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Londres 1956

A casa cheirava a cinzas, ser uma Goldflame era isso, nascer e viver nas cinzas, Mália era uma controladora do fogo, sua casa é feita de pedra e granito, nenhuma madeira para servir de combustível ao fogo que crepita em suas veias.
Seu avô fora um conjurador muito poderoso, fez jus a frase que diz que os Goldflames tem fogo nas veias, ele ainda está vivo mas não se lembra do próprio nome.

Finalmente chegara ao 1 ano, 1 ano de fogo é como dizem.
Faz 1 ano desde que Mália conseguiu lançar uma rajada de fogo em direção a mesa de jantar, ela não pegou fogo, pois era feita de granito cor de ébano como tudo na casa, ela viu os olhos de sua mãe brilharem ao ver a rajada passando a um centímetro de seu rosto, pela idade, Mália muito bem poderia ser simplesmente humana, já que atrasara um ano inteiro antes de ascender, e a família que tinha uma ''kamía mageía'' do grego, sem magia, era ridicularizada e discriminada, ter um desses na família significava que a linhagem estava corrompida, então a família começava a buscar em seus antepassados algum rebelde que tivera filhos com humanos.

Após receber a carta que confirmava sua ida para o Olimpo no ano seguinte, sua irmã se trancara no quarto por 2 dias sem comer e beber nada, apenas na companhia de sua salamandra de fogo. Ela era 1 ano mais nova que Mália, e tinha toda a certeza do mundo que ascenderia antes da irmã. Por fome e sede, Ayla foi obrigada a deixar o quarto, mas sempre que a irmã passava, lhe lançava olhares furtivos, como se fosse culpa dela!!

Mália sabia que seria a mais velha da turma, já que era extremamente raro alguém demorar tanto tempo para ascender, mas de qualquer jeito, ela não parecia ter 14 anos, era mais baixa que o normal e os seios ainda estavam pequenos comparado aos de Maya Sander que já frenquentava o Olimpo há dois anos e tinha a mesma idade de Mália, sinceramente, a garota só aturava Maya pois seus pais eram muito amigos, mas sempre que Maya se exibia com seus truques de vento, Mália mordia os lábios com toda a força para não falar algumas boas verdades na cara da ruiva, a irmã, Ayla, gostava de lhe encher o saco quanto ao seu famoso mal temperamento.

Mália podia ser considerada bonita, com seus longos cabelos louro avermelhados (motivo de inveja para Ayla) e olhos turquesa com um circulo dourado, olhos que só a família Goldflame tinha. Havia boatos de que quanto mais brilhante e dourado seus olhos fossem, mais poder você tinha, como o avô de Mália que possuía apenas um pontinho de turquesa nos olhos, já sua tia Kissandra, tinha olhos totalmente azuis e preferiu viver sua vida longe do fogo, se casando com um controlador da terra.

Aah, o avô de Mália, o homem mais poderoso e simpático que Mália já conhecera, isso antes dele começar a caducar, se esquecia dos nomes dos filhos e netos, e um dia se esqueceu de que era um Goldflame, e apartir desse dia, os olhos se tornaram desbotados e sem vida, mas anos antes Arnold Goldflame era um dos conjuradores mais famosos da Inglaterra, ele era capaz de não apenas controlar o fogo mas também conjurá-lo, o que o tornava um dos únicos conjuradores de fogo vivos, o fogo que ele conjurava podia adquirir qualquer cor e qualquer formato,e ele costumava fazer chover floquinhos de fogo azuis em volta das netas, quando elas eram mais novas. A medida que os anos se passaram, era cada vez mais difícil se tornar um conjurador, a presença do sangue humano nas linhagens aumentara, o que tornava o aparecimento de conjuradores extremamente raro.

Os Goldflames tem uma rixa com os conjuradores de água há anos, desde que um antepassado deles, tentara afogar um antepassado Goldflame, o que tornava as disputas do antigo conselho muito acirradas, já que Arnold tinha grande influência no conselho e vivia discutindo com SilverBlades e Bleeds, principalmente sobre a questão de a cada dia que se passava, as linhagens iam se tornando mais ''impuras'', ponto defendido pelos Silverblades (seres feéricos, família aliada aos Bleeds) e Bleeds (controladores de água)

*

O Olimpo é a única escola que ensina magia na Europa toda, mas muitas crianças ainda viajam de países longínquos para estudar nela, é a única também que permite que seres de todas as espécies convivam juntos.
Os estudantes passam o ano todo lá, e voltam para alguns feriados estendidos e para as férias, a não ser que você prefira passar as férias lá.

1 de Janeiro de 1957

Mália enchera duas malas enormes, recheada de livros, objetos que a lembravam lar e muitos mantas que sua mãe tricotara para ela, já que ''O Norte é muito frio em certas épocas do ano'', Mália apenas rira com essa afirmação, mesmo sabendo que seria muito difícil para ela sentir frio, ela aceitou as mantas da mesma forma, cobiçando o cheiro que a lembrava sua casa.

Mália desceu as escadas, pulando dois degraus de cada vez, apenas para se encontrar no meio da cozinha com sua mãe em pranto e Ayla tentando lhe consolar.

''Ela volta no próximo feriado, mãe, não se preocupe''

Ao se aproximar de sua mãe, Mália levou um olhar afiado e mortal lançado pela irmã e abraçou a mãe pelos ombros.

''Não se preocupe mãe, eu vou ficar bem, não era você que estava morrendo de ansiedade para me ver finalmente indo para o Olimpo?''

A mãe levantou a cabeça e lançou um sorriso fraco.

''Vocês tem razão, eu tô só... (ela fungou)... muito orgulhosa por você estar crescendo tão rápido'' e com essa ela voltou a chorar...

Mália suspirou e se levantou, deu um abraço e um beijo no avô em sua cadeira de rodas e seguiu até a porta, se virando para falar com a mãe...

''Venha logo mãe, não vai querer perder minha partida dramática''

Mesmo brincando, Mália entendia a mãe, ela também estava com medo.

A mae se levantou e correu atrás de Mália quase conseguindo bater com pano que residia em seus ombros, na cabeça de Mália.

''Não é por que está indo embora que significa que pode me manipular mocinha'' disse rindo e abraçando a filha. ''Tem certeza de que tem tudo que precisa minha pimentinha?'' Mália ruborizou com o apelido de infância mas apenas disse: ''Mãe se controla, vai dar tudo certo''

E dando-lhe um último abraço, se jogou no banco da frente do Crown Victoria ao lado do seu pai, e expirou alto tentando se acalmar.

                                                                                                     

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