluados - Lua de PrataOnde histórias criam vida. Descubra agora