Three

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De novo o capítulo é inspirado em uma pessoa sksks
Boa leitura♡
~•~

Coleciono seus detalhes,
o toque dos seus dedos,
a temperatura dos seus lábios,
sua respiração.
Na galeria do meu peito
você é amor em tons de azul.

Meus olhos se abriram permitindo a claridade incomodar a visão, estava de manhã e como sempre fraco estava o sol. Me mexendo um pouco na cama puder perceber agora que estava sozinha na mesma, Billie tinha saido.

Me levantei com certa preguiça indo para o banheiro e escovei os dentes com preguiça demorando mais do que o necessário, após fazer minhas higienes sai do quarto já vestida com minhas roupas. Um vestido preto que batia em minhas coxas e mangas médias.

- Bom dia

Disse após parar na cozinha já podendo sentir o cheiro do café, na cozinha estavam Patrick, Mag e Billie. Pairei meu olhar sobre a garota de olhos azuis abrindo um fraco sorriso mas desviei o olhar encarando meus pés por alguns instantes.

- Bom dia querida, sente-se

Foi a vez de Patrick dizer, ele mexia as panquecas enquanto cantarolava uma música animada. Os dias aqui eram sempre com muita música.

Concordando com a cabeça fui para a mesa me sentando ao lado de Billie e a encarei por poucos segundos a vendo apoiar uma das mãos na mesa para me encarar melhor.

- Você fica linda dormindo.

Sussurrou levando uma das mãos para o meu cabelo, colocando uma medeixa atrás da orelha o que me fez abaixar a cabeça em resposta. Sabia que ela gostava de brincar, gostava de me deixar sem jeito então apenas levava na brincadeira por mais errado que fosse.

A vida perde o drama em todas as vezes que você me olha fixamente por alguns segundos antes de me beijar. São quatro tons de azul que nem mar nem céu conseguem teorizar uma explicação sem que ela vire poesia. E de repente a economia atinge o pico mais alto dos últimos 5 anos, as mulheres podem andar sozinhas a noite sem temerem um assédio repentino, a transexualidade é despatologizada e os inúmeros tipos de preconceitos entram em ostracismo. No tempo de um olhar todos os seus tons me anestesiam por completo.

Nossos olhares novamente se cruzaram e novamente me vi ali perdida na imensidão que tinha a minha frente.

- Suas panquecas Vee

A voz de Patrick me fez o encarar e sorrir ainda confusa, me ajeitando na cadeira comecei a comer depois de agradecer sem jeito, encarava o nada como forma de evitar o contato com Billie.

Quando todos se sentaram começamos a rir conversar, Billie se mantinha um pouco calada mas soltava alguns sorrisos quando Patrick falava sobre as músicas que a mesma escrevia.

Depois do café da manhã Mag pediu para mim ficar mais um pouco e por mais que quisesse isso teria que ir para a casa ajudar papai com algumas coisas da igreja, me despedindo de Patrick e Billie respirei fundo saindo da casa agradecendo por eles terem me acolhido, logo segui o rumo da estrada com tijolinhos pequenos.

Algumas horas se passaram e já me encontrava em casa terminando de guardar os papeis dentro da caixa de madeira onde ficava as contas da igreja, ajeitando todas as coisas me retirei do escritório passando pela sala e subi pro meu quarto confusa com o horário. Eu tinha tomado meus remédios?
A noite com Billie foi tão cheia de assunto que nem me dei o trabalho de lembrar.

Adentrando ao quarto andei até a escrivaninha olhando o horário e respirei fundo pegando os comprimidos, voltei a descer para a cozinha trêmula.

Eram apenas para dor, mas por alguma razão eu os tomava descontroladamente. Quando fiquei de frente pro balcão da pia mordi o lábio enchendo o copo com água e suspirei baixo colocando os comprimidos na boca passando virar o líquido em minha boca, um após o outro assim sentindo meu corpo relaxar diante a situação.

- Vênus?

Me assustei por pouquíssimos segundos virando meu corpo e encarei meu pai dando um sorriso pequeno para o mesmo, ele encarou o copo em minhas mãos e se aproximou com a expressão de confusão estampada em seu rosto.

- Novamente com dor? Quer ir ao médico? Posso ligar pro...

- Não precisa, estou melhor!

O cortei engolindo a seco dando passos para fora da cozinha, apertando os dedos na barra da blusa que vestia e subi direto pro meu quarto trancando a porta. Jogando-me na cama cobrindo o rosto com o travesseiro, solucei baixo tentando conter o choro preso na garganta.

As horas se passaram de pressa, o dia já estava indo e com isso minha vontade de comer não chegava, passando a mão sobre o rosto tomando coragem para levantar e sair do quarto.

Papai havia ido visitar um colega de trabalho e provavelmente dormiria lá então passaria a noite sozinha.

Caminhando agora para o corredor que dava nas escada, desci os degraus lentamente podendo ouvir a campainha ser tocada o que fez meu corpo ir em direção opostada cozinha, dei passos lentos e sem pressa até chegar a porta de madeira.

Quando a abri engoli extremamente a seco sentindo meu corpo gelar e o ar faltar, ainda estática encarei a garota ali em minha frente, ela se encontrava com um curto sorriso nos lábios, os olhos escuros e dilatados. O famoso cheiro de álcool chegou as minhas narinas me fazendo dar um passo para trás.

- Billie?

Ela era azul.
Um tom escuro de azul.
Não sorria muito,
Mas era bonita como o oceano.

Ela era azul.
Mas pela manhã tentava ser verde,
Espalhava a cor pelo rosto como uma máscara,
Enganando a sí mesma,
Fingindo que era feliz.

Ela era Azul,
Assim como o céu depois do amanhecer.
Não tinha muitos amigos,
Mas era sozinha que criava as melhores melodias.

Ela era azul.
Seus olhos também.
Tentava ser forte, como o preto.
Pacífica, como o branco
Mas acabava parecendo vazia, como o cinza.

Ela era azul.
E amava o vermelho.
O olhava de longe, cheia de desejo.
Sonhava com o seu toque, o gosto de um beijo.
E acordava no meio da noite
Envolto em cobertas suadas.

Ela era azul.
Odiava isso.
E na madrugada, tentava ser neutra.
Perdia a consciência depois de tantas garrafas,
Quando o ar do quarto já estava cheio de fumaça,
Tentando de alguma forma suportar a vida
Tingida pelos tons frios.

Ela era azul.
Azul era a cor da sua alma.
Gostaria de ter a alegria do amarelo.
A nostalgia do laranja.
E receber o amor do vermelho.
Mas não importava o quanto tentasse,
nada parecia ser capaz de mudar o azul refletido no espelho.

~•~
Espero que tenham gostado e desculpa os erros. :)

Antes que seja tarde Onde histórias criam vida. Descubra agora