Nem tudo é azul

🖤CAPÍTULO 10🖤

🖤Dylan:

Talvez eu até tenha ficado um pouco preocupado.

Por mais que não parecesse, eu sentia empatia. E ver os braços e o rosto de Alicia com manchas vermelhas, além da pequena crise de asma... bem, não tinha sido uma coisa muito legal de se ver. Por alguns minutos, me arrependi do que havia feito.
Mas, não tinha volta.

Por isso, imitei a expressão assustada dos outros e, quando voltávamos para o prédio escolar, prontos para a próxima aula que seria Filosofia, joguei a caixa de remédio no lixo ao lado do bebedouro. Olhei para os lados e, felizmente, ninguém prestava atenção em mim. Se bem que aquilo não adiantava muito, afinal, Alicia sabia que havia sido minha culpa.

Não a vi na hora do almoço, apenas observei Abigail conversar com o monitor e sair com uma espécie de marmita. O que imaginei que seria para Alicia... Mas aquilo não era nem um pouco do meu interesse. Precisava parar de pensar em tudo que tivesse relação com Alicia e fazer planos para sair daquele lugar. E, quando eu comecei a colocar meus pensamentos em ordem, uma voz me puxou para a realidade.

- Oi. - levantei os olhos do caderno e fitei o rosto levemente corado de Tainá.

- Oi. - sussurrei e voltei meus olhos para o caderno, já que a monitora da biblioteca não parava de desfilar ao meu lado.

Tínhamos que ficar ali das 14:30 às 16:00, resolvendo todas as tarefas que os professores haviam passado. O que eu, obviamente, não pretendia fazer.

- Esquisito o que aconteceu com a Alicia, não é? - a voz de Tainá estava muito baixa e eu tinha que me debruçar um pouco sobre a mesa para conseguir ouvir.

- É. - dei de ombros, tirando o meu chiclete da boca e o colando embaixo da mesa.

- Isso foi nojento. - levantei os olhos novamente e sorri, enquanto ela enrugava o nariz.

- Todos somos nojentos de vez em quando, linda. - pisquei, fazendo ela arquear uma sobrancelha e abrir um leve sorriso.

- Eu não sou. - suspirou, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Ok... ou eu estava ficando louco ou ela estava dando mole para mim.

- Duvido. - olhei em seus olhos - Você já beijou alguém na vida?

- Fiquem em silêncio. - Michael cochichou ao meu lado, mas apenas dei um leve soco no seu ombro.

- Sim. - ela respondeu, mordendo o lábio inferior.

- Sabia que são trocadas entre 10 milhões e 1 bilhão de bactérias durante um beijo? - olhei ao redor, vendo que a monitora caminhava novamente em minha direção - É nojento, mas todos que fazem se sentem felizes e realizados.

- Bom argumento. - ela abaixou a cabeça, escrevendo alguma coisa, enquanto eu fazia o mesmo e a monitora passava por nós.

- Sim, eu sei. - dei de ombros.

- Porém... - ela deslizou a mão pela mesa e tocou meu braço - O beijo também é excelente em diminuir o estresse, já que diminui os níveis de cortisol.

Que porra era cortisol?

Olhei para sua mão tocando meu braço, depois meus olhos passearam sobre seu rosto até a sua boca. Acho que aquilo seria mais fácil do que eu imaginava.

- Vi que entende do assunto. - puxei meu braço - Pena que aqui não podemos trocar bactérias, muito menos relaxar.

- Pelo amor de Deus. - Michael resmungou - Calem a boca.