Capítulo 2

1.4K 275 406
                                    

— Henrique?

O nome dito foi um chute direto ao gol. E o cenho franzido de Henrique, por sua vez, demonstrava mais exigência por uma resposta do que desconfiança em si.

— Quem é você?

Expondo as mãos desarmadas, Próton se virou devagar.

— Levi Lacerda. — Henrique o reconheceu com certa indiferença, mas a espada não cedeu. — Que merda você faz aqui?

— O que você faz aqui? Não saberia me dizer o que está acontecendo, saberia?

— Acho que nós morremos e não fomos pro céu. — Henrique inclinou a cabeça para o lado. — Agora que te vejo aqui, acredito que a probabilidade dessa teoria tenha aumentado consideravelmente.

Um tanto incerto, Próton assentiu.

— O que diz é válido, até que se prove o contrário.

— Vamos descobrir.

Não houve outro aviso de ataque. Próton se esquivou por puro instinto de sobrevivência.

— O que tá fazendo?!

— Se você estiver morto, hipoteticamente, não deve poder morrer de novo.

Os ataques continuaram. Próton puxou o machado e parou a espada de Henrique em cima da hora. A força que ele colocava não era de brincadeira.

— É sério, para com isso! Não me obrigue a te machucar...!

Incrivelmente veloz, Henrique deu uma volta estratégica em Próton e, com o pomo da espada, o derrubou com um golpe um pouco acima da nuca. O machado caiu no chão, ressoando um pesado arranhar metálico.

— Se você não lutar, vou matar você. — Após desembainhar outra espada idêntica, Henrique as girou entre os dedos. — Não tô te impedindo de escolher, não que eu pense que faria alguma diferença.

 — Não tô te impedindo de escolher, não que eu pense que faria alguma diferença

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A mão de Próton se manchou de vermelho após tocar a parte de trás da cabeça. No entanto, o calor ofuscou a dor, de dentro para fora. Um punho cerrado, à medida que o outro fechava em torno da empunhadura do machado. Levantar-se foi o impulso de uma investida, mais duas se emendaram naquele esforço.

Empurrado para a parede, Henrique parecia encurralado. Parecia... Ali não havia obstáculos para ele, somente utensílios. Escorregadio como um sabão molhado, Henrique usou a parede para estimular a corrida. Deu mais uma volta em Próton, terminou o chutando nas costelas e o atirou contra a parede.

— Lerdo demais.

"Próton?"

Mesmo que quisesse, Próton não podia responder Dandelion. O machado cedeu novamente, porém não soltou dessa vez. Dois segundos de atenção dedicados à arma menosprezada pelo peso. A lâmina larga do machado tinha três orifícios assimétricos, dois deles incompletos, semelhantes a ganchos.

— Esse machado deve ser mais pesado do que você. Uma arma bruta não combina nada com seu perfil.

Embora Próton não compreendesse bem por que Henrique perdia tempo falando, previa que sustentasse o papel de vilão. Portanto, quando ele avançou outra vez, Próton levantou o machado numa precisão não esperada. O ângulo evasivo, entre defesa e ataque, dava a entender que Próton buscava outra coisa.

A espada esquerda escorregou até a metade do orifício fechado da lâmina chata e travou ali. Assim que Henrique tentou circundar a extensão da arma, Próton pescou a espada direita com o gancho superior do machado e o virou mais para baixo. A posição torcia os punhos de Henrique e finalizava a defesa.

"Próton, que merda tá acontecendo?!"

Para se dar ao luxo de atender Dandelion, Próton segurou o machado como um escudo, usando apenas uma mão.

— Olha só, não é uma boa hora!

O ato provocou o adversário e o inspirou a continuar com a luta. Henrique puxou ambas as espadas para trás, mas teve algum trabalho para desencaixá-las da armadilha.

Enquanto isso, o confronto era observado através da mira de um fuzil. Alguém, escondido ali próximo, não estava a fim de revelar sua presença pacificamente.

"Syrup?"

— Fala.

"Você encontrou os outros?"

— Sim. Eles estão caindo na porrada.

O fato de Dandelion precisar de mais do que três segundos para se manifestar moldou um sorriso no rosto de Syrup.

"Você consegue pará-los?"

— Claro. Em quem devo atirar?

"Você não deve atirar neles... Syrup, não esqueça que estamos do mesmo lado."

— Não sei se quero lutar ao lado deles. — Soando desinteressado, ele mirou na cabeça de Henrique. — Mas me sinto tentado a atirar em alguém agora.

"Não atire neles!"

Para a concentração não lhe escapar, Syrup retirou o fone do rádio e reposicionou a mira.

Com a batalha em andamento, Henrique acabara de jogar Próton no chão. As ideias de Próton para defesas funcionais estavam esgotadas, diante da velocidade muito superior do seu oponente.

Restou a Syrup tomar uma rápida decisão: puxar o gatilho ou deixar um babaca matar o último infeliz que acordou naquele lugar. Não considerou a escolha difícil. O tiro resultou num eco ensurdecedor pela caverna.

🔥😈🔥

Olá, leitor(a)!

Assim, esperando estar te entretendo, simplesmente termino dizendo até a próxima! 😜

Favor colocar este livro em sua biblioteca para não perder nenhuma atualização.

⭐⭐⭐⭐⭐💬

D.U.O. | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora