Capítulo 31

23K 2K 1K
                                    

 A grande tarefa de levar Felipe para seu apartamento acabou se tornando mais difícil do que eu esperava. Enquanto eu o arrastava pelos corredores do prédio, ele parecia um boneco com os braços presos em meus ombros. O arrastei por um dos corredores até o elevador, e lá dentro, o soltei no chão, já cansado de carregar um bêbado que não cooperava em nada.

- Guilherme, você me ama? – perguntou Felipe, de forma enrolada, quando estávamos dentro do elevador. E ao ouvir sua pergunta, eu só o olhei de esguelha e o ignorei, enquanto ele dava risadas.

Quando chegamos ao andar de seu apartamento, quase não consegui tirá-lo do elevador. Sempre que conseguia colocá-lo de pé, a porta fechava e eu tinha que abri-la novamente, fazendo com que Felipe despencasse de novo. Mas depois de muita luta, consegui chegar com ele até aporta de seu apartamento.

- A chave, Felipe. – pedi.

- Use a sua. – ele resmungou. Eu bufei.

- Não estou com ela aqui. – falei, tentando manter minha paciência. O que não era nada fácil. Felipe não me respondeu, então comecei a vasculhar os bolsos de sua calça, tentando encontrar suas chaves, e ao perceber o que eu estava fazendo, ele começou a se mexer e rir.  

- Aí, não! Minha bunda é só minha, Guilherme. – disse Felipe, quase me fazendo rir, mas não dei importância para o que ele dizia e continuei procurando a chave, até que a encontrei num bolso da frente. Quando coloquei a mão para pegá-la, notei que Felipe ficou quieto de repente, e quando ergui meus olhos, o encontrei me encarando com um sorriso malicioso plantado em seus lábios.

- O quê? – perguntei, puxando a chave do bolso dele.

- Aí, pode! – disse Felipe, rindo a toa. Olhei sério para ele, numa tentativa de ver se havia alguma chance de estar sóbrio, mas era impossível. Sua respiração estava cheirando a álcool. Além disso, Felipe mal conseguia ficar de pé, então não procurei me incomodar com aquilo.

Quando abri a porta do apartamento, o coloquei para dentro, fechando-a assim que entramos e o guiei em direção ao quarto, mas quando chegamos à porta do aposento, Felipe se desvencilhou de meus braços e entrou no banheiro do corredor antes que eu pudesse perguntar o que estava fazendo. Ele então baixou, abriu a tampa da privada e começou a vomitar ali, na minha frente. Eu fiz uma careta e me afastei, tentando evitar aquele cheiro horrível.

Felipe ficou alguns minutos ali, vomitando algumas vezes, e outras, parecendo prestes a pegar no sono, mas sempre que me aproximava para verificá-lo, ele se dava conta de minha presença e voltava a se sentir enjoado.

- Eu vou ficar bem. Pode ir para casa, amor. – disse ele, depois de encher o vaso mais uma vez. Eu respirei fundo, ignorando o que ele havia falado e me aproximei novamente.

- Termina logo isso. Só vou embora quando te deixar na cama. – falei, voltando para o corredor e me sentado no chão, de frente para o banheiro. Felipe e eu ficamos alguns segundos nos encarando. Seus olhos me fitavam e eu não fazia a mínima ideia do que ele estava pensando, mas a forma na qual me olhava era tão intensa, que quase não me dei conta quando meu celular começou a toca.

Lucas havia me enviado uma mensagem, perguntando onde eu estava. Suspirei e não pensei duas vezes antes de respondê-lo. Falei a verdade e disse que estava no apartamento de Felipe, o ajudando, pois não estava em condições de ficar sozinho. Ele insistiu em me encontrar, mas eu lhe garanti que não demoraria e finalmente o convenci a me esperar no apartamento de Clarisse. Lucas não pareceu feliz, mas lidaria com ele mais tarde.

Felipe finalmente terminou de vomitar depois de alguns minutos, e quando entrei novamente no banheiro, ele passou as mãos pelo rosto, parecendo tentar se orientar. Felipe tentou se colocar de pé sozinho e quase escorreu no piso encerado, mas eu fui rápido ao segurá-lo.

O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI - INCERTEZAS - LIVRO 02 (RASCUNHO)Onde histórias criam vida. Descubra agora