Thirteen

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...

— Então está me dizendo que você e minha filha estão saindo? — Colocou as mãos no bolso da calça moletom.

Billie o encarou receosa mas afirmou suavemente com a cabeça mantendo seu olhar no mais velho. Estavam ali a alguns minutos depois do término do culto, Vênus foi impedida pela mais velha de entrar junto já que a de cabelos azuis queria ter uma conversa reservada, e então preferiu esperar do lado de fora.

— Sim senhor, sua filha e eu estamos juntas. — A voz saia com tranquilidade, estava mesmo aliviada por ter assumido de uma vez seu quase relacionamento com a garota.

No entanto, Thomas torceu o nariz em desconforto e manteve a postura séria, os dedos massageavam as têmporas como se estivesse exausto de algo. E realmente estava, com a morte de sua esposa vieram tantas outras crises que já se perguntava se podia seguir com a direção da igreja.

— Creio que já sabe minha opinião sobre isso. Mas como pai, quero a ver feliz, com alguém que saiba cuidar dela. — Era breve nas palavras, o corpo cansaço já dava as caras, os olhos fundos e as marcas de expressões cansadas. — Devo dizer que Vênus terá algumas complicações no tratamento mas...

Algumas batidas na porta fizeram com que Thomas se levantasse, mas o corpo menor de Billie ainda estava ali, de cenho franzido se perguntando o que seria esse tratamento.Do outro lado da porta Vênus mexia seus dedos freneticamente, estava nervosa não só com a reação do seu pai mas sim com o que ele poderia acabar falando para a outra, mas as duvidas foram jogadas longe quando a porta se abriu e Thomas tinha um sorriso no rosto. De fato não havia revelado nada para a garota, e isso realmente a aliviava.

— O senhor Benjamin está esperando... — os dedos brincavam uns no outro impaciente.

Os olhos mais escuros buscaram as madeixas azuis e aos encontrar, Vênus caminhou para o meio da sala sem sequer esperar uma resposta do pai.— Billie? — Baixa e receosa era sua voz, os lábios trêmulos em sinal de alerta.

— Oi babe. — O corpo jogado se levantou e rapidamente abraçou a menor pela cintura, se atrevendo a selar ambos lábios em selinhos.Sem dizer uma única palavra, os corpos se recuaram e em uma simples troca de olhares ambas sabiam que estava tudo bem, afinal, Billie havia tido permissão do pai da outra.

Dias depois

Billie ficou calada observando a câmera nas mãos e assim acompanhou a morena pela floresta juntando as informações que precisava para entender como aquele objeto funcionava. A mais velha pareceu perceber que a dupla de garotos foram para o lago e preveu que outras duplas também iriam ali já que era de longe um ótimo local para fotos. No entanto, conhecia a floresta já que por muitas vezes fora ali acampar com seu irmão, então tratou de apenas caminhar para longe da trilha junto da menor.

— Sabe de uma coisa que você nunca me disse sobre você? — puxou assunto enquanto colocava a faixa da câmera pendurada em seu ombro. — Por que sua casa cheira a biscoito?

A voz era suave, a de cabelos azuis olhava as árvores e outras vezes encarava o rosto fofinho próximo a si, tudo que se era ouvido eram os passos, galhos quebrados e pássaros que vez ou outra saiam pra brincar.A mente humana poderia ser bem confusa às vezes, ou em especial a mente de Vênus. Em seus poucos anos de vida, estava conformada de que algum dia morreria e estava feliz com a vida que levava. Não havia visitado muitos lugares mas fazia questão de guardar cada momento em uma pequena foto. Mas os melhores momentos eram aqueles que não puderam ser fotografados, desde ainda pequena a idade adulta. O vento, o sol, as sensações, os amores, as paixões, a música, a simplicidade da vida, e a forma com que na simplicidade seguia com a vida.— Mamãe gostava de biscoitos, e eu adorava seus biscoitos. Não deixo um dia passe sem assar alguns. Sorrisos, lembranças, o cheiro doce de biscoitos saídos do forno, o cheirinho de sabonete dos mais idosos. Momentos.

 Caminhavam ali tranquilas, Vênus por vezes se perdendo na própria linha de pensamento, ou apenas concentrada no som que seus coturnos faziam só pisar nas folhas secas e pequenos galhos que as árvores velhas descartavam.

— dizem que não a coisa mais bonita do que um sorriso sincero, talvez estejam certos, mas é porque eles nunca viram seu rosto amarrotado quando acorda. — Billie dizia as palavras com naturalidade, respirava aliviada olhando os pés que caminhavam até uma direção específica. Os olhos azuis foram para as mãos que se esbarravam em alguns momentos mas nunca paravam juntas, um sorriso sorrateiro surgiu no canto dos lábios e a maior ousou a juntar as palmas e por fim entrelaçar os dedos dela nos da menor que sempre estava tão quentinha.

— Não acredito, me lembro de acordar todas as manhãs e evitar me olhar no espelho para evitar um susto. — Brincou Vênus em meio uma risada descontraída, chegando quase a parar quando sentiu as mãos pouco gélidas nas suas, ou apenas era quente demais.

 Apertou os lábios contendo um sorriso que quis rasgar seu rosto naquele momento e continuou a caminhar tranquila. Quase o tempo todo mantendo seus olhos baixos. Costumava ficar assim quando pensava demais. E então os minutos se passaram quando notou o rostinho da namorada se contorcer. Fechou os olhos por breves segundos e sorriu ao sentir a brisa de águas frescas vindo de onde começou a ser puxada. Era em momentos como esses que agradecia por não estar em um hospital, gostava de belos lugares, e agora, poderia encontrar com mais alguém.

— Você vai gostar, eu espero. — Disse virando de frente ao corpo menor, começando a dar passos de costas para a direção. O som da água correndo fazia com que a maior sentisse um leve êxtase.

— feche os olhos, criança. — Avisou parando de repente de andar e se colocou atrás dela, não antes de beijar a testa da mesma em forma de afeto. Sorriu tapando os olhos de Vênus com as duas mãos e respirou fundo sentindo o cheiro doce vindo dela, ambas voltaram a caminhar mas dessa vez com mais cuidado por conta dos galhos e pedras que começavam a surgir no caminho.

— Se me deixar cair, eu juro que vou te estapear. – riu tropeçando algumas vezes mas sempre se segurava na de cabelos azuis por precaução.

Alguns minutos foram necessários para finalmente chegarem, Billie encarou o lugar e novamente sorriu com a vista, ajudou a morena passar entre as árvores sem nunca tirar as mãos de frente dos olhos dela. Somente quando ficaram próximas o suficiente da cachoeira que dava para um único rio, parou e por fim desceu as duas mãos para a silhueta fina mantendo o corpo colado no seu, firmando os dedos na pele coberta.

— Acho que aqui é bom lugar...

Vênus sorriu no instante seguinte e se virou segundos depois ainda nos braços da outra para depositar um beijo demorado no lado esquerdo da bochecha. — Obrigada, amor... — Sussurrou selando os lábios nos dela algumas vezes. Ainda no ato, se desfez dos braços alheios na cintura para devagar se afastar e pegar a câmera. Tiraria sim ótimas fotos para recordar do dia. 

 

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