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Mais cedo naquele dia...

Enquanto Lia cuidava dos animais alegremente em seu trabalho, só conseguia pensar em Lazzáro e em como estava feliz por ele ter descoberto toda a verdade, por ele ter a chance de se recuperar, por estarem juntos sem barreiras agora e em como o amava tanto que até doía o peito. Juntando a isso também não conseguia mais ignorar o aperto no peito que estava sentindo desde o raiar do dia. Estava com um pressentimento ruim que só aumentava a cada instante.

— Lia, você pode fazer os pedidos dos produtos para mim hoje? — Michael perguntou evitando contato visual com ela.

— Claro. — a jovem apenas assentiu. — Onde está o papel?

— Aqui. — entregou a ela uma prancheta com tudo que estava faltando.

Lia terminou com os animais lá dentro e se encaminhou para a recepção onde tinha o computador para assim começar a digitar. Enquanto o fazia, começou a sentir suas pernas ficarem fracas, um vazio no estômago a ponto de suas vistas escurecerem. Respirando fundo ela se apoiou na bancada até passar, algo que demorou quase dois minutos.

Sua mente ficou bagunçada ao se dar conta de que suas suspeitas estavam cada dia se comprovando por si só. Há dez dias Lia percebeu o atraso do seu período menstrual, fisgadas na região do útero, dores nos seios, enjoos e sono constante. Não era tola de não saber do que se tratava e por isso em seu horário de almoço iria até a farmácia mais próxima comprar alguns testes de gravidez.

Estava tensa quanto a isso, é claro. Mas o que esperar de pessoas que fazem sexo sem proteção? Gravidez. Ou talvez nem seja isso, o pior são as doenças mas no momento não queria pensar em coisas ruins, e um bebê não era algo ruim, não para ela que sabia quem era o pai e tinha a plena certeza de que ele ficaria feliz com isso. No fundo estava ansiando aquilo, por uma parte de Lazzáro – amor de sua vida – dentro dela. Seria uma felicidade sem fim.

Após a vertigem passar, terminou de realizar os pedidos e foi para seu horário de almoço, onze da manhã. Enquanto caminhava até a farmácia, Lia olhava em volta as famílias a brincar na praça da cidade, mães e pais sozinhos com seus bebês, a alegria e os sorrisos eram os mais puros que ela já vira antes e isso só fez seu desejo de estar grávida se expandir.

Alguns minutos depois lá estava ela. Lia se encontrava sentada em um banquinho dado pela farmacêutica enquanto chorava litros, as mãos tremendo, o coração acelerado ouvindo atentamente as explicações da mulher.

— Agora você precisa se acalmar... Beba essa água, irá te ajudar. — a moça disse auxiliando-a.

— Você tem certeza que dois risquinhos é positivo? — conseguiu perguntar.

— Sim. Esses três testes deram dois risquinhos, você está grávida. Mas para cem por cento de certeza, deve ser feito um exame de sangue. Se sente melhor? — Lia assentiu.

— Obrigada. — limpou as lágrimas mal acreditando que estava começando a crescer um bebê dentro dela.

A mistura de sentimentos que começou a se apossar do seu interior foram indescritíveis, tão boas e puras que quase conseguiram anular o aperto de mais cedo. A felicidade somada ao amor que sentia por Lazzáro davam sentido e início a um grandioso sentimento ali. O amor de uma mãe.

Após se acalmar e efetuar o pagamento do que comprara, saiu andando de volta para o trabalho, porém não conseguiu chegar a tempo antes que esbarrasse em um corpo masculino. O corpo gelou.

— Olha quem apareceu. — Hayden exclamou alto evitando que ela desse mais um passo. A moça olhou para ele assustada.

Durante aquelas duas semanas, ela tentava fugir dele como o diabo fugia da cruz, mas naquele dia ele conseguiu achá-la e pior, já sabia de tudo. Nádia havia seguido Lazzáro até a casa de Magdalena quando foi se reconciliar com Lia e os viu juntos, fazendo assim toda a conversa da jovem com Hayden no restaurante ser mentira.

Não Pode Me Amar (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora