Capítulo 15

39.9K 2.6K 999
                                    

Já estava começando a anoitecer, mas mesmo assim, o tempo passava com lentidão. Eu lutava contra o tempo e minha ansiedade. Da forma que estava eu era capaz de eu estragar tudo.

Descobri aquele meu lado curioso depois que comecei a namorar Lucas. Eu nunca havia sido um cara muito ansioso, e nem me importava em querer saber o que as pessoas falavam ou guardavam segredos. Mas o fato de Lucas ser meu namorado, que eu o amava e queria saber de absolutamente tudo o que ele fazia, me deixava paranoico.

À noite, eu liguei para meu pai no hospital. Queria ter absoluta certeza de que tinha permissão para sair, e fiquei completamente espantado quando ele simplesmente disse que eu aproveitasse aquela noite. A única coisa que fiz quando o escutei falar aquilo, foi respirar fundo e me acalmar para não sair gritando no meio da casa. Eu tinha a impressão de que todos sabiam o que o Lucas estava aprontando, até mesmo Maria, que riu quando me viu falando com meu pai ao telefone.

Quando bateram sete horas da noite no relógio, eu fui para meu quarto me arrumar. A estratégia era demorar o máximo possível no banho, e ver se o tempo passava rapidamente. Acho que aquele foi o banho mais completo que tomei em toda minha vida. Eu estava fazendo exatamente o que Lucas havia pedido. Ficar com um ótimo cheiro.

Mas minha tática de demorar no banho não deu muito certo. Mesmo tomando um banho completamente caprichado, ainda faltavam trinta minutos para ás oito horas da noite. Eu já havia separado a roupa que ia vestir e estava em cima da cama, e mesmo que fosse uma roupa simples e confortável, eu comecei a me vestir devagar, tentando ver se daquela vez, daria certo fazer tudo com calma e sem pressa.

Vesti a bermuda jeans escura, uma camisa de mangas comprida branca com capuz, que ficou jogado para trás. Em seguida, fui até o banheiro dar uma geral em meu cabelo. Eu parecia um maluco fazendo caras e bocas em frente ao espelho, com o secador na mão. Sabia que aquilo ela uma tentativa de disfarçar minha ansiedade.

Quando finalmente saí do banheiro, vi que já eram oito horas e vinte minutos. Eu estava atrasado. Lucas ainda não tinha aparecido então me perguntei se ele ficaria muito bravo com aquilo. Gastei quase que todo o frasco do perfume, e enquanto dava um jeito na bagunça que havia feito na cama, escutei a porta do quarto abrir. Era Clarisse. Ela estava me olhando dos pés a cabeça. Fiquei com muita vergonha daquilo.

- Lucas está te esperando na sala. – disse ela.

- Porque ele não subiu? – perguntei, estranhando. Ela sorriu como se algo me esperasse no andar de baixo. Tentei manter minhas pernas imóveis.

- Não sei. – disse ela. Eu suspirei e então a segui.

- Só espero que ele não esteja com um buquê de flores. Eu mato ele! – murmurei. Clarisse começou a rir e eu sorri sem graça. O nervosismo estava se apossando de mim.

Enquanto descia a escada, encontrei Lucas me secando com os olhos. Eu soltei o ar dos pulmões ao constatar que não havia buquê de flores, mas tentei não ficar meio boquiaberto com a visão do cara que eu tinha diante de minha sala. Os pelos de meus braços logo se arrepiaram.

Lucas estava lindo!

- Achei que tivesse furado, então vim lhe buscar. – disse ele, sorrindo maliciosamente para mim enquanto me olhava com desejo. Eu engoli o seco e tentei usar uma voz firme.

- Desculpa.

- Tudo bem. – disse ele, ainda me analisando. - Acho que vou desistir! – falou Lucas, quando me aproximei. Eu estava totalmente desconcertado diante dele.

- O quê?

- Isso tudo é para mim? – perguntou, me olhando dos pés a cabeça. Eu queria me enfiar no primeiro buraco que eu encontrasse. Estava com muita vergonha daquela situação, até mesmo porque Clarisse estava ali e isso me constrangia ainda mais.

O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI - INCERTEZAS - LIVRO 02 (RASCUNHO)Onde histórias criam vida. Descubra agora