Três meses haviam se passado, o casamento já estava completamente organizado, faltando somente marcar o dia exato da cerimônia. Porém, dentro desse período, Lunna não pareceu ter feito avanços consideráveis com o psicólogo e tinha frequentes crises de choro e ansiedade.
Tantas, que afetaram até a estabilidade mental de Kellin, que sempre verificava Lunna, principalmente após um dia vê-la com gillettes, deitada na cama, dormindo com olheiras profundas nos olhos inchados. O susto passou quando ele não achou sequer um arranhão no corpo da mulher. Ela havia adormecido, provavelmente após chorar bastante, cogitando cometer suicídio. Se não fosse eu, ou os outros garotos, Kellin provavelmente entraria em uma possível depressão, caso já não estivesse. Era complicado, a atmosfera ficava cada vez mais pesada e insuportável dentro da casa, a culpa era jogada para todos os cantos, como se estivessem brincando de 'batata quente' e não falando sobre uma pessoa com uma doença grave.
A banda tinha sido temporariamente suspendida e com isso, Justin, Gabe e Jack haviam saído da casa, à procura de novos ares e, provavelmente, de se reestruturarem. Sendo assim, ficamos apenas Kellin, Copeland, Mike, Lunna e eu. Sempre que possível, nós íamos juntos ou revezávamos para levar Cope para algum lugar novo e se divertir, evitando que ela notasse o clima sombrio dentro da casa e não precisasse lidar com o estado de solidão que se sentia nela.
Eu estava jogada no sofá, cansada do silêncio inquietante da residência, mas sem a mínima expectativa de fazer algo diferente de mofar sob os estofados, quando recebi uma mensagem de Lunna me chamando. Mal li e já subi as escadas correndo, temendo o pior. Quase tropecei e caí algumas vezes, enquanto pulava degraus. Me acalmei um pouco antes de abrir a porta lentamente, e o único sinal de vida do cômodo era a luz do banheiro acesa. Respirei fundo algumas vezes antes de chamar Lunna.
- Lu? — Tentei uma segunda vez, um nó se formava em minha garganta e minha voz saiu levemente trêmula. Ela apareceu na porta do banheiro segundos depois, e o nó afrouxou com meu alívio em vê-la, sem nenhum machucado ou sangue. Ela me chamou até o banheiro com um gesto simples com a mão. Assim o fiz. De perto, observando o rosto da minha amiga, pude ver por trás das olheiras e da pele pálida e seca, um brilho em seus olhos que eu acreditava que jamais veria de novo. Olhei ao meu redor, haviam várias caixas de testes de gravidez jogados pelo chão do banheiro. Engoli seco. — Lunna... o que é tudo isso? — Questionei. Ela sorria para mim, e aquele gesto que eu não a via fazer há muito tempo não foi tranquilizador.
Ela me entregou dois testes, já feitos e depois mais quatro, e mais alguns. Examinei, um após o outro, todos negativos. Ainda assim, ela sorria abertamente.
- Lunna... — murmurei, temendo o que ela me diria logo em seguida.
- Eu sei! Não é incrível?! — Seu sorriso surtia um efeito anestesiante em mim, eu não sabia como reagir, não tinha forças para reagir — Eu vou ser mãe!
- Lunna, você... — Caramba! Aquele sorriso permanecia ali... irrefutável. Soltei todos os testes, que caíram no chão fazendo um barulho irritante e segurei Lunna pelos ombros, olhei bem no fundo de seus olhos, procurei as palavras certas em minha mente confusa. Procurei um traço sarcástico em seu olhar, ou um mordiscar de lábios travesso, qualquer sinal que me indicasse de que ela estava apenas fazendo uma brincadeira de mal gosto. Porém aquele sorriso ainda estava ali, resistente como um diamante, assustando a minha existência por completo. — Vamos... vamos em um médico primeiro, sim? Para confirmar com um exame de sangue, esses testes não são totalmente confiáveis... — Cuspi as palavras, e me arrependi milésimos de segundos depois. Adiar o inevitável era uma burrice, eu deveria ter dito a verdade. Lunna estava psicologicamente grávida e naquele momento eu fui condicente com a mentira suja que a mente dela lhe dizia. E eu senti medo. — Eu vou ligar para o Kellin e avisar, ok? — Ela assentiu, tão perdida em sua paranoia que nem percebeu que eu daria a Kellin uma notícia que ela deveria dar.
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Sometimes You Gotta Fall Before You Fly...
FanfictionEu deveria me entregar a este amor? É, Kellin vale a pena, vale toda... Mas, será que eu valho? Será que ele acha que eu valho? Eu deveria me entregar a este amor? É, Lunna vale a pena, vale toda... https://socialspirit.com.br/fanfics/historia...