Sometimes You Gotta Fall Before You Fly...

Eu tô tão... mal.

Ela entrou e se sentou em uma das cadeiras. Não trocou olhares com ninguém, tanto que seus olhos permaneceram vidrados na tela do celular desde que chegou na lanchonete. Acho que ela não reparou em minha presença, pelo menos não até ela se levantar para fazer seu pedido. Após me avistar, guardou rapidamente o celular nos bolsos de sua jaqueta, e forçou um sorriso, um dos garotos percebeu a minha raiva e tristeza, e como teríamos que "devolver" Copeland, teríamos de conversar com ela. Porém todos na mesa sabiam que eu não estava nem um pouco afim de fazê-lo.

- Kate! — Exclamou Gabe, e ela olhou para ele da fila onde estava, com um sorriso amarelo. — Vou conversar com ela sobre a Cope, e aproveito e já faço os pedidos. — Ele disse e sorriu para mim. Retribuí o sorriso e ele se levantou.

Deitei minha cabeça sobre a mesa e por um momento apenas quis desabar como uma criança. Mas tentei me manter forte o bastante. Tentei me convencer que tudo iria se... "ajeitar" no dia seguinte, ou até mesmo, naquele dia mesmo. Tentei me convencer que eu não era tão fraco assim. Mas eu quase não consegui, e ali mesmo travei uma batalha contra eu mesmo. Meu mundo estava desabando e eu tentava me apoiar em um dos joelhos... nem eu mesmo sabia como eu estava aguentando isso tudo. Então respirei fundo e senti a mão de um dos garotos dando alguns tapinhas em minhas costas. Fechei os olhos e comecei a pensar em Lunna, e sem querer me vi com um sorriso no rosto. O tempo passou rápido o bastante para um dos garotos me avisar baixinho que o lanche havia chegado. Levantei minha cabeça da mesa e eles colocaram as bandejas na nossa frente.

- Seu preferido. — Disse Gabe e eu forcei um sorriso de agradecimento.

Comemos em silêncio, até mesmo Jack e Gabe que são praticamente os bobos da corte da banda estavam quietos e sem graça. Tentei ignorar aquele silêncio então peguei meu celular no bolso. Desbloqueei e de plano de fundo tinha uma foto de Lunna dormindo com Cope apoiada em seu peito, e Smile estava no que costumava ser meu travesseiro no quarto dela. Lunna sempre odiou essa foto por motivos meio bobos, dizia que era por causa de seu cabelo bagunçado, ou qualquer outra coisa que não fazia sentido algum, mas eu amo cada pixel dela. Meu mundo todo preso em uma foto. Anotei em minha mente que revelaria a mesma um dia e colocaria em meu quarto. Tirei os olhos da imagem por dois segundos e fitei Kate saindo pela porta, assim que ela se fechou, empurrei minha bandeja para longe, deitei minha cabeça na mesa e desatei a chorar. Gabe pegou minha bandeja e a dos outros e mandou empacotar o que sobrou para levar, enquanto Jack conversava comigo e me levava para o carro.

Eu e Jack entramos no banco de trás e ele ficou me acalmando até Gabe e os garotos voltarem com a comida, quando eles chegaram voltamos para casa. Entramos e eu fui direto para o meu quarto, resolvi passar um tempo sozinho, um bom tempo sozinho.

(...)

Lunna POV

Todos já estavam ficando preocupados com Kellin, inclusive eu. Por sorte, a casa tem algumas câmeras agora e assim percebemos que toda noite, Kellin saía do quarto e ia na cozinha, pegava comida, água e voltava. Sempre na mesma hora, por volta das 2h30 e das 3h00 da madrugada. E sempre que ele percebia que tinha alguém no caminho, ele dava meia volta e voltava para o quarto. Depois que percebemos isso, marcamos de permanecer no quarto depois dessa hora, mesmo que precisássemos mesmo. Por que sabíamos que ele ficava com fome o resto do dia se não saísse do quarto para comer, afinal ele não deixava ninguém entrar, nem pegava as coisas que passávamos por baixo da porta ou deixávamos na porta. Fora que uma vez por semana, ele saía do quarto e ia para a sacada, de manhãzinha quando o sol nasce.

Por sorte papai deu umas férias para a banda e isso não estava atrapalhando muito no cronograma da banda. Mas mesmo assim estávamos preocupados mesmo com Kells. Daqui a alguns dias já faz dois meses que Kells se isolou no quarto... E faz também dois meses que eu não deixo de me remoer em culpa dele estar assim. Dois meses que eu passo horas no psicólogo tentando me convencer que a culpa não é minha. Dois meses que tento me forçar a lembrar de Kells. Tudo que me vem à cabeça são flashes, meu psicólogo diz que já é um avanço, mas não vejo nada de bom nisso. Os flashes me vêm à cabeça aleatoriamente, em qualquer momento do dia.