Felipe continuou ali, parado, me observando. Não tive coragem de olhá-lo de início, pois estava com vergonha daquela cena que havia acabado de acontecer. Odiava discutir com alguém na frente de outras pessoas. Era uma falta de respeito com qualquer um. Então respirei fundo, tentando me acalmar e pensar no que fazer, mas nada vinha a minha cabeça. E quando finalmente olhei para Felipe, vi a expressão de preocupação plantada em seu rosto. Aquilo me incomodou um pouco, mas ele não mudou quando viu que eu o olhava.
- O que foi? – perguntei um pouco bravo. Felipe logo ergueu suas mãos para cima, como sinal de inocência.
- Nada! – disse ele. Procurei algum sinal de graça em seu rosto, mas não havia. Felipe parecia realmente preocupado comigo. - Você não vai atrás dele? – perguntou, com a voz mansa. O olhei com incredulidade.
- Você acha realmente que eu devo? – perguntei, o olhando nos olhos. Felipe colocou suas mãos nos bolsos e pareceu ficar em dúvida.
- Acho que é o que ele quer.
- E acha que devo fazer a vontade dele? – perguntei sério. Felipe foi rápido ao responder.
- Não. – foi a única coisa que disse. Eu apenas dei os ombros e me virei, pegando michas mochilas. Ele me observava. - Aonde você vai? – questionou Felipe, ao ver o que eu fazia.
- Vou subir. – eu disse.
- Você sabe que pode ficar no nosso esconderijo, não sabe? – perguntou Felipe, e silenciosamente, fiquei surpreso comigo mesmo por cogitar aceitar seu convite, mas usei a lucidez que me restava e tirei a ideia da cabeça.
- Sabemos que não é uma boa ideia. – falei, tentando lhe dar um sorriso tranquilizador, mas não sei se funcionou. Então sem dizer mais nada, nós dois subimos pelo elevador e nos despedimos quando ele chegou a seu andar, enquanto eu segui para o apartamento de Clarisse.
- Achei que já tivesse na casa de Lucas! – disse Pedro, assim que abriu a porta do apartamento para mim.
- Mudei de ideia! Tem lugar para mim, aí? – perguntei, tentando disfarçar meu humor, mas foi impossível. Pedro cruzou os braços e passou a me olhar com desconfiança, enquanto eu largava minhas mochilas no chão.
- O que foi? Lucas deu um ataque de ciúmes? – perguntou Pedro, acertando na mosca! Por isso, o olhei torto, desconfiado de que ele talvez já soubesse do que havia acontecido, mas não tinha como, então, o que fiz foi me sentar no sofá e contar a ele tudo o que havia acontecido minutos atrás. E enquanto me escutava, Pedro ria, parecendo se divertir com aquilo. – Desculpa rir disso, Gui, mas isso que Lucas fez, foi pior do que ridículo! – disse ele, sorrindo e negando com a cabeça. Eu dei os ombros, concordando. – Mas parcela disso é culpa sua, sabia? – disse ele, me encarando.
- Minha? – perguntei. Ele afirmou a cabeça.
- Você deu moral para Lucas desde o início. Aposto que achou bonitinho no começo, e isso te fazia ter certeza do quanto ele te ama, mas você deu tanta liberdade, que Lucas não viu problema nenhum e dar ataques exagerados, já que provavelmente, achou que você se renderia a ele novamente. – explicou Pedro, sempre me olhando. - O que quero dizer é que você devia ter colocado Lucas no lugar dele desde o começo, quando ele começou a exagerar, por isso, não o culpe, pois você foi quem o deixou mudar. – disse ele, sem parecer nenhum um pouco com aquele cara brincalhão e moleque de sempre. Pedro parecia maduro como eu jamais havia visto, e ao perceber meu espanto, ele sorriu, dando os ombros em seguida. – Viu? Sou um cara esperto! – finalizou ele, dando uma tapinha em meu ombro, mas antes que ele saísse, eu falei.
- Não vai sair sem antes me dar um conselho, não é? – pedi. Pedro sorriu, parando onde estava.
- Quer mesmo um conselho? – ele não esperou que eu respondesse. – Espere até amanhã. Fique tranquilo e finja que nada aconteceu. Amanhã é outro dia. Além disso, não fique esperando que ele venha atrás de você, Gui. Vá atrás dele, pois você o ama. É simples! Ás vezes você tem que abrir mão de seu orgulho mesmo quando está certo. – e foi isso! Pedro me deu um último sorriso e logo se retirou para seu quarto, enquanto eu fiquei ali, perdido em pensamentos e tentando descobrir o que fazer de minha vida.
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O FILHO DO AMIGO DO MEU PAI - INCERTEZAS - LIVRO 02 (RASCUNHO)
RomanceLIVRO 02 "Eu queria chorar. Minhas lágrimas estavam presas em meus olhos e teimavam em não cair. Era a segunda vez que eu sentia aquela dor. Ela havia voltado, e parecia estar três vezes maior que antes. Eu sabia que tinha que ser forte, e deixar o...