Anoitecer • Jensoo

•Capítulo XII•

"És tão falsa, assim como o 'Eu te amo' saindo da boca de um qualquer"
Jennie

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     Depois de algum tempo sozinha no quarto, Jisoo voltou ao quarto de Jennie para pelo menos sentir um pouco de vergonha na cara no que havia feito com a serviçal. No começo achou inútil a idéia, já fez Jennie passar por tantos problemas, mas o que custava tentar?

     Jisoo encarou a garota a procura de boas palavras, e isso não era muito com a cara dela. Tudo o que fez fazer foi deixar Jennie ainda mais irritada.

     Jisoo matou seus pais, fez dela sua escrava de lava-pé, castigou a menina a chicotes sem nem ao menos ter razões e motivos pra isso, e depois vem se ajoelhando pedir perdão a ela? O que ela estava pensando?

     – Você é realmente uma... – Maldita. Completou Jennie em pensamentou.

     A governadora estava certa, suspirou pesadamente e arrependida por ter feito aquele papel inútil.

"Eu sei que errei bastante com você, seria tarde demais para ter o seu perdão?".

     Essas palavras foram a gota d'água para a criada. Achava mesmo que ela ia perdoar Jennie depois de tudo o que fez? E Jisoo? Agora estava com raiva consigo mesma.

     – Sua idiota! – Gritou. – Quem você pensa que é? – Com o decorrer dos gritos de Jennie, ela não estava nem um pouco se importando de que seu corpo estava se movimentando um pouco, e isso lhe causava dor.

     – Eu... Você não me deu escolhas. Olha só o que você me fez fazer. – Seu orgulho fez com que Jennie travasse seu maxilar.

     – É tão orgulhosa que não consegue enxergar nem seus próprios erros. – Disse. – É mesmo uma covarde. Não enxergo uma mulher em você. Esse seu título de governadora não é para mulheres como você.

     Às palavras atingiram Jisoo em cheio. Jennie a estava humilhando e isso lembrava de seu pai. Precisava encerrar aquela conversa o quanto antes, não gostava que às pessoas tocavam em sua ferida. Sua fraqueza. Seu passado.

     – Basta! – Jisoo deu um passo a frente fazendo Jennie se encolher na cama, mesmo assim, mantinha o olhar rigoroso e desprezível. – Não fale coisas que você não sabe. – Jisoo, sabendo que não ia ter o perdão de Jennie, saiu do quarto frustrada.

     Falar coisas que ela não sabia.

     Isso seria não falar sobre o passado da governadora? O que aconteceu com Kim Jisoo? O que fez ela ficar desse jeito? Essas perguntas não paravam de rodar na mente de Jennie e ela sabia que isso poderia ser uma forma de se vingar. Procurar mais pelo passado da governadora e isso não ia ser fácil.

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     Jennie já estava de pé e caminhando tranquilamente, a sopa de Lisa realmente fez efeito, e estava saborosa. Queria voltar a trabalhar, mas Lisa insistiu que ela ficasse de repouso por mais tempo, estava com medo de que às cicatrizes da amiga poderiam se abrir e ela perder mais sangue. A Kim não queria preocupar ainda mais a amiga, depois de tudo que Lisa fizera para ela. Foi um anjo.

     Resolveu ficar mais algum tempo perambulando pelo quarto. Por mais que estivesse melhor, ela não poderia fazer movimentos tão bruscos.

     Lisa voltou aos seu trabalho junto com outros criados, mantinha sua mente ao todo tempo em Jennie. Será que estaria melhor? Se perguntava sempre que ouvia aquela palavra Jisoo. Ela já não ia mais com a cara da governadora, mas ao mesmo tempo, não queria que algo de ruim acontecesse a ela. Seu coração bondoso não permitia esses tais pensamentos.

     Quanto a governadora, a mulher estava ao todo tempo em seu quarto e quando não estava em seus aposentos, andava pelos jardins do palácio. O rei Park estava estranhando pelo comportamento da governadora. Algo não está certo. Ele pensou.

     Em um certo dia, enquanto ambos estavam caminhando pelo jardim e Jisoo lhe dava às informações sobre o reino, o Park resolveu perguntar logo de uma vez.

     – O que está acontecendo com você, Jisoo?

     – Perdão? – O olhou.

     – Está tão distante.

     Jisoo ficou por um momento calada, queria poder dizer para o seu senhor o que estava acontecendo, só que não diretamente. Soltou um suspiro e disse:

     – Quando uma pessoa se machuca por sua causa, quais são às decisões para ser tomadas? – Perguntou fitando às rosas vermelhas ao seu lado.

     – Será que estou ouvindo bem? A governadora está me pedindo um conselho?

     O rei queria deixar seu riso entre os dentes escapar, mas viu pelo olhar de Jisoo de que a mesma precisava de um sermão. Limpou a garganta e voltou a falar.

     – Eu tentaria ter o perdão da pessoa.

     – Mas e se ela não quiser o seu perdão? – Perguntou novamente, Jisoo já tinha feito aquilo e não deu sucesso.

     – Eu iria deixar a pessoa ter suas decisões.

     O rei se lembrou de uma certa vez enquanto estava com sua esposa, a rainha. Ela estava usando um vestido rodado a deixando mais "gorda", e quando deu a sua opinião sobre o vestido, ela deu às costas a ele e disse que nunca o perdoaria. Então o único jeito de ter o perdão dela, era contando um fato seu, semelhante ao problema, assim os dois ficariam kits

     O rei Park não viu problema em compartilhar essa história à Jisoo, o que causou risadas e a mesma já sabia o que tinha que fazer. Agradeceu ao rei oferecendo uma rosa, arrancando um sorriso dele.

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     Jennie ouviu duas batidas na porta do quarto e deu permissão para que a pessoa entrasse. A porta se abriu e Jisoo entrou no quarto, viu Jennie se virar para a mesma e entreter os olhos.

     – O que você quer de novo? – A de cabelo castanho cruzou os braços encarando a mais velha.

     – O seu perdão. – Falou e Jennie revirou os olhos.

     – Já conversamos sobre isso, Jisoo. Agora faz favor, saia do meu quarto.

     – Eu tambem já passei por coisas difíceis. Pelo menos uma vez, dá pra você calar a boca e me escutar? – Jisoo já estava perdendo a paciência. Jennie a olhou surpreendida.

     – E você por acaso me ouviu alguma vez? O quanto eu lhe implorava naquele chão imundo para que parasse de me atingir a chicote? Você ouviu meus gritos?! Ouviu?! – Parou para recuperar o ar.

     Jisoo suspirou com peso na consciência. Jennie estava certa.

     – Só espero que um dia – Falou – você possa me perdoar.

     – Nunca... – Jennie murmurou.

     – Eu aguardo. – Com às últimas palavras, Jisoo saiu do quarto.

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