Sixteen

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⼀ Não sei onde estava com a cabeça, deixar ela tomar os remédios sozinha... achei que daria conta mas não dou, não consigo sozinho.  Querida, que falta você faz... olhe só pra nossa pequena, parece tão forte e tão frágil ao mesmo tempo, me diga... como irei conseguir sem você? Por que tinha que partir?

No início parecia mais um ruído, mas ao passar dos segundos foi percebendo ser a voz do seu pai, Vênus suspirou com os olhos ainda fechados e se virou de lado querendo dormir mais um pouco, no entanto escutou um som familiar. Máquinas do hospital.

De imediato arregalou os olhos e se colocou sentada encarando o pai assustada, os cabelos bagunçados até chegaram a assustar o mais velho que colocou a mão sobre o peito e guardou a foto de sua esposa falecida.

⼀ Papai... - Chamou coçando os olhos, os dedos trêmulos esfregavam tal região dolorida por conta do sono muito longo.

⼀ Olha só quem acordou. - Tentou rir descontraído se aproximando da cama e se sentando ao lado da filha.

⼀ Se lembra do que aconteceu? - prosseguiu vendo a menor negar com a cabeça.

Os ombros encolhidos de Vênus denunciava  que talvez ela soubesse mas tinha vergonha demais para admitir tal coisa.

⼀ Billie a encontrou desacordada na cama, ela ligou para a emergência logo depois. Vim assim que soube... - suspirou exausto passando a destra sobre os olhos fundos.

Billie?

Franziu o cenho com uma leve confusão que durou apenas alguns segundos, os olhos procuraram pela garota com receio e congelou ao ver a sombra próxima a porta. Os lábios se abriram pronta para dizer algo mas tudo que fez foi voltar sua atenção para o pai que logo entendeu o sinal.

⼀ Irei deixar vocês conversarem.

Foi breve nas palavras enquanto se colocava de pé e caminhava para fora do quarto, Vênus por sua vez engoliu em seco quando a mais velha se colocou dentro do cômodo.

⼀ Bille... - Começou baixo, os olhos focados em qualquer outro ponto menos nos azuis carregados de dor.

⼀ Se sente bem? - Cortou a menor colocando as mãos no bolso do macacão jeans.

A garganta em nó não permitiu que perguntasse mais alguma coisa, de fato havia passado a noite ali esperando por notícias e recebendo outras que não fazia ideia. Foram tantas informações ao mesmo tempo que a garota começou a jurar ser um pesadelo.

Contrário dela, Vênus negou e insistiu em levar os olhos esverdeados para os azuis, suspirou fraco ao perceber o inchado que denunciava o possível choro da amada. 

⼀ Amor...

⼀ Quando ia me contar? - Despejou a voz amarga de uma vez e a encarou nos olhos com o maxilar travado.

⼀ Eu estava tentando levar uma vida mais normal possível e... eu não queria que me olhasse com pena - fungou puxando o ar de uma vez. Tentava não chorar, não naquele momento.

⼀ Pena?! Acha que ficaria com você por pena? - A voz embargada pelo choro ficou mais alta. Billie tinha os olhos cheios de lágrimas mas forçava a si mesma não deixar as mesmas caírem.

⼀ Eu só... - Soluçou virando o rosto pro lado, uma forma da qual de permitiu chorar.

⼀ Você só o que? Olha pra mim! A gente... você ia me deixar saber quando Vênus? - forçou a garota a encarar, o rosto pálido ganhava a coloração vermelha e com peso as lágrimas escorreram de uma vez.

⼀ Eu não ia! Não agora... - Disse entre o choro, as mãos trêmulas limparam as lágrimas do próprio rosto. ⼀ Não estava nos meus planos amar você! Eu tinha me conformado, tinha parado de tentar e quando você chegou... Billie... eu não preciso de uma razão pra ter raiva de Deus.

Sussurrou a última parte sentindo o peito doer forte, ambas se encaravam com os olhos tomados pelo choro, a mais velha procurava um resquício de esperança ali. Tentou se segurar nos últimos momentos que teve com ela, mas ouvir tais palavras a fez ficar calada e colocar a mão sobre o estômago como se de certa forma fosse golpeada com a verdade.

⼀ Eu tenho uma. - A voz saiu rouca e falhada, Vênus negou lentamente franzindo o cenho pelo choro que veio mais forte, mas antes mesmo que pudesse dizer mais alguma coisa a outra deixou o cômodo olhando para os lados perdida em sua própria dor.

Ao alcançar a rua subiu em sua moto fungando em desespero e em um piscar de olhos saiu sem rumo apertando os dedos no acelerador.

A cabeça girava em torno das informações que teve, os dentes passaram a prender o lábio inferior com tanta força que pode sentir o gosto metálico do sangue, mas não importava, não mais.

[...]

⼀ Acha que ela vai me odiar papai? - Choramingou abraçando o corpo do mais velho, o rosto se escondeu no casaco do mesmo e ali desabou apertando os olhos para evitar as lembranças que vinha em mente.

⼀ De um tempo querida... as vezes amar é tão confuso que não sabemos lidar com certas coisas, uh? Ela vai voltar. - Tranquilizou tocando as mechas encaracoladas da filha, o homem suspirou querendo chorar por ver a garota daquele estado. Era ainda mais difícil para ele.

⼀ Eu amo você, papai. - Sussurrou no último fôlego e se deixou calar sentindo o corpo pesado pelo sono causado por remédios que passaria a tomar.

Há estrelas em seus olhos, expandindo seus números em cada segundo em que seus brilhos me impedem de escapar deste delírio. Ainda os observo ou apenas os imagino noite após noite em que vivo dentro de minhas ilusões? Começos e fins, indo de encontro ao caminho de tornar-se uma mera tentativa falha de ser algo além das linhas desta poesia. Eu não vi tudo, não senti tudo, muito menos descobri tudo.

Mas creio que é tão inalcançável por mim. Em peso de pluma, flutua para longe sua imagem como a lembrança de que alvoradas como estas foram fadadas a serem guiadas às mesmas fatídicas conclusões de incontáveis horas perdidas à escuridão e escassez de clareza para encontrar soluções.
Este amor são infinitas palavras que me escrevem.

~•~
Estava enrolada com alguns trabalhos por isso a demora, enfim, passarei a postar os capítulos mais rápido! Espero que gostem e não me matem :)

Antes que seja tarde Onde histórias criam vida. Descubra agora