Lia Hamilton
Estava tudo muito maravilhoso até Lázzaro se levantar de forma seca e se despedir de mim friamente. Todo o afeto que ele parecia sentir por mim, desapareceu uma vez que não estávamos mais na cama. Então ele foi embora, levando meu coração junto sem saber. Lázzaro foi embora pensando que fora apenas mais uma noite fingindo amor, quando para mim nunca foi mentira.
Mais tarde eu me levantei após uma noite em claro, com várias coisas martelando minha cabeça. Tomei um banho, vesti a roupa do trabalho e desci para encontrar Magdalena para o café da manhã.
— Bom dia! — cumprimentei-a receosa que ela tivesse ouvido algo a noite.
— Bom dia. Você não parece bem. — apontou bebendo seu café.
— Eu estou bem sim. — fora a dor no meio das coxas e no coração.
— Hoje ele irá se mudar. — falou olhando para mim na intenção de ler minhas expressões.
Eu não consegui olhar muito tempo para ela, pois a visão materna que eu tinha estava a cada dia mais intensa e só de lembrar que minha mãe conhecia como eu era por dentro apenas pelos meus olhos, me fez querer chorar. Eu não resisti, abaixando a cabeça na mesa eu chorei.
— As vezes eu me pergunto, qual o sentido da minha existência. — murmurei de forma melancólica — Eu sou tipo um nada, sabe Mag? Eu me sinto assim. As vezes parece que se eu existir ou não, não fará diferença para ninguém pois nunca alguém lutou por mim ou fez questão de mim. Eu estou tão cansada de viver sem nenhum sentido! — explodi num choro silencioso mas que doeu cada pedacinho do meu coração.
Porque era assim que eu me sentia, sem propósito para viver, sem o amor de ninguém, sem uma família, sem nada. Eu não tinha nada e consequentemente me sentia um nada.
— Lia, menina! Nunca mais fale algo assim. Você é especial para mim, você está sendo como uma filha e eu vi a diferença em você desde quando te vi pela primeira vez, vi a bondade que não vejo em muitas pessoas há anos. Eu te amo e você tem a mim, você é forte por tudo que passou, você é linda, é simpática, você tem valor, você não é um nada! Você é maravilhosa e não precisa de ninguém para dizer isso, é só se olhar no espelho e reconhecer que queira ou não, você é incrível! — Magdalena se levantou e me apertou em seus braços.
Foi um abraço tão gostoso que me fez chorar mais ainda. Eu queria ela para sempre na minha vida, queria que fosse como minha mãe que eu perdi, eu necessitava de saber que alguém gostava de mim, que me queria por perto. Isso era porque meu psicológico estava abalado, traumatizado pelas coisas que passei nós últimos três anos e o que eu ouvia.
— Não sei o que te dizer. Muito obrigada por tudo que fez e está fazendo por mim. — agradeci olhando dentro dos olhos dela e segurando forte suas mãos.
Depois de mais alguns minutos de conversa, deu meu horário. Senti a luz forte do sol que estava fazendo, na minha pele. Enquanto eu caminhava calmamente até meu local de trabalho. No caminho vi casais, famílias de todos os gêneros, tão bonitos, felizes. Senti um aperto no peito, uma sensação de que talvez eu nunca teria, visto que o homem a quem eu queria, não estava disposto a entregar o coração e muito menos me deixar amá-lo.
Estava distraída pensando quando não percebi alguém se aproximar de mim.
— Oi! Quanto tempo, fujona. — olhei para o lado e vi Hayden.
Minha vontade de xingar ele começou a ameaçar dentro de mim, mas então lembrei-me da conversa de Nádia, fui tão astuta que mal me reconheci. Mas desde o início soube que Hayden queria algo contra Lázzaro, desde que o mesmo ficava me perseguindo e perguntando sobre ele.
Era a minha chance de descobrir o que Hayden e Nádia estavam tramando.
— Ah, oi Hayden. O que está fazendo aqui? — fiz o máximo esforço para não demonstrar antipatia.
— Eu moro aqui perto, estava indo até a padaria tomar café da manhã. Você está tão diferente. Tão bonita, mais do que antes, claro. Não que antes você não fosse. Mas acho que você entendeu. — falou enquanto andava ao meu lado com as mãos dentro do bolso da calça.
— Obrigada. Eu e o Lázzaro não estamos mais casados. Sabia? — indaguei afim de captar a ração dele.
— Na verdade sim. Uma amiga me disse. — olhei para ele de soslaio e percebi uma mordida no lábio, como se tivesse dito algo proibido.
Essa amiga, supus ser Nádia. Um ponto e uma prova para mim.
— Nunca te vi por aqui e irá fazer um mês em duas semanas desde que comecei a trabalhar.
— Eu estava fora, fiquei alguns dias na Escócia. — Escócia... Isso me lembrou alguma coisa que eu checaria mais tarde.
— Uau, Escócia... Viagem a trabalho? Ou só diversão mesmo? Queria muito sair do país algum dia. — eu esperava muito que ele pensasse que eu não desconfiava de nada e estava apenas sendo amigável com ele.
— Foi só um trabalho, queria me divertir mais, só que não fui sozinho, então não deu.
— Namorada? — indaguei.
— Não tenho namorada. Fui com minha mãe. — assenti.
Interessante...
— Eu trabalho logo ali. Nos vemos por aí? — sorri de forma doce.
— Gostaria de convidá-la para sair comigo. Agora que não está mais com o Lázzaro, será que irá aceitar? — perguntou fazendo-me pular por dentro.
Essa seria uma ótima oportunidade de sondar um pouco mais sobre o que ele estaria tramando junto com Nádia. Eu só precisava descobrir o mais rápido possível, meu coração estava desesperado e o que eu havia ouvido sobre as tintas do quarto dele, haviam me deixando encabulada.
— Claro. Onde e quando? — Deus, será que eu estava sendo muito suspeita? Espero que não e que ele não tenha desconfiado.
— Tem um restaurante muito bom no centro aqui perto. Gosta de comida mexicana?
— Nunca comi. Mas para tudo tem uma primeira vez. — forcei um sorriso.
— Então hoje a noite te encontro no Me Gusta. — Hayden me pareceu entusiasmado — Até mais, Lia. — me surpreendeu com um beijo na bochecha.
Confusa me afastei rápido até chegar em meu local de trabalho. Nunca havia sido tão cínica na vida, mas era preciso para descobrir que merda eles haviam colocado no perfume e na tinta da casa de Lázzaro, e o mais rápido possível de preferência.
Ei amores ❤️ espero que gostem do capítulo ❤️ votem ❤️ comentem por favor ❤️❤️❤️
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Não Pode Me Amar (Concluído)
RomanceDuas almas cheias de desalento, desengano, desilusão e desesperança encontram-se no meio de uma desventura em que somente um pode salvar o outro.