Jimin

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Estou tremendo e com medo, mas continuo segundo em frente.

Epiphany, Jin.

2018, Seul



Levei o copo à boca e dei o primeiro gole. Com apenas mais alguns copos eu estaria completamente bêbado, pronto para esquecer qualquer problema que atormentasse minha mente ⸺ tais que não eram poucos ⸺ , mas parei a centímetros da boca, o copo tocando meus lábios pelo vai e vem de minha mão trêmula. Por algum motivo que eu desconhecia, não consegui beber. Um enjoo me fez colocar o copo de volta na mesa e me levantar em um impulso, indo até o lado de fora respirar um pouco de ar puro. Hoseok me seguiu com uma garrafa nas mãos, ele também estava quase bêbado.

⸺ Precisamos ir embora, hyung ⸺ Hobi me encarou confuso, franzindo as sobrancelhas.

⸺ Mas já, Jiminie?

⸺ Já, hyung ⸺ tomei a garrafa de sua mão e a empurrei na direção de alguma pessoa que passava, puxando meu amigo de volta para casa.

Algo estranho estava acontecendo, eu podia sentir em meu peito, como um nó cego apertando-se cada vez mais. Por isso segui o caminho sem parar, mesmo diante dos protestos de Hoseok. Eu não sabia o que aquilo significava, mas logo logo eu iria descobrir.



[...]


A porta da nossa casa estava aberta enquanto a chuva molhava lá dentro. A bolsa de Taehyung estava jogada na entrada, assim como seu celular estava no chão e alguns objetos estavam fora do lugar, o que não era ⸺ nem em sonho ⸺ algo comum.

⸺ O que aconteceu aqui? ⸺ Hoseok observava a bagunça boquiaberto, desviando da água que escorria para dentro. Meu coração bateu descontrolado no peito, assim que comecei a gritar por Taehyung pela casa. Ele não respondeu. Corri para o andar de cima, vasculhando cada lugar, cada quarto, cada cantinho... Mas ele não estava lá.

Corri de volta até a sala onde Hoseok também procurava.

⸺ Ele não está aqui, Jimin.

Hobi estava nervoso, suas mãos estavam tremendo, eu não estava menos abalado, mas apertei suas mãos tentando consolá-lo.

⸺ Vamos encontrá-lo, hyung.

Eu o puxei para a rua, não me importando com a chuva, gritando o nome de Taehyung a plenos pulmões, correndo o mais rápido possível. Hoseok parou depois de um tempo, as mãos nos joelhos, ofegante e encharcado.

⸺ Vamos, hyung! ⸺ Tentei lhe ajudar, segurando seu braço, controlando as lágrimas que insistiam em queimar os meus olhos. Então escutamos um grito esganiçado, vindo um pouco mais à frente de onde estávamos. Eu corri primeiro, sendo acompanhado por um Hoseok atrapalhado. Taehyung estava caído no chão, completamente encharcado e chorando, o joelho sangrando.

⸺ Taehyung ⸺ me aproximei dele em estado de choque, as lágrimas finalmente caindo livres pelo meu rosto. Hobi já soluçava baixinho, cobrindo a boca com as mãos. O rosto do meu amigo estava pálido, sua pele quente, mesmo com a chuva caindo sem trégua em seu corpo. Ele estava fraco, debilitado, e eu sabia que ficaria doente assim que ele apagou em meus braços.

Mas não era só uma doença física, eu sabia, era ainda pior do que isso.

[...]

⸺ Na cama dele, hyung ⸺ eu disse, quando Hoseok fez menção de colocar Taehyung no sofá depois de termos carregado ele de volta à nossa casa.

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