Capítulo 30 (Por Lucas)

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LUCAS

Quando comecei a pensar no que queria trabalhar futuramente, jamais imaginei que acabaria sendo um vendedor de loja de roupas masculinas. Mas ali estava eu, tentando convencer caras chatos, ou suas esposas, a levarem algum produto da loja. Mas apesar disso, gostava de trabalhar com as pessoas. A maioria delas gostava de mim e do meu jeito descontraído (para não dizer maluco).

No começando, quando Nora, tia de Samantha, me contratou, achei que o trabalho seria a coisa mais difícil do mundo, já que não fazia a mínima ideia do que fazer. Mas com o passar do tempo, com a ajuda de Nora e de outros vendedores da loja, acabei de adaptando super bem e me destacando entre os demais vendedores, fazendo com que eu me sentisse orgulhoso por isso.

A loja ficava localizada no principal shopping da cidade e era a mais conhecida, por isso a responsabilidade era grande. Nós passávamos o dia numa correria louca, para atender vários clientes muitas vezes apressados, e às vezes era difícil dar conta de tudo, mas nós conseguíamos. Os caras com quem eu trabalhava, e que também eram vendedores, me diziam que Nora estava muita satisfeita com meu trabalho, e que eu logo poderia ser promovido para o setor administrativo, que era o sonho de qualquer um ali, devido à carga de trabalho inferior e o salário mais gordo.

Fora da loja, as coisas estavam estranhas em relação a Guilherme. Sentia que ele estava se distanciando de mim e me negava a aceitar que aquilo fosse minha culpa. Sim, já tinha feito várias merdas com ele, mas eu estava me esforçando como nunca nos últimos meses. Mas apesar disso, parecia que as coisas só iam de mal a pior.

Primeiro, a minha paz e paciência foram tiradas de mim quando Nora, segundo meus colegas de trabalho, resolveu testar minha paciência, colocando seu filho no meu caminho. Uma semana antes do aniversário de Guilherme, eu estava arrumando uma sessão da loja, quando a tia de Samantha apareceu, com uma figura estranha em seu calço.

- Bom dia, Lucas! – disse Nora, simpaticamente. Retribui o sorriso com a mesma simpatia, tentando não desviar meus olhos para trás dela.

- Bom dia! Já estou quase terminando aqui e saio para meu intervalo. Quando voltar, começo a arrumar a outra sessão. – eu disse, pendurando as últimas camisas em seus cabides.

- Na verdade, queria te pedir para pular seu intervalo de hoje. Queria um favor, e você é a pessoa certa para isso. – disse ela, ainda com seu sorriso. O meu já havia sumido.

Eu estou com fome! Pensei, mantendo as palavras para mim mesmo.

- Claro! – eu disse, sem muita convicção. Meu estômago estava roncando, e tudo o que eu conseguia pensar, era no enorme sanduíche que estaria a minha espera, se minha patroa não planejasse boicotar meu horário de almoço.

- Ótimo! – disse Nora. – Bom, esse aqui é Gabriel, o meu filho. – ela falou, afastando para o lado e me deixando ver aquele ser confuso. – A partir de hoje ele vai trabalhar aqui na loja, e eu gostaria que você o ajudasse a entender como tudo funciona. 

- Mas eu não sou da administração. – falei, me sentindo confuso. Nora deu uma olhada para o filho, que parecia olhar para qualquer ponto, menos para nós. Ele parecia completamente envergonhado.

- Ele não irá trabalhar na administração. Ele vai ser vendedor. – soltou ela.

- Por quê? – mordi minha língua assim que percebi que havia falado de mais.

Qual era a minha? Aquilo não era da minha conta, certo?

- Desculpa. – falei, me sentindo envergonhado. Nora riu e fez sinal de desdém com a mão.

- Tudo bem. Só quero que ele fique um pouco mais sociável, e acho que trabalhar aqui na loja, diretamente com os clientes, irá ajudar, e como você é o vendedor mais comunicativo, achei que seria perfeito você ajudá-lo.

O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI - INCERTEZAS - LIVRO 02 (RASCUNHO)Onde histórias criam vida. Descubra agora