Antes que seja tarde

Six

Dessa vez eu demorei muito, por conta da criatividade. Mas irei tentar postar capítulos mais vezes!
Beijinhos e boa leitura.
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- Respire mais uma vez querida, isso com calma... - Doutora Jenna novamente disse colocando a mão sobre minhas costas nuas.

A pouco mais de quatro dias acordei com vários hematomas roxos pelo corpo, e como de costume apenas tomei remédio para dor mas o que eu não esperava era a convulsão. Papai me encontrou desacordada na cozinha e desde então estamos no hospital.

- Eu estou bem, não é? - Sussurrei mantendo meus lábios em linha reta, Jenna encarou meu pai exitando em dizer mas logo concordou. Uma típica reação de quando nada vai bem.

- Vamos preparar as coisas para transfusão de sangue, creio que poderá ir para casa assim que terminarmos - A mais velha disse com os lábios curvados fracamente para cima em um sorriso pequeno enquanto anotava algo em seu caderno.

Sem protestar concordei a vendo sair, agradeci em voz baixa voltando minha atenção a papai. Os olhos fundos de noites mal dormidas e a expressão de cansaço, sabia que seria difícil pra mim mas o que mais machucava era o ver sofrendo.

- Ainda me deve sorvete com cheetos! - Disse jogando um travesseiro nele, o que o assustou por poucos segundos mas seu sorriso estava ali.

- Que adolescente gosta de sorvete de creme com cheetos dentro? -Indagou incrédulo fazendo uma careta e arremessou o travesseiro de volta.

Uma garota a beira da morte, claro.

- Eu posso, ok? -Retruquei jogando longe meus pensamentos e rimos juntos com nossas caretas.

Papai era um homem divertido, podia ser extremamente religioso mas ainda sim, era meu pai. Meu único medo era o deixar sozinho caso acontecesse, ele não aguentaria.

- Está pronta planetinha? -A voz de Peter cortou nossas risadas e um suspiro exausto saiu dos meus lábios.

- Vamos lá pra mais uma partida. -Fingi entusiasmo o vendo rir e negar, Peter era um médico jovem, o cabelo ondulado e castanho que batiam na altura do queixo. Barba recém feita e as linhas de expressão, sua esposa tem sorte.

- Ande, da última vez não doeu tanto -Se estreitou os olhos e mais uma vez eu ri negando enquanto levantava as mãos em rendimento.

- Tudo bem, tudo bem!

Não estava tudo bem.

Eu não sei bem em que momento, mas apaguei. Acordei horas depois na minha cama, o cheiro de pão de queijo tomou minhas narinas e de imediato meu estômago roncou, me sentando na cama virei a cabeça vendo a bandeja de comida ali. Alguns pães de queijo, um pedaço de bolo e chocolate quente.

Obrigada senhor por me dar um pai que cozinha bem!

Agradeci mentalmente soltando um riso baixo, antes de comer fiz um pequeno esforço indo até o banheiro do meu quarto para tomar banho. Estava cheirando a hospital.

Nos minutos seguintes já tomada banho vesti o moletom azul claro juntamente as meias pretas que batiam no joelho, passos meus foram dados até o espelho e fiquei ali por segundos apenas encarando. A pele bronzeada começara ser tomada pela palidez, algumas veias eram vistas na lateral do meu rosto. Os olhos fundos com olheiras enormes e os lábios com a colocação roxa.

- Você está ótima garota.

Ri sem som negando com a cabeça, levantando o moletom encarei algumas cicatrizes das cirurgias feitas antes, um suspiro baixo saiu. Não me importava com a estética, mas aquelas cicatrizes eram significativas e relembrar todas as vezes que as fiz vendo meus pais tendo a esperança de dar certo. Mas não aconteceu. Então sigo com o tratamento.

Voltei a minha cama em passos lentos, me sentei encostando as costas na cabeceira e peguei a bandeja junto ao celular que estava ali, tal aparelho que eu não tocava a dias.

Três chamadas perdidas.

Billie tinha me ligado três vezes durante o tempo que estive fora, respirei fundo desbloqueando a tela do celular para enfim retornar a ligação que para o meu azar não foi atendida. Decidi comer para logo depois ir descansar, algo que eu não fazia direito a algum tempo.

Quebra de tempo

- Não tem problema senhora Stewart, claro que eu ajudo com os livros! - Sorri para a idosa atrás do balcão.

Algumas tardes na semana eu ajudava a senhora Stewart com sua livraria, gostava de livros e gostava ainda mais de fazer companhia a ela que estava sempre sozinha.

Voltando a separar os livros por autores cantarolei uma música baixa, a mesma música que havia tocado no último dia que tinha visto Billie. Neguei mordendo fracamente o lábio cortado, fazendo uma pequena careta pelo gosto metálico.

- Essa porcaria -Ouvi um resmungo atrás de mim e lá estava a mulher de cabelos brancos encarando o computador recém comprado. - Eu queria ver a novela das três e essa porcaria não veio com antena -Fez um bico pequeno cruzando os braços o que fez rir enquanro a via sair para a salinha dos fundos.

Neguei com a cabeça voltando minha atenção aos livros. Vamos lá, temos trabalho a ser feito.

Minha atenção foi desviada quando o sino pequeno da porta tocou, girei os pés em direção a entrada vendo de imediato os cabelos azulados ali. Sorri.

- Olha quem trabalha aqui! - Disse surpresa com as mãos no bolso da calça moletom larga verde.

- Você aqui... -Ri negando com a cabeça sendo acompanhada por ela.

- Perguntei onde encontraria você - Ela deu de ombros brincando com um dos anéis. - Você sumiu.

Tentei sustentar o olhar sobre ela mas foi falha a tentativa, concordei com a cabeça ficando calada e voltando a atenção pros livros. Billie pareceu perceber o jeito que fiquei já que segundos depois ela mudou de assunto.

- Bom, meus amigos vieram para a cidade e alugaram uma casa pra passarem esses dias, vamos fazer uma festa essa noite -Comentou ela se aproximando e por instantes encarou os livros na mesa parecendo entender a ordem que estavam, ela pegou uma pilha em mãos e me ajudou. - Então eu pensei, que tal chamar uma garota aí que eu conheço para se divertir por uma noite. - Prosseguiu ela dando um sorriso orgulhoso.

- Eu não sei se...

- Você pode! Já está tudo pronto. -Me cortou rapidamente enquanto seguimos juntas a fileira para ajeitar os livros.

- Billie! - Disse indignada a fazendo rir e logo neguei. -Nessas festas tem bebidas, pessoas e...

- Uma noite, apenas me dê uma noite. -Suspirou pesamente levando os dedos até a testa.

- Tudo bem, eu vou! - Resmunguei vendo um sorriso novamente nascer nos lábios dela e peguei o último livro de suas mãos.

- Obrigada, te pego as nove!

Piscou ela se afastando, antes mesmo de me dar chances de responder, saiu me deixando sozinha novamente.

Okay, é só uma festa.... que mal poderia acontecer, certo?!