Capítulo 22

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Dois dias já haviam se passado desde a partida de Samantha, e eu estava mais que ansioso por alguma notícia sua, mas infelizmente, sabia que ainda teria que esperar mais algumas horas até ela me ligar ou mandar alguma mensagem, se é que realmente ela se lembraria disso depois de uma viagem tão cansativa.

Naquela noite, depois de namorarmos na sala, vendo TV, Lucas e eu fomos nos deitar por volta das onze da noite. Ele estava com muito sono e se dizia cansado, pois havia trabalhado pesado, além de ajudar no treinamento de um novo vendedor da loja.

Eu já estava deitado só de cueca, em baixo do edredom, enquanto Lucas tirava sua roupa. Ele me olhava o tempo todo sorrindo, e já podia imaginar o que ele queria, mas eu seria honesto e diria que não estava no clima de fazer amor, por mais que transar com ele me desse uma tremenda calma.

Lucas então veio até a cama só de cueca e se colocou em baixo do edredom. Passou um de seus braços em volta de minha cintura e uma perna em cima de mim. Seu rosto encontrou minha nuca, e ao que parecia, ele não ia tentar nada. Lucas não conseguia dormir se não ficasse daquele jeito comigo, agarrado. Durante as madrugadas, às vezes, quando me sentia sufocado com ele em cima de mim, tentava me livrar de seu braço para poder respirar um pouco, mas ele sempre resmungava, mesmo dormindo.

Ele logo dormiu como eu previa. Já eu, fiquei acordado, apenas olhando para o teto naquela escuridão do quarto. E era nesses momentos que eu gostava de relembrar momentos e coisas boas, em especial, a minha mãe. Podia ser criança quando ela morreu, mas lembrava perfeitamente de seu rosto, das manias, e da forma na qual ela me tratava. Lembrava-me do quanto tive uma infância feliz, apesar de sua partida. Também recordei de quando vi Lucas e me apaixonei, de quando conheci Samantha e até mesmo Bia, pois querendo ou não, tive momentos bons e divertidos com ela também.

Às vezes, perguntava-me como seria meu futuro, e se eu realmente teria um. Lucas e eu nunca tínhamos conversado sobre isso. Sobre ter uma família. Eu sabia que ainda era cedo, e por essa razão não tocava no assunto, pois ele era sempre muito imaginário, e queria a coisa às pressas, totalmente diferente de mim, que sempre preferi planejar tudo com antecedência. Se falasse sobre um filho com Lucas, tinha certeza de que ele iria querer adotar um já no ano seguinte, da mesma forma que tinha uma obsessão em se casar comigo o mais rápido possível.

Eu ainda tinha muitas dúvidas em minha vida para pensar em algo tão sério, como casar ou adotar filhos. Tinha a vida inteira pela frente. Queria estudar, fazer medicina, viajar e conhecer lugares e novas pessoas, aproveitar a vida de um jeito que eu pudesse aproveitá-la, e só depois, quando me sentisse preparado para dar esse enorme passo em minha vida, eu gostaria de me preocupar com casamento e a formação de uma família. Aos dezessete anos eu não me sentia preparado para dar um passo maior que minhas pernas.

E foi no meio de todas essas coisas que se passavam em minha cabeça, que acabei escutando o barulho de meu celular vibrando no criado mudo, ao lado de Lucas. Demorei alguns segundos para entender que alguém estava me ligando, e quando me dei conta, pulei rapidamente da cama, esquecendo que Lucas dormia ao meu lado. A única coisa que escutei, foi seu resmungo quando passei por cima dele, como se ele não estivesse ali. Então peguei meu celular e fiquei completamente eufórico quando notei o número estranho na tela do aparelho.

- Alô! – falei, com uma ansiedade evidente, e escutei a risada dela do outro lado da linha.

- Você está bem, Gui? – Samantha perguntou, ainda rindo. Não sabia exatamente o motivo da graça.

- Estou! Por quê? – estranhei. Ela ria ainda mais.

- Não está escutando? – perguntou ela, me fazendo ficar em silêncio por alguns segundos, e só então me dei conta de que Lucas estava gritando.

O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI - INCERTEZAS - LIVRO 02 (RASCUNHO)Onde histórias criam vida. Descubra agora