💙Alicia:
Eu tinha que admitir... Dylan tinha sido genial! Como eu não tinha pensado em chegar batendo nas pessoas? Seria um ótimo jeito de mostrar que não queria ficar ali.
Não havia gostado daquele lugar. Por que os quartos tinham que ser tão brancos? Não tinham nenhum pôster pregado em cima das camas! E aquele uniforme... Quem tinha um mau gosto tão grande daquele? Eu não usaria aquilo, óbvio. Daria um jeitinho nele antes de colocá-lo em mim.
Abri um sorrisinho ao pensar em tudo que podia fazer não só no uniforme, mas nas paredes também. Senti os olhos de Abigail e Michael sobre mim e voltei encarar a porta fechada da sala da diretoria. Estávamos esperando Dylan sair para continuarmos nosso - super entediante - tour. Assim que fiquei sabendo da briga que ele tinha causado, comecei a rir, recebendo ainda mais olhares de julgamento. Na verdade, aquilo era o que eu mais havia recebido desde que pisei naquele colégio.
As pessoas sempre olham para o novo com aquela expressão de curiosidade e um certo tipo de nojo. O novo nos assusta. Mas, e daí? Se formos parar para pensar, tudo acaba nos assustando de alguma maneira. A solução é não deixar isso te levar e apenas seguir com essa droga de vida, afinal, já estamos emergidos nela.
A porta a minha frente foi aberta bruscamente e Dylan saiu por ela, com a cabeça baixa, logo atrás de Ronner e Valéria. Franzi o cenho estranhando o comportamento dele, mas logo abri um sorriso.
- Que ideia ótima! - falei, dando um murro no ombro de Dylan, que me olhou, mordeu seu lábio inferior e revirou os olhos - A minúscula parte do seu cérebro funcionou!
- Se contenha, Alicia. - Valéria falou, com a expressão mais séria do que quando havíamos chegado - Faltam apenas 5 minutos para o almoço, podem acompanhar Abigail e Michael até o refeitório.
- Ótimo! - Dylan levantou os braços, sem nenhuma animação.
- Sem brigas no refeitório. - os olhos de Ronner percorreram o rosto de Dylan, que continuou inexpressivo, e focou seus olhos em mim - O mesmo serve para você.
Dei de ombros, seguindo Abigail e Michael, enquanto Dylan vinha um pouco mais atrás. Saímos do prédio escolar e andamos pela pequena trilha até o próximo prédio.
- Seu cabelo é bonito. - fiquei impressionada quando Michael me elogiou - É diferente.
- Obrigada. - respondi, colocando minhas mãos no bolso da minha blusa. Eu também achava meu cabelo bonito e gostava de receber elogios, até estava acostumada a recebê-los. Mas, depois de todos os olhares que havia recebido no pouco tempo que estava ali, me senti desconfortável ao ouvir aquilo.
Por isso, diminuí o passo para ficar ao lado de Dylan.
- Quem foi a vítima? - perguntei - Você realmente conseguiu bater em alguém? Você parece um franguinho!
Claro que ele não parecia um franguinho fisicamente, só mentalmente.
- Cala a boca, geladinho de chorume.
- Eles falaram alguma coisa sobre expulsão? Ou só vão trocar você de quarto mesmo?
- Nenhum dos dois. - revirou os olhos - Agora cala a boca, você tem problemas maiores para se preocupar do que a expulsão.
- Não morrer de tédio? - tentei.
- Também. - ele parecia meio... triste. Podia contar nos dedos às vezes que havia o visto triste. Puto da vida ou irritantemente feliz, sempre. Dylan quase nunca ficava triste.
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Nem tudo é azul
Teen FictionOs pais de Dylan e Alicia sempre foram melhores amigos, por isso, planejaram suas vidas em quatro tópicos: •Casarem juntos; •Passarem a lua de mel juntos; •Terem filhos com idades semelhantes; •Casarem seus filhos. Seus planos deram certos...