Nem tudo é azul

💙CAPÍTULO 3💙

💙Alicia:

       Eu realmente ia matar o Dylan. Talvez, não no sentido literal. Mas, de alguma forma, eu iria.

      Por que ele tinha que abrir aquela maldita boca? Era tudo culpa dele, se ele não tivesse falado "colégio interno", eu não estaria arrumando minhas malas nesse exato momento.

      Fala sério, entendia que minhas ações eram um pouco problemáticas, mas não merecia ser internada, muito menos ser disciplinada.

      Senti meus olhos encherem d'água, mas não ousei chorar e continuei jogando minhas roupas dentro da terceira mala. No fundo, sabia que nada daquilo iria adiantar, nem aquela merda de colégio tão bem conhecido pela sua disciplina iria me aguentar. Ainda mais agora que eu tinha sangue nos olhos para me vingar de Dylan... e Beatriz. Eu não poderia me esquecer de Beatriz. Pensar naquilo me deixava ainda mais frustrada, porque o que eu poderia fazer contra ela? Estaria há horas de distância.

 - Posso entrar? - me virei, vendo o rosto de Talyane no vão da porta.

      - Não. - voltei para a mala.

      E ela entrou mesmo assim...

      - Quer conversar? - se sentou na minha cama.

      - Não.

      Coloquei uma blusa preta com flores azuis na mala e caminhei até minha penteadeira, peguei meus cremes e joguei na mala. Depois, peguei as minhas maquiagens e também as joguei ali.

      - Coloca em uma bolsa separada. - Talyane se intrometeu.

      - Quem está fazendo a mala sou eu.

      - Chega, Alicia. - endireitou sua postura - Senta aqui e vamos conversar.

      - Eu não quero. - fiz um coque no meu cabelo, sem olhar para ela e voltei para o meu guarda roupa.

     - Para de ser mimada e vamos conversar.

      Suspirei, caminhei até a cama e me sentei, olhando para as minhas unhas pintadas com um azul quase preto.

      - Me desculpe pelo o que eu falei sobre você se casar. - minha voz saiu baixa.

      - Me desculpe por falar que você não era normal.

      - Eu não sou mesmo. - dei de ombros.

      - Você não é. - sorriu - Mas de um jeito bom... às vezes.

      - Não foi o que você falou na frente de todo mundo.

      - Eu estava brava, Ali. - respirou fundo - Ainda estou. Você é inconsequente, não pensa em nada antes de fazer, só arruma confusão e... Caramba!

      - Você acabou de falar que eu não era normal de um jeito bom. - semicerrei os olhos.

      - É que você é diferente e isso é bom... você só precisa de um cérebro melhor.

      - Um cérebro igual ao seu?

      - Talvez.

      - Deus me livre. - falei alto, fazendo ela gargalhar - Eu seria um robô e me casaria com o Dylan, e essas são as duas piores coisas do mundo.

      - O Dylan é lindo, Ali. - me deu um leve empurrão com o ombro - E eu não sou um robô.

      - O Dylan é horrendo. - me deitei na cama - E não me leve a mal... mas parece que você nasceu programada, isso é tão irritante. Realmente parece que nossos pais te programaram, você é perfeita e seguiu à risca o plano deles, vai até se casar com o Rodrigo.