Quatro semanas haviam se passado sem que Nadia e Bucky se vissem.
Dias após o pedido para que ela ficasse segura longe dele, haviam se encontrado na entrada do prédio. Ele estava entrando e ela saindo, e ele perguntou se podia usar o computador dela.
– Sempre que quiser, você sabe – foi a resposta dela. E depois daquele dia, ela não o viu nenhuma outra vez sequer. Só sabia que ele estava bem porque nas semanas seguintes ela passou a encontrar vestígios de que ele estava frequentando sua casa enquanto ela trabalhava. A última música reproduzida no Spotify nunca era a que última que ela havia ouvido. A cadeira do computador sempre estava mais baixa do que ela costumava deixar. E suas sugestões da Netflix começaram a mudar quando ela percebeu que seu histórico agora tinha uma série de filmes abandonados pela metade e outros assistidos que ela não se lembrava de ter visto. Fora ideia dela deixar a TV ligada na Netflix um dia, porque sabia que ele entenderia como um sinal de permissão para usá-la também.
Ficava feliz de saber que ele estava tendo com o que distrair a cabeça, porque ela, por outro lado, estava enlouquecendo enquanto sua casa ficava com o cheiro dele e com todos os detalhes que ele deixava para trás.
Não sabia, também, como fazer para continuar o alimentando sem vê-lo, então passou a deixar tudo em vasilhas empilhadas na mesa da cozinha e encontrá-las limpas no mesmo lugar quando voltava do trabalho na sexta-feira.
Era enlouquecedor não tê-lo por perto, mas ela se empenhou em fazê-lo se sentir confortável. Algo em sua cabeça lhe dizia que se ele estivesse bem, a procuraria de novo. Fez playlists para ele, deixou recomendações de filmes anotadas na mesa de centro, deixou até exemplares dos seus livros preferidos junto com a comida. O máximo que recebeu de volta foi uma rosa amarela roubada da sacada da Senhora Prewitt junto com um post it dizendo obrigado por tudo. Gostou do gesto, mas ainda não era comunicação suficiente para ela.
Por isso, naquela sexta-feira, ela decidiu que iria falar com ele. Não sabia como nem o que, mas se precisasse ignorar o que havia acontecido entre eles para ter de volta a companhia dele, ela faria aquilo. Droga, os céus sabiam que ela não queria só a amizade de Barnes, mas se fosse tudo que ela fosse ter dele, estaria disposta a viver com aquele fardo.
Estava pensando em formas de falar com ele quando chegasse, diversos cenários sendo desenvolvidos em sua mente, cada minuto a mais sendo um pouco de coragem a menos. Ensaiava as próprias falas enquanto subia as escadas do prédio, mas foi obrigada a engoli-las todas quando chegou ao sétimo andar e se deparou com ele saindo da casa dela às pressas. Parou com a mão na maçaneta ao vê-la e assumiu uma expressão culpada imediatamente.
– Eu perdi a noção da hora, desculpa.
– Tá tudo bem – ela respondeu. Nenhum dos dois se moveu um milímetro. – Você não precisa fugir de mim.
– Eu não acho que você queira me ver.
– Foi você que me pediu para ir embora – ela o lembrou. Permaneceram em silêncio por alguns instantes que mais pareceram horas, e nada daquilo estava saindo como algo que Nadia tivesse planejado previamente.
– Eu... – ele começou.
– Quer saber? A gente não tem que falar sobre isso. Eu sinto sua falta, inferno.
– Me desculpa – repetiu.
– Sai comigo amanhã – ela pediu, cobrindo o espaço que faltava até sua porta. Ele liberou passagem para ela e cruzou os braços de maneira desconfortável.
– Acha uma boa ideia?
Ela respirou fundo, abrindo a porta de casa e jogando a bolsa para dentro antes de encará-lo. – Faz um mês, Buck. Eu já entendi. Eu só sinto falta de passar algum tempo com você. Vai ser divertido.
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Wires
FanficAntes da queda da SHIELD em DC, o Soldado Invernal era considerado um fantasma. E depois de tudo que tinha acontecido, ele havia voltado a ser um. As pessoas sequer tinham certeza de que ele existia de fato. E Nadia tinha muitos fantasmas em sua vid...