Singularity | Taekook

Taehyung

Em um parque melancólico.
Canta um pássaro sem nome.
Onde você está?

4 O'Clock, V & RM

2018, Seul

Tranquei a porta do quarto, encostando as costas na mesma, deslizando por ela até o chão frio. Minha respiração estava descontrolada e meus olhos tão molhados pelas lágrimas que caíam dos meus olhos que achei que seria possível inundar meu quarto com elas. Soluços me escapavam, chacoalhando meu corpo, fazendo minha cabeça girar e girar.

E meu coração... Eu achava que já não o tinha mais.

Não era justo que doesse tanto me afastar de Jungkook, fingir que essa era a decisão certa, por mais que cada centímetro de mim gritasse por ele. Não era a primeira vez que acontecia, mas porquê doía tanto? Por que as coisas não podiam simplesmente se resolver?

[...]

⸺ Taehyung-ah...? ⸺ Ouvi a voz de Jimin chamando-me ao longe, quase como um sussurro. Eu estava sonhando? ⸺ Taehyung-ssi? ⸺ Respirei em resposta. ⸺ TaeTae... Você está ai? ⸺ Eu estava, mas não estava, ao mesmo tempo. ⸺ Você precisa ir pra aula... o sinal já tocou há alguns minutos. Você nunca se atrasa, Tae.

Era verdade. Me levantei do pequeno banco que estava sentado ao lado de Jimin, tropeçando em meus próprios pés, e meu amigo me segurou até eu me estabilizar. Ele tinha uma expressão preocupada no rosto quando eu comecei a caminhar.

⸺ Está tudo bem, Jimin-ssi ⸺ menti descaradamente. ⸺ Vá para sua aula, Hobi deve estar entediado sem você.

⸺ Eu tenho certeza que não ⸺ ele disse, sério, claramente referindo-se às duas afirmações que eu fiz. Respirei fundo, dando o melhor sorriso que fui capaz de esboçar.

⸺ Ei, eu sei que você costuma faltar muitas aulas mas não faça isso por minha causa, vou me sentir mal, ChimChim.

Dei um tapinha em suas costas, indo para longe dele o mais rápido que consegui sem parecer desesperado, e minha tática pareceu funcionar, mesmo que a expressão preocupada continuasse em seu rosto, ele foi embora.

Fui para a aula sentindo-me leve como uma pena e, pela primeira vez, levei uma pequena bronca pelo atraso. Mas eu não me importei. Não me importei com as aulas que se seguiram, nem com o horário de intervalo. Não prestei atenção no restante das aulas e muito menos no caminho, quando já estava saindo da faculdade. Bati em alguém no trajeto, quase indo ao chão e levando-a comigo, a pessoa resmungou irritada.

Não era assim que eu imaginava a minha vida, aos 19 ⸺ quase 20 ⸺ anos de idade, no segundo semestre da faculdade de fotografia, com o coração partido mais uma vez, pela mesma pessoa. Quão idiota eu era por simplesmente ainda me deixar manipular por ele? Ou quão apaixonado eu era capaz de estar a ponto de ainda desejar que tudo se acertasse entre nós?

Saí de cabeça baixa, indo até o ponto de ônibus e demorei alguns minutos para perceber que Min Jae não estava lá.

Eu precisava vê-lo, essa era a única forma de não pensar em Jungkook. Estava ansioso, batendo os pés no chão e quase roendo as unhas. Mesmo sabendo que usar uma pessoa para esquecer outra era sujo e inconsequente, não era como se eu tivesse muitas opções, pois Min Jae era como uma âncora que me segurava no lugar, impossibilitando-me de correr atrás do homem que roubou e despedaçou meu coração. Seria sempre assim, percebi. Sempre o mesmo enredo que iminentemente nos levaria ao mesmo final. E esse final não era feliz para nenhum dos personagens.