Jungkook

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Tudo. Você é meu tudo

I Need U, BTS



2018, Seul

A casa imponente erguia-se diante dos olhos curiosos de Taehyung, aquele brilho encantado dançava em sua íris castanha, colorindo seu rosto de admiração e nervosismo. Caminhamos juntos pelas escadas que levavam à porta, ele analisou o pequeno jardim ao lado, as flores coloridas que formavam uma pequena fileira no canto da parede, a grama verdinha que cercava toda extensão da entrada. Remexeu os dedos inconscientemente, retorcendo-os, me fazendo perceber que suas mãos não estavam nas minhas. Onde deveriam estar.

⸺ Sua casa é linda, Jungkook ⸺ ele murmurou, nervoso, talvez para quebrar o clima tenso que pairava no ar, mas suas palavras soaram tão conhecidas aos meus ouvidos... Ele estava lá novamente, na minha casa, depois de quatro anos.

Era como se estivéssemos vivendo um dejavu.

⸺ Vai ficar tudo bem, hyung ⸺ garanti, com um sorriso frouxo. Peguei suas mãos e as acomodei entre as minhas, em nosso encaixe perfeito, no nosso próprio mundo.

⸺ Sua mãe está em casa, não é? ⸺ As palavras saíram nervosas e trêmulas. ⸺ Você disse que ela mal falou com você nesse tempo. Se ela me colocar pra fora? Se ela te colocar pra fora? E se...

⸺ Não vai acontecer nada, Taehyung ⸺ apertei suas mãos, puxando-o para mais perto e mostrando em meus olhos a certeza de que tudo ficaria bem.

Era verdade que minha mãe havia me evitado desde o dia em que contei tudo que precisava e ela fez o mesmo. Mal nos falávamos quando estávamos juntos e ela fazia de tudo para ficar no hospital por tanto tempo quanto podia. Mas, por incrível que pudesse parecer, a atmosfera entre nós não era a mesma de antes: tensa e pesada. Havia um ar leve no ar agora, uma liberdade que há muito tempo eu não sentia em minha própria casa.

Aquele peso invisível que eu carregava já não existia mais, havia enfim desaparecido junto com todas as mágoas que meu passado levara.

⸺ Tudo bem... ⸺ Ele quase sussurrou.

Dei um último aperto em sua mão antes de abrir a porta e puxá-lo para dentro. Tiramos os sapatos e calçamos chinelos felpudos que estavam dispostos na sapateira no hall de entrada. Taehyung deixou seu grande casaco pendurado no mancebo ao lado da porta, esfregou as mãos umas nas outras, olhou ao redor e quase voltou a contorcer os dedos mais uma vez, segurei-o mais rápido e o conduzi pelas escadas até meu quarto.

Ele observou tudo minuciosamente, olhando cada detalhe como se quisesse decorar cada pedacinho. Seus olhos foram às prateleiras repletas de livros e gibis, ao guarda-roupas modesto ao lado de uma penteadeira de madeira escura e desviaram-se para o tapete fofinho ao lado da cama de casal envolta em lençóis brancos. A mesinha de cabeceira tinha um livro e fones de ouvido esquecido, ao lado da porta do banheiro havia uma mesinha com minhas mochilas organizadas e a mochila que Taehyung esquecera em minha casa há tanto tempo.

⸺ É tudo tão... igual.

Ele finalmente desviou os olhos para mim, o brilho lindo exalando de cada parte de seu rosto. Ele tinha razão. Tirando a cor das paredes ⸺ que antes eram tingidas de azul e agora eram completamente brancas ⸺ tudo estava exatamente como há quatro anos atrás.

⸺ Minha mãe tem essa mania estranha de organização ⸺ um risinho escapou dos meus lábios. ⸺ Você... gostou?

Eu estava me esforçando para passar certeza de uma normalidade para ele, para ser sua âncora dessa vez, mas no fundo eu também estava nervoso, estava apavorado com a ideia de que algo poderia acontecer de errado e estragar tudo que eu reconquistei com Taehyung.

Singularity | TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora