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Foi por um triz. O que estava acontecendo ali? Parecia que estávamos dentro de uma bolha só nossa, como se nada nem ninguém ao redor existisse, somente nós dois. Olhei bem para o rosto de Lázzaro mais uma vez, percebendo seu maxilar enrijecido e seu aperto na minha cintura ser um pouco mais forte antes de me soltar de vez.
Meu corpo estremeceu. Por tudo que senti.
Os lábios começaram a soltar palavrões baixos, antes de se afastar ainda pude sentir a respiração acariciando minha pele. Os mesmos lábios que pensei que iriam encostar nos meus, agora já não estavam mais tão perto.
Eu estava tão pronta para que ele me beijasse, pensava como seria ter ele assim. Será que eu conseguiria atender suas expectativas? Um beijo com ele seria lento ou mais agressivo? Quase chorando de frustração eu me afastei também, observando-o enquanto ele olhava para baixo ao redor da lancha.
— Eu verifiquei essa merda na semana passada! — grunhiu, ele estava muito bravo.
— Calma, pode ser que alguém tenha batido nela e não deu o devido suporte. — tentei acalmá-lo.
— Se eu pego o desgraçado... — murmurou.
Talvez eu saiba que bem no fundo, havia outro motivo para sua irritação extrema. Afinal, ele tinha dinheiro para concertar ou comprar cem lanchas daquelas. Será que ficara aborrecido por terem arruinado nosso quase beijo? Eu poderia apostar que sim, no entanto minha baixa autoestima não deixava que tal pensamento fosse adiante.
Eu gostava demais daquele homem. Lázzaro conseguia fazer meu coração acelerar e fazer-me derreter com apenas um olhar, eu estava tão apaixonada... E pensar que ele poderia estar bravo por terem interrompido nosso momento, me deixava com alguma esperança que ele pudesse sentir pelo menos afeto por mim. Talvez um carinho especial.
Sei que não deveria me contentar com tão pouco, mas para quem nunca teve nada na vida nos últimos três anos, era preferível. Sei também que existia algo acontecendo com ele, Lázzaro estava passando por alguma coisa bem ruim que o deixava desolado, ainda não sabia do que se tratava mas iria descobrir a qualquer custo.
Já havia decidido bem dentro de mim que fingiria não sentir nada por ele, que faria o possível para esconder como ele abalava-me intensamente, para que não me expulsasse novamente e eu tivesse a chance de entrar, de desvendar o mistério que era a vida dele. Já que eu gostar dele o espantava tanto, precisava saber o motivo disso.
— E o que você vai fazer agora? Posso ajudar em alguma coisa? — perguntei-lhe sem saber mais o que dizer no momento.
— Acho melhor você ir embora agora. — meu peito contraiu. Olhei para ele com chateação, ele pareceu não notar.
— Por que? Se foi você quem me chamou para subir. — apontei.
— Antes o meu barco não estava fazendo uma sujeira terrível no oceano. Preciso ligar para a equipe de revisão agora, não terei como te dar atenção. — ralhou, fazendo-me abaixar a cabeça.
