Singularity | Taekook

Como tudo começou

Nosso encontro é como uma fórmula matemática.
Um mandamento religioso.
Providência do universo.

DNA, BTS

Fevereiro de 2013, Busan

Taehyung mordeu o lábio inferior ao entrar na sala de aula, sentindo seu pequeno corpo estremecer levemente em puro nervosismo e medo. Os alunos estavam quietos demais, todos reunidos para a aula. Talvez, pela demora que teve em encontrar a sala em seu primeiro dia naquela escola, o tempo passou e a aula já havia começado. Isso o deixou ainda mais nervoso. A professora notou-o, depois de alguns segundos ali parado, entre a porta e a sala, e pediu para que ele entrasse.

⸺ Você deve ser o aluno novo, certo? ⸺ o garoto balançou a cabeça em concordância, evitando manter contato visual com qualquer pessoa ali, pois ele sabia que estava sendo observado por todos os alunos. ⸺ Pessoal, esse é o novo colega de vocês que veio transferido de outra cidade, por favor o recebam com carinho. Entre. Pode entrar. ⸺ As crianças fizerem breves reverências com a cabeça, totalmente desinteressadas no garotinho magro e aparentemente tímido demais que entrava devagarzinho na sala. ⸺ Agora apresente-se para a turma, querido.

A professora fez um gesto amplo indicando a sala, e esperou pacientemente que o garoto virasse seus olhos para a turma e, enfim, erguesse o rosto. Ele o fez e arrependeu-se instantaneamente já que sua atenção foi diretamente capturada por um par de grandes olhos negros que pertenciam a um garoto de pele branca e expressão indecifrável.

⸺ E-eu... eu... ⸺ obrigou-se a desviar os olhos do menino, focando num cartaz colorido atrás dele e respirou fundo, recompondo sua pouca coragem. ⸺ E-eu me chamo... me chamo Kim Taehyung e, eu era de Daegu, m-mas... mas eu não sou mais...

Sentiu seu rosto queimar como uma brasa ao perceber quão idiota suas palavras soaram, mas ninguém falou sequer uma palavra sobre isso. A professora lhe indicou um lugar no fim da sala com um sorriso amistoso e Tae acomodou-se ali, grato por não estar perto o suficiente de ninguém e assistiu a aula em silêncio.

Uma semana inteira passou-se no mesmo ritmo. Taehyung odiava ir à escola, não porque sofria bullying ou algo do tipo, mas, simplesmente, porque sentia-se sozinho demais. Sempre teve muitos amigos em sua antiga cidade. Sempre fora um garoto energético e animado, mas ali... ele não conseguia ser nada. A perda de seu pai ainda afetava-o de forma a deixá-lo cada vez mais preso em sua bolha de isolamento.

E ele pensava que seria assim durante todo aquele ano.

Mas, em uma terça-feira, numa aula de artes qualquer, o professor Kim Namjoom pediu para que a sala se dividisse em trios para um trabalho de desenho. Taehyung preparou-se para fazer o desenho sozinho, como já havia se acostumado a fazer tudo, mas duas pessoas se aproximaram dele com lápis e folhas nas mãos.

⸺ Oi. Vamos fazer o trabalho juntos já que você está sobrando ⸺ uma garota baixinha falou com desinteresse demasiado para quem estava se oferecendo, seu tom meio irritado fez com que Taehyung fizesse uma careta inconsciente.

⸺ Vai com calma, Chae ⸺ disse o garoto que acompanhava a menina. Ele dirigiu sua atenção para Taehyung e ofereceu-lhe uma expressão simpática. ⸺ Oi, garoto, eu sou Kim Minjae e essa é a Lee Chaeyeon. Nós podemos fazer o trabalho com você?

Por um momento, Taehyung só fora capaz de abrir a boca devagar, confuso, desviando os olhos de um para o outro como uma peteca em pleno jogo.

⸺ E-eu... eu acho... ⸺ não conseguiu terminar a frase porque a porta da sala foi aberta com um rangido alto e um garoto muito atrasado entrou, apressado e até meio desengonçado. Taehyung sentiu um frio em sua espinha enquanto observava o garoto pedir desculpas afoitas ao professor, este que o mandou escolher um grupo para entrar.